05 | vinnie's boat

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MIAMI, FLÓRIDA

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MIAMI, FLÓRIDA.

Eu já era escura quando conheci ele.

A verdade é que, na nossa vida, sempre existe aquela pessoa que nos levou para escuridão. E essa minha pessoa foi Trevor, filho de uma família amiga da minha. Nos conhecemos aos treze anos, e depois disso, foi tudo por água a baixo.

Trevor Flintch era simplesmente o garoto mais bonito que eu já vira. Ele tinha cabelos morenos escuros, lisos e bagunçados, e meu deus, os olhos dele... eram azuis. Azuis muito claros, tão claros, que ele mal conseguia sair ao sol. Ele era dois anos mais velho que eu.

Quando eu fiz quatorze, Trevor me roubou meu primeiro beijo. E depois desse, muitos outros. Aos meus quinze, Trevor já tinha vinte tatuagens. Vinte tatuagens aos dezessete anos.

Eu amava a escuridão, porque Trevor era a própria. Foi ele que me transformou nessa megera, fria que nem gelo, cortando todo e qualquer sentimento existente. Mas ele também me transformou em uma garotinha, que nunca foi amada de verdade. Que anseia amor.

Nós dois juntos botamos fogo em Miami. Trevor me fez dele dos meus treze aos dezesseis, toda e completamente dele. E eu sei que é hilário falar isso, mas Flintch me dizia que eu tinha o melhor boquete de todos os tempos. E eu sabia que ele já tinha provado de várias bocas.

Meu erro, foi exatamente esse: achar que eu seria única. Trevor Flintch foi o único garoto que eu já amei, infelizmente. E quando eu neguei a ideia dele de entrar no meio das minhas pernas, foi quando tudo foi as ruínas.

Babaca, eu sei. Mas esse era Tray, como eu carinhosamente apelidei. No mesmo ano, ele foi embora para a faculdade, e eu senti dor. Muita dor.

E é exatamente esse o grande motivo para eu estar sentada na escadaria do salão de festas, bebendo direto de uma garrada de vodka que eu achei no bar das festas. Odeio ficar bebada, porque toda vez, lembro dele. A primeira vez que bebi, foi com ele.

Bom, acho que não tem como a noite ficar pior. Meu cabelo está bagunçado, minha maquiagem preta virou um borrão sob meus olhos. E minha garganta ardia, não sei se por causa da bebida ou por causa do choro.

Eu sentia saudade de Trevor Flintch.

— Claire? — Alguém falou atrás de mim. — O que está fazendo aqui?

— Acho que não preciso responder isso. — Digo, e vejo que Vinnie leva seu olhar para a minha garrafa de vodka. — O que você quer?

— Te levar pra casa. — Ele me responde. — Voce está podre.

— Legal, agora me fale algo que eu não saiba.

De repente, Vincent me pega no colo, e me joga por cima do seu ombro. Grito, me esperneio, e bato diversas vezes nas costas dele. Não consigo obter nenhum resultado com isso, e quando vejo, Vinnie já me jogou dentro do banco do carona do carro dele.

— Se você me sequestrar, está fodido.

— Não se eu te matar primeiro, idiota. — Ele responde, dando partida no carro.

— Você é um filho da puta.

E depois, eu apago.

[...]

Acordo enjoada. A luz do sol batia bem no meu rosto, passando pela camada fina que era a cortina daquele lugar, que eu não fazia ideia do que era.

Balançava, e só assim entendi que eu estava dentro de um barco. Usando uma camiseta grande demais para mim, em um barco que eu não fazia ideia de quem era.

— Ah, então a bruxa resolveu acordar.

Me viro em um pulo, e vejo Vincent escorado na porta do pequeno quarto. Ele estava devidamente vestido, segurando uma tigela de cereal na frente do corpo. Minha cabeça latejava, e me reprimi por ter dormido tanto ontem a noite.

— Onde estamos? — Perguntei, me levantando da cama. Aquele quarto já era metade do barco.

— No barco onde eu trabalho aos finais de semana. — Ele responde. Meu Deus, preciso urgentemente ir para casa.

— Que horas são?

— Dez e meia.

No espelho dali, vi como eu estava. Meu estado era deplorável demais. Socorro, eu precisava de um banho.

Me sentei na cama, e encostei minha costa na parede. Eu usava uma camiseta de Vinnie, e por baixo, bem, acho que só a minha calcinha. Céus...

— Não me diz que...

— O que? — Ele pergunta. Vincent estava sentado na ponta da cama. Já eu, parecia uma criança com medo. — Meu Deus... você é virgem.

Vincent ri. Isso mesmo, ele tem uma crise de risos.

— O que foi, babaca?

— Você é uma sem noção. — Ele responde, ainda rindo pra caralho. — Você sabe o que aqueles garotos falam sobre você? Eles falam que te comeram de quarto até você não conseguir mais andar.

— Eu não ligo.

— Meu cu. — Ele responde. — Eles te transformaram em uma vadia, e eu não fico surpreso por você simplesmente aceitar isso. Acho que no final eles tem razão.

Levanto-me da cama com raiva. Era incrível o fato de que Vinnie conseguia ser um grande pau no cu sempre que queria. O que eu estava pensando? Nada vai dar certo com esse cara. Ele não consegue ser levado a sério.

— Olha, que legal, você é uma vadia também! — Digo, ao segurar uma calcinha que estava jogada ao lado de uma mala. — Parece que você come de quarto muitas garotas também.

— Deveria experimentar. — Ele responde. — Dizem que é a melhor posição de todas.

Mando-lhe um dedo do meio, e pego o short que ali estava também. Em uma sacola, coloquei meu vestido, os saltos e minha bolsa. Vinnie tinha coisas de muitas meninas ali. Peguei uma das sandálias jogadas pela proa do barco, e sai dali, andando.

Era Janeiro. E fazia calor pra caralho, e eu estava torrando debaixo do sol. Mas mesmo assim, caminhei por quilômetros até sair do local dos barcos.

Preciso sair daqui.

EIGHTEEN | VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora