Capítulo 5 - Vida de merda

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Daryl Dixon

E mais uma vez eu tinha gastado a porcaria do meu dinheiro tirando o Merle da prisão. Não sei porque eu ainda fazia isso. Quando eu iria aprender afinal? Burro, era isso que eu era. O pior de tudo é que o infeliz saiu e já foi para estrada em busca de novos problemas, problemas que eu estava cansado de resolver.

Minha vida sempre foi uma grande merda, nunca teve momentos felizes ou qualquer coisa minimamente boa, sempre uma verdadeira merda.
Não que eu fizesse muito esforço para mudar algo, no final acabei me acostumando, eu acho. Talvez eu merecesse essa porra toda.
Ainda morava na mesma casa que meu velho, mas não nos falávamos e ele não me agredia mais, pelo menos não depois que eu aprendi a revidar e ele percebeu que poderia ser pior para ele.

Para ser honesto, eu não ligo mais.

Passo mais tempo fora de casa, trabalhando ou caçando, de vez em quando preciso tirar ele de algum bar quando está tão insuportável que nem um bando de bêbados aguenta.

Trabalhar na oficina era com certeza a melhor parte do meu dia, ocupava meus pensamentos com outra coisa que não fosse na desgraça de ser um Dixon.
Era uma oficina simples. nada de carros luxuosos ou madames metidas à besta. Era simples e agradável de certa forma. Estava trocando a mangueira de um carro quando escuto passos na oficina, dou um passo para o lado e encontro Amélia, a esposa do Senhor Richmond. Dou um aceno com a cabeça e ela dá um sorriso e começa a falar.

-Boa tarde, Daryl! Eu estava de saída, mas meu carro não quer pegar e David não está em casa, será que pode dar uma olhada? - falo um simples "sim" e caminho em direção à rua. Começo a mexer no carro, olhar o motor e não demoro para descobrir o problema.

- É a bateria, já volto. - vou até a oficina, pego o que preciso e volto. Assim que começo a fazer o conserto, Amélia me olha, como se estivesse me analisando. Não gosto disso, me irrito.  Todos nessa porcaria de cidade fazem isso.

- Então... Fiquei sabendo que conheceu a Genevive. - merda de cidade pequena, vão achar que eu estava dando em cima de garotinhas agora. - Ela que me falou. Na realidade, a mãe que deu com a língua nos dentes. Ninguém está fofocando de você, não se preocupe. - eu olho para ela, pensando em como ela poderia conhecer aquela garota e aonde ela estava querendo chegar. - Ela é uma boa garota, meio sozinha. Fico feliz que vocês estejam próximos. - levanto as sobrancelhas e olho para ela meio confuso, desde quando ter qualquer relacionamento mínimo com um Dixon é motivo de felicidade para alguém.

- Nos esbarramos no bar só isso. - não ia dizer que a primeira vez que vi ela foi num estacionamento de uma boate nojenta e ainda fui um estúpido. - Aqui, está pronto! - digo fechando o carro e lhe entregando as chaves, ela sorri e pega as chaves da minha mão.

- Certo, vou pedir para David passar aqui depois do trabalho para acertar, obrigada Daryl! - ela agradece indo em direção à porta do motorista e eu apenas confirmo e volto em direção à oficina, mas paro ao escutar ela me chamar - Ei Daryl! Você não é o seu pai ou o seu irmão, sabe disso, não é? - ela olha e entra no carro dando partida e nego com a cabeça, ela estava errada. Podia não ser Merle ou meu pai, mas ainda era algo.

E não era bom.

Depois de trabalhar um dia todo, estava cansado, queria um cigarro e uma boa cerveja. A noite já estava no seu auge, vejo os rostos conhecidos enquanto faço o caminho de casa. Alguns reconhecem a caminhonete e acenam, outros fazem uma cara de medo e até desgosto, como se fosse a escoria da sociedade, bom, talvez eu seja mesmo.

Estaciono e assim que entro vejo meu velho largado na poltrona com uma garrafa na mão, não sei se está acordado ou dormindo e não faço questão de saber, para ser honesto. Sigo para o banheiro, tiro a roupa e entro no chuveiro. A água quente caindo sobre mim me faz pensar que esse é um dos poucos momentos em que eu posso relaxar, suspiro. Dizer que eu estava cansado seria ironia: eu estava morto. Morto. Quantas vezes eu não pensei nisso? Quantas vezes eu quase fiz, mas na hora, como um verdadeiro covarde de merda, não consegui.
Não sei porque não tenho a coragem necessária, não tenho nada que me torne melhor ou que me motive a continuar. Não sou o tipo de cara que tem amigos, tenho apenas conhecidos ou pessoas que me procuram apenas quando precisam de algo.

In the name of love - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora