Capítulo 11 - Calmaria e desejo?

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Genevive Molina

Olhar para a imensidão azul que era os olhos de Daryl era algo único. Beirando a sublime. Era como se mesmo em meio ao mar violento houvesse  a calmaria. Daryl Dixon era a calmaria. Olhar para aqueles olhos me trazia uma certeza assustadora. A certeza de que...Daryl talvez possa ser a salvação para o meu completo e enorme caos.

A questão era: eu queria ser salva ?

Durante parte da minha infância e adolescência tudo que eu almejava era ser salva. Salva de toda a minha insegurança, salva dos meus traumas e medos. Salva de toda a bagunça que meu pai causou. Mas com o tempo eu percebi que não existe salvação. Não para mim. Bom, era isso que eu pensava até olhar para aquela imensidão azul. E agora pela primeira vez eu penso que talvez eu possa ser salva, ainda à chance. Mesmo para mim. Talvez eu não queira ou até mesmo eu não saiba como, mas Daryl sabe. Está claramente ali. Escondido atrás de toda sua tempestade está a infinita e acolhedora calmaria.

Olho para o lado e vejo que ele ainda está me encarando. Dou um sorriso e tomo mais um gole da garrafa de tequila que está em minhas mãos. Eu sinto que estou entrando em um nível de embriaguez. Meu corpo está mais leve e se eu fechar os olhos acho que tudo vai ficar em câmera lenta. E já sei que isso vai me render uma dor de cabeça amanhã.

- O que tanto você pensa? – sou tirada dos meus pensamentos pela voz extremamente rouca de Daryl. Fecho os olhos um minuto aproveitando a agradável e eletrizante  sensação que isso me causou.

- Apenas pensando na dor de cabeça que vou ter amanhã. – brinco e ele nega com a cabeça e suspira. – O que foi ? Você parece meio incomodado. – digo analisando Daryl por um momento. Ele está longe, exatamente como eu estava a minutos atrás e não saber o que deixava ele assim era frustrante.

- Só pensando. A sua companhia não é tão ruim. Você é razoável. – fala irônico e dá os ombros e eu reviro ao olhos.

- Uau! Dois elogios em uma noite Dixon. Cuidado! Assim eu posso me apaixonar. – falo dando um sorriso e ele dá uma risada sem humor.

- Você é uma piada Molina. Eu e paixão na mesma frase nunca vai acontecer. – diz de forma vaga e acende um cigarro. Eu o observo um momento. Por que ele achava isso? Não que eu fosse a minha mãe e acreditasse que tudo era um filme de romance, mas não fazia sentido. Não para ele.
Seria muito fácil se apaixonar por Daryl Dixon.

- Por que? – olho para ele buscando uma resposta e o mesmo da de ombros. – Por que você acha que nunca vai acontecer? Você nunca se apaixonou? – pergunto curiosa. Daryl era obviamente mais velho que eu, era um homem atraente. Temperamental e mau humorado mas atraente, impossível alguém não ter se apaixonado por ele.

- Isso é coisa pra marica. Paixão, amor isso pode até existir mas, não para mim. – diz de forma prática e olha pra mim enquanto traga mais uma vez o cigarro. Céus! Que visão. – Você devia saber, pelo menos pelo que me falou aquele dia no bar. Ou  já mudou de ideia? – pergunta debochado e eu reviro os olhos.

- Eu disse que não acreditava que o que o meu pai sentia pela minha mãe era amor. – explico e levanto batendo a terra e folhas da calça. – Acredito que exista amor e paixão por aí. – digo e ele resmunga algo que não entendo. – Já disse que não falo a língua dos touros Dixon. Palavras.  Use as malditas palavras. – falo e tomo mais um gole de tequila, acabando com aquela garrafa. Daryl levanta rapidamente e se coloca na minha frente.

- Você é ingênua se pensa assim. – solta uma risada sem humor e volta a falar - Essa merda é uma grande baboseira. – diz e percebo que está irritado.

- Não é porque eu acredito que exista que eu não ache “uma grande baboseira” como você disse. – digo fazendo aspas com a mão e o mesmo me encara. – Assim como você, eu também não acredito que exista amor e paixão pra mim. Mas eu fiz uma promessa para a minha mãe. A promessa de que não me fecharia para o amor. E mesmo parecendo impossível eu vou manter minha palavra. Eu não sou ingênua de achar que algo assim possa acontecer comigo, mas eu sei que existe. Essa é a diferença. Eu acredito. Está lá, só não é pra mim. Como você mesmo disse Dixon, somos quebrados. – digo e dou um sorriso triste.

In the name of love - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora