17 | dumb ass

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Little Havana, Miami

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Little Havana, Miami.

FUI lançada para dentro do carro instantes depois. Ainda estava chorando, claro, porque porra, era a única coisa que eu sabia fazer. O banco do carona naquele momento parecia o único que me entendia 100%.

Não faço ideia para onde Vincent estava me levando. Não perguntei também, porque se ele dirigisse a palavra para mim, eu poderia matá-lo. Não tinha nenhuma dúvida disso.

— Claire...

Ouvi a sua voz. Não me virei, continuei a encarar a estrada, com meus braços apoiados na janela e minha cabeça descansando neles.

Senti ele tocar em mim logo depois.

— Não me toca. — Disse, me afastando logo depois.

— Não fica assim. Eu precisava tirar você de lá.

— Ele é meu irmão Vincent! — Grito, com toda a minha atenção virada para ele. — É a porra do meu irmão.

— É a porra do seu irmão e os traficantes dele! — Grita de volta. Hacker dirigia com uma mão só, já que a outra estava apontada bem para a minha cara. — Eles iam te matar. Iam te matar porque você estava comigo, e de quebra, me matariam também.

Chocada, eu estava de boca aberta. Não acreditava nisso.

— Você falou pra todo mundo que eu transei com você.

— Ah, agora se preocupa com isso? — Ele pergunta, meio afirmando e meio confuso. — Vai se foder, Claire. Esse não é o momento pra falar dessas coisas.

— Você não vai me fazer calar a boca!

Me ajoelho no banco, transtornada. Eu sabia exatamente como eu estava. A maquiagem borrada, roupa amassada, suada e de cabelos emaranhados. Sabia que estava um caco, por dentro e por fora.

— Eu contei algo que você não tinha o direito de contar pra ninguém.

— E porque você se importa tanto com o que as pessoas estão pensando agora?

— Porque é você! — Grito. — Eu estava vulnerável no momento que descobriu. Caralho, Cole. Você me encurralou na sua cama só pra conseguir a porra de uma informação.

E já chorava de novo. Me ajeitei, novamente, no banco do carona de sua caminhonete. Trouxe os joelhos para o peito, agarrando os mesmos contra mim. Amarelo, preto, amarelo, preto... minha cabeça contava a ordem das luzes da rua, na esperança de não explodir.

— Eu não posso te levar pra casa. Eles estão te procurando por todo lugar agora.

Finjo que acredito, e olho para ele com os olhos molhados de água. Reviro-os bruscamente, voltando a me encolher no banco do carona. Não fazia ideia de onde estávamos.

— É a minha casa. Te trouxe pra casa.

Olhei para os lados. Little Havana, casa pequena, bairro perigoso. Conhecia esse lugar mas nunca tinha estado aqui de carne e osso.

Sai do carro e bati a porta. Vincent estava logo atrás de mim, e só passou à frente para abrir a porta — que estava parcialmente aberta, porque a fechadura não funcionava direito.

Subi as escadas, não me atrevendo a entrar e procurar pelo cômodo livre, o quarto de Vincent. O achei no final do corredor, estilo Philip Gallagher.

Meus sapatos foram para o chão e minha camiseta também. Abri o pequeno armário, tirando de lá uma camiseta e a colocando no corpo. Meu short foi para o chão no instante seguinte.

— O que você está fazendo?

— Indo dormir.

Joguei-me ao lado da parede. Bem no canto, sem nenhum cobertor, porque a casa de Hacker não tinha ar-condicionado. Não o julgo, manter um em uma casa é o valor de dois rins.

Senti quando o peso dele encontrou a cama. Sentia todo o calor que ele emanava de si. Também senti quando as mãos dele encontraram a minha cintura, e senti a respiração no meu pescoço.

— Charme não me ganha, Hacker. — Tirei as mãos dele do local, colocando-as acima de seu joelhos. — Estou pagando pela sua mensalidade.

E rapidamente, se afastou.

— Vou dormir no sofá.

[...]

A luz entrava pela janela acima de mim e queimava a minha cabeça. O ventilador, no canto do quarto, fazia um barulho irritante, ao qual dormir junto parecia impossível.

Levantei-me às pressas, pegando o short jeans jogado ao chão. Me vesti e coloquei minhas sandálias, saindo do quarto. Não me importava em encontrar os pais de Vinnie no meio do caminho.

A casa estava barulhenta, e eu sabia que eles estavam lá. Desci as escadas, dando de cara com a sala. O pai de Vinnie estava sentado no sofá, com uma cerveja e assistindo um jogo de futebol americano. Olhei para os lados e não encontrei o filho dele.

A porta ao meu lado abriu, revelando o irmão mais novo de Vincent. Reggie, se não me engano. Ele me olhou dos pés a cabeça e passou por mim.

— Ele está na oficina. — Vira para mim e fala. — Aqui do lado.

Agradeço com um pequeno aceno e saio pela porta. A oficina, grudada ao lado da casa, era o ganha-pão da família. Isso eu sabia.

— O que você veio fazer aqui? — Ele pergunta para mim. O mais velho estava focado em um motor.

— Quero que você me leve para casa. — Cruzo meus braços, exatamente como uma criança com birra faria.

— Não da. — Vincent simplesmente fala, largando uma chave de fenda no chão. — Seu irmão está por aí com uma 38 na mão me procurando. Você está fodida se ele descobrir que está comigo.

— Eu não estou com você, Vinnie. — Ando até mais perto do carro, me encostando na porta.

— Problema seu. — Diz, e limpa as mãos em um pano branco, quase preto por causa da graxa. — A partir do momento que aparecemos juntos naquela festa, meu amor, sua vida vai ser um inferno.

— Porque não me avisou disso? — Sussurrei. Agora ele estava na minha frente, o corpo quase colado no meu.

— Você não fez nem questão de fazer uma pesquisa antes. Nem todos são santos Claire, e agora você sabe disso na pele. — As mãos dele se direcionam até o meu cabelo, colocando uma mexa atrás da minha orelha. — Perder 200 dólares por semana não é a minha meta, como você pode ver.

Vincent chega perto de mim. Me olhava de cima a baixo, suspirando pesado e se controlando de fazer sei lá o quê que passava em sua cabeça. Não conseguia lê-lo, e isso me deixava com raiva.

— As pessoas passam por dificuldades, e nem todo mundo está disposto a perdê-las. — Os dedos dele chegam na minha nuca, puxando os cabelos de lá. — Eu conheci a sua realidade, agora é a hora de você conhecer a minha.

Os lábios dele encontraram os meus logo depois. Suspirei, sentindo o gosto de cerveja e chiclete de menta. Minha língua entrou na boca dele no mesmo instante que ele arfou com a proximidade. Me achei uma idiota.

EIGHTEEN | VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora