Capítulo 7 - Entre desculpas e chás

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Genevive Molina

 

Leve.

É assim que me sentia quando Daryl me deixou em casa, fazia tanto tempo que não me sentia assim. Beirando ao normal.
Mas com ele parecia fácil, parecia certo. A verdade é que: eu me senti assim desde a primeira noite em que conversamos, e isso me fazia me sentir um pouco mais viva. Não sei qual foi o momento exato em que eu decidi que confiava nele, talvez tenha sido os incríveis olhos azuis. Era estranho para mim confiar em alguém o suficiente para contar o meu passado, já que nem mesmo Bonnie e Morgan sabiam a verdade sobre o meu pai.  Elas sabiam somente sobre o estado de saúde da minha mãe e de onde eu vim, para elas meu pai estava morto e bem, iria continuar assim.

Tudo que eu não preciso é de olhares de pena. Eu confiava nelas, confiava mesmo.  A questão não era essa, mas eu sabia que o olhar delas iria mudar e eu tinha medo essa é a realidade.

Medo de não passar apenas de alguém digna de pena.

Mas com o Daryl era diferente com ele era natural. Em nenhum momento eu pensei que ele fosse me olhar de outra maneira, eu simplesmente sabia que podia contar á ele toda a verdade, sem esconder nada, eu sabia que com ele poderia ser sincera. Sincera sobre como exatamente eu me sentia. Sincera sobre quem eu era.

Existe algo sobre mim, algo que minha mãe sempre falava que eu precisava mudar e eu sempre ignorava pois achava que não era verdade. Mas é óbvio que eu estava errada. Desde quando tinha 10 anos mais ou menos e brigava com colegas de escola ou alguma garota mimada - normalmente filha de alguém importante na empresa do meu pai - eu nunca pedia desculpas.
E com o passar dos anos isso foi evoluindo por assim dizer, eu não pedia desculpas e também não desculpava. Lembro das incontáveis conversas com a minha mãe, ela falando que eu precisava mudar pois um dia eu iria estar muito errada e precisaria me desculpar. Ela costumava dizer também que não existia lugar para rancor em nossos corações e isso só iria fazer mal a mim e a mais ninguém. E que isso iria me matar aos poucos. Matar a minha essência.

Como sempre ela está certa, é um pouco irritante para falar a verdade. Grande parte disso eu devo agradecer ao meu pai, pela forma como eu o via, como ele agia e por tudo que ele fez no final. Não sei se minha mãe sabe e talvez se ela soubesse ficaria decepcionada comigo. Mas rancor e ódio são os sentimentos predominantes no meu coração e eu não sei como abrir mão deles pois parece impossível. Não acho que exista perdão o suficiente para apagar tudo.

E por eu ser essa pessoa difícil de perdoar e pedir perdão eu estou aqui. Sentada na porta de casa. Como se eu magicamente fosse mudar, mas eu sabia que não iria. Respiro fundo e entro em casa, eu preciso me desculpar é a minha mãe a mulher que me deu a vida e todo amor.

Diferente de todos os outros dias não vou primeiro em direção ao banheiro  e sim ao quarto dela. Respiro fundo no mínimo umas cinco vezes e conto até dez.  Assim que abro a porta do quarto vejo minha mãe e Amélia acordadas rindo baixo de alguma coisa. Já era bem tarde.

- Você finalmente entrou! - minha mãe exclamou assim que me viu.

- Estávamos apostando quanto tempo você demoraria, eu perdi. - é muito bom saber que eu quanto eu estava me agonizando em culpa elas estavam rindo de mim.

- Vocês são impossíveis! - exclamo e jogo minha bolsa no chão e sento na ponta da cama da minha mãe. - Eu sou horrível em desculpar e pedir desculpas, eu sei que to errada mas...CARAMBA isso é tão difícil! - digo rápido e me encosto na parede. Vejo Amélia e minha mãe trocarem um olhar e então Amélia levanta.

- Vou fazer um chá, acho que todas precisamos. E pode deixar que vou fazer o seu bem concentrado porque você tá cheirando a álcool 70! A ressaca vai ser forte. - Amélia  diz saindo do quarto.

In the name of love - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora