24 | Friends.

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MIAMI, FLÓRIDA

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MIAMI, FLÓRIDA.

AARON GRITOU ABAIXO DE MIM. Eu estava sentada em seu colo, na mureta da entrada do Sandia, enquanto minhas amigas distribuíam panfletos sobre o baile anual do colégio.

Tecnicamente, ele ainda era daqui a quatro meses, mas as minhas amigas estão no comitê desse ano, então elas tinham que se preparar desde muito antes.

Eamon e 𝐉ordan andavam de skate na minha frente. As mãos de Aaron me agarravam pela cintura, deixando-me bem grudada em seu colo. Estava tudo voltando ao normal, todos vivendo a sua vida.

Mas eu não conseguia tirar a minha mente dele.

Não o via já tinha um tempo, quase duas semanas. Não dividíamos aulas, então nunca o encontrava. Acho que só o vi duas vezes no colégio.

— Eamon! — Gritou Liza. — Você vai sujar seu uniforme assim!

O namorado dela deu uma risada, e eu sentia Aaron segurar o riso debaixo de mim. Lhe dei um tapa, e ele pede desculpas ao erguer os braços em rendição.

— Você quer ir na minha casa hoje? — Ele perguntou, soltando um sorriso sem mostrar os dentes.

— Não sei se vai dar. — Eu respondo, fazendo carinho em seu rosto. — Meu irmão e Trevor estão na cidade, os governantes da casa estão de olho em mim. Mais um garoto lá não seria o adequado.

Na verdade, eu sei que preciso dar um fim nesse meu lance com Aaron. Só não sabia como, porque voltando com a minha vida antiga, Aaron também vinha junto. Era emocionalmente reconfortante ter ele por perto quase sempre.

— É, gente, hoje é dia de praia e não vamos poder ir. — Nailea comenta, se aproximando do grupo. — Vocês viram a temperatura mínima de hoje?

Oficialmente, o outono começou. Quase, na verdade. Ainda era agosto, mas o tempo onde moramos é muito maluco. É sempre antes de todo mundo ou muito depois.

— Meu bronze já está até saindo. — Comentei entre risadas, e as meninas concordaram comigo.

O sinal para o início da aula tocou, e eu me levantei do colo de Liebreghts. Ajudei as minhas amigas a fecharem a mesa, as ajudando também a levar as coisas para dentro do colégio.

Foi quando eu o vi.

A sensação de vê-lo de novo foi nova para mim. Não sabia o que era aquilo. Até uns dias atrás, Vincent era invisível para mim. E bem, hoje é muito estranho pensar que ele me ajudou em uma bala perdida.

— O que você tá olhando tanto? — Mia pergunta, gritando, do outro lado do corredor. — Vamos, Dugray! Assim vamos nos atrasar pra aula.

Balancei a cabeça, concordando com elas e indo até a direção do meu grupo. Vida antiga, né?

[...]

A casa estava silenciosa de novo, e eu não sabia o que fazer em relação a isso.

Sentada na minha sacada, sentia a brisa do fim de tarde bater no meu rosto. Peguei-me pensando em tudo que tinha acontecido comigo nesses últimos dias. Onde eu estava com a cabeça em me meter em uma roubada dessas?

O pior de tudo, é como eu percebi que a minha vida era patética antes. Nada com muita aventura, sabe? Só ser bonita, beijar na boca e esbanjar dinheiro. Simplesmente nada de especial.

Acho que nunca me senti tão sozinha, na verdade. Nunca tive meus pais comigo, e as minhas amigas vieram para somar. Mas mesmo assim, ainda me sinto sozinha.

E porque mesmo o odiando, eu sinto que ele completa pelo menos um pouco desse vazio?

Um carro entrou pela rua, e logo minha atenção foi para a entrada da minha casa. Não sabia identificar que tipo de carro era aquele, mas tenho certeza que era claro. Ele estacionou, abriu a porta e desceu do carro.

Olhei para baixo sem dizer nada. Vincent estava arrumado, de terno e gravata, segurando meu salto de laços de cristais nos dedos. O mesmo que eu havia perdido alguns dias atrás, na boate.

— Eu encontrei. — Ele disse, olhando para mim. — Vou deixar pendurado em sua porta.

A silhueta de Hacker sumiu da minha vista. Segundos depois, ele estava lá de novo, olhando para cima em um completo silêncio. Pela primeira vez na vida, eu não sabia o que responder.

Para onde você vai todo arrumado? — A pergunta saiu com uma naturalidade extrema. Fiquei assustada.

— Cuida da sua vida, Pompons.

Vinnie entra no carro e da partida. O olho incrédula, sem saber o que havia acabado de acontecer. O que aconteceu com aquele cara carismático e amigo que eu achava que não existia? Ele não existe mesmo?

Era o que todos falavam de Vinnie. Nascido em Melbourne, na Austrália, ninguém sabia muito bem como ele tinha chegado ali. Os pais também eram australianos, mas Vinnie era tão invisível na classe social do colégio, que se ele aparecesse ano passado, ninguém saberia.

Não sabemos quando ele chegou, aonde estudava, o que fazia. Ele simplesmente apareceu no colégio um mês atrás, e desde então, virou meu inferno diário. Assumo que achava que ele fosse só um rostinho bonito, mas ele se mostrou muito pior do que isso.

Vi o estrago que ele fez logo no primeiro mês. As meninas, malucas, literalmente ficavam o seguindo pelos corredores do colégio. Todas as festas ele sempre estava com alguém, no quarto de alguém, e todo final de semana era um chororô no banheiro do corredor do primeiro ano.

Posso ser a megera que sou, mas woman support woman. Era lamentável escutar aquilo tudo de manhã.

E agora que o ano letivo está acabando, fico me perguntando, para onde ele vai? Eu ainda tenho mais um ano pela frente, mas esse é o último de Vinnie. Quer dizer, o último se ele tiver notas u suficiente para passar de ano.

Meu celular toca, me assustando. Era um número desconhecido, e devagar, pego o celular e o atendo.

— Alô? — Pergunto com um receio.

— Seu irmão tá dirigindo, então quem te ligou fui eu. — Trevor falou do outro lado da linha. — Estamos na cidade, Claire. Não faça nenhuma besteira.

Um silêncio interminável se fez do meu lado da linha.

— Seu irmão quer te ver hoje. — Ele voltou a falar, pausadamente. — Vista algo bonito e nos encontre no portão as dezessete.

A ligação acaba. Atordoada, olho para o celular. O que está acontecendo comigo?

EIGHTEEN | VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora