MIAMI, FLÓRIDA.
O vento gelado de início de primavera batia bem no meu rosto. Vincent ia a toda velocidade possível, e bom, eu não ligava muito pra isso. Só não faço ideia de como ele iria pagar a multa quando fosse recebê-la.
O reggaeton estava estourado na caixa de sons. Nada do que eu nunca tenha ouvido. Eu moro em Miami, a terra dos latinos (principalmente cubanos). Minha melhor amiga tem pais de um país diferente, vivo escutando essas músicas.
— Onde você conseguiu esse carro? — perguntei, curiosa.
— Não interessa. — claro que ele responderia isso. Revirei meus olhos e cruzei minhas pernas.
— Eu quero saber, porra.
— Lembra do lance? — ele diz tranquilo, virando o volante para a esquerda, seguindo o GPS. — Acho que a sua resposta está aí.
Revirei os olhos. Minha atenção, depois, foi direcionada até as luzes das ruas, de diversas cores. Quando eu era pequena, costumava fazer isso para me dispersar, enquanto meus pais brigaram pela vigésima vez no dia. As brigas dentro do carro eram as piores.
O GPS de Vinnie estava ligado, e ele seguia o caminho azulado que mostrava na tela. Cinco minutos depois, estacionamos na frente de um grande Buffet de festas.
Fui a primeira a descer do carro. Vinnie entregou a chave da sua nave espacial para o chofer, e caminhou até a minha direção. Ainda com raiva, — sempre estou com raiva dele — entrelacei nossos braços e comecei a caminhar para dentro do salão.
— Você pode ter certeza que se estiver fazer alguma coisa fora da lei, eu irei te entregar. — Comento baixinho. Eu sorria para as pessoas que estavam em nossa vossa.
— Vai se foder. — Ele responde, andando de cabeça baixa. Um risinho de escárnio escapa dos seus lábios. — Você não teria coragem.
— Ah é?
— Isso. — Ele volta a dizer. — Você é uma garota mimadinha que depende dos papai. Viva três meses em uma prisão e volte para falar comigo.
Vincent me empurrou. Isso mesmo, ele me empurrou. Quase caí no chão, se não fosse pela alma caridosa que segurou em meu braço. Retribui com um sorriso, e comecei a caminhar, sozinha, para dentro do salão.
Meus amigos já estavam todos ali. As meninas com seus devidos vestidos e os garotos com seus ternos. Era o baile de debutantes de Coconut Groove, o evento mais importante para as pessoas do bairro.
— Eu vi vocês chegando. — Nailea diz. — Uma maserati? Onde ele conseguiu aquilo?
— Não sei, e não faço questão nenhuma de saber.
— Ih, alguém está com o freio de mão puxado. — Aaron comentou. O respondi com um dedo do meio.
[...]
Era duas da manhã. Isso mesmo, duas da manhã, e eu lembro exatamente o que aconteceu a seguir: Mia puxou do sutiã uma garrafinha, com um líquido vermelho dentro. Rindo, a garota serviu todos os copos. Não preciso nem completar a frase para saberem que sim, eu virei aquele shot de alguma bebida de procedência duvidosa. Não só aquele, mas como muitos outros.
Algumas pessoas usam música, arte, ou qualquer outra coisa para afogar as mágoas. Já eu, desde os quinze anos, uso o álcool. É, eu sei, tenho grande chances de ser uma alcoólatra, mas quem posso culpar além de mim? A bebida sempre foi a única coisa que esteve ali por mim.
Digo pelas minhas amigas também. Não somos amigas de verdade. Elas não sabem nem metade do que se passa aqui dentro, assim como eu mal conheço elas. Andamos juntas porque somos bonitas e populares, apenas para alimentar o estereótipo que carregamos.
Mas mesmo não nos conhecendo muito, elas sempre cuidaram de mim.
— Clar, melhor você ir pra casa. — Comentou Mia, que me segurava pelo meu antebraço direito. — Já são tres horas da manhã e voce está bebada, seu pai vai te matar.
— Eu quero ficar mais um pouco. — Respondo. — Eu ainda estou bem. Não quero voltar para casa.
O baile de Coconut Groove, por ser um baile para menores de idade, proibia a entrada de qualquer bebida alcóolica. Isso explica o frasco no sutiã.
— Vem, temos que aproveitar a festa. — Com um sorriso no rosto, me viro para meu amigos. — Faltam seis meses pra formatura, galera, temos que aproveitar!
Puxei as minhas amigas pela mão, indo em direção a pista de dança. Meu vestido era colado no corpo, e marcava todas as minhas curvas existentes. Todas elas.
Mas acho que a pessoa que eu queria que olhasse para mim não estava nem aí.
Perdi Hacker de vista a muito tempo, mas também não estou ligando para isso. De qualquer jeito, tenho carona para voltar para casa.
Alguma música eletronica começou a tocar no som da festa, e eu senti o chão do salão de danças vibrar sob meus pés. E de repente, mãos grandes tomaram conta da minha cintura, e eu sorri ao ver o dono das mãos tatuadas atrás de mim.
— Estava sentindo saudade? — Aaron comenta. — Faz tempo que nós dois não ficamos tão próximos assim.
Não é escondido de ninguém, que eu e Aaron já ficamos. Acho que todos da escola sabem disso, devido ao nosso grupo de amigos ser o mesmo — e devido a ele ser um dos meus amigos. Já aconteceu várias vezes, sempre ao final de festas, mas nunca chegamos a transar de fato. Só uma pegação muito pesada e histórias para contar no dia seguinte.
Jacob, Aaron e Trevor, meus amigos, foram os únicos caras que eu já beijei na vida. Sim, só eles. E eu sei que as pessoas falam que eu já peguei metade do colégio, mas quer saber? Eu realmente não ligo nem um pouco.
Me virei para frente, e logo em seguida, encostei meus lábios com os de Aaron. Sei que ele bebeu a mesma bebida que eu por conta do beijo dele, que tinha gosto de frutas vermelhas. As mãos dele me agarraram pela cintura, e em resposta, fiquei nas pontas dos pés, afim de conseguir o beijar melhor.
E bem, a partir daí, a noite foi uma confusão só.
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EIGHTEEN | VINNIE HACKER
Fanfiction❝ Então se quiser irritar seus pais, me namore para assustá-los, mostre que você está crescida. Se o cabelo comprido e as tatuagens são o que te atraem, amor, você está com sorte. ❞ Claire Dugray nasceu em berço de ouro, filha de um dos empresários...