τρία

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Oi pessoinhas ><

Perdoem a enrolação desse início de história :( mas deixem uma estrelinha pra me fazer feliz aí, vai?

Boa leitura ~

O ginásio estava escuro e partículas de poeira eram refletidas pela luz prateada que entrava das clarabóias. Quase não se conseguia ver as pequenas arquibancadas onde curiosos assistiam a pequenos torneios organizados pela alcateia, mas os ecos secos dos golpes no saco de pancadas não passariam despercebidos nem aos fantasmas que pudessem flutuar pelo espaço vazio.

Despido da cintura para cima, Kim Taehyung tinha as mãos em punhos e fracamente protegidas por faixas que davam voltas firmes em seus dedos. Os cabelos castanhos se encaracolavam nas pontas pelo suor que escorria e pingava de seu rosto, fazendo caminhos sinuosos pelos músculos de suas costas e ziguezagueando entre as cicatrizes na pele de oliva. O punho se apertava com mais força sempre que as imagens voltavam à sua mente, vívidas como se as tivesse sofrido a poucos instantes, dolorosas como nenhuma outra memória o era.

– Insônia de novo?

Taehyung parou o movimento desgovernado do saco de pancada com as palmas segurando suas laterais, os olhos se apertando enquanto tentava focar na silhueta parada perto da porta aberta, luzes fracas contornando um corpo que ele já conhecia. Ofegante, caminhou até a garrafa d'água deixada no chão enquanto ouvia os passos dele se aproximarem.

– Me diz você – respondeu enfim, passando o dorso da mão pelo queixo enquanto Subin ganhava a luz prateada das claraboias.

Subin era doce e destemido, exatamente como o rosto de olhos grandes e sobrancelhas grossas demonstravam. Apesar do queixo e maxilar marcado, tinha lábios cheios e um nariz redondo que o tornavam belo e adorável ao mesmo tempo. Era quatro centímetros mais baixo que Taehyung, mas as madeixas loiras entre o negrume dos fios sempre seriam sinônimo de fraternidade para o Kim.

Eram melhores amigos desde antes de fazerem parte daquela alcateia.

Subin não perguntou, sabia dos motivos que empurravam Taehyung até o ginásio da vila quase toda noite. O que era apenas pesadelos para os outros, para os dois eram lembranças dolorosas dos dias antes do resgate de Sejun, o líder do bando. Estavam juntos durante a fome e a sede, entre as lutas e as torturas. Taehyung tinha sido sua âncora para que não enlouquecesse atrás das grades imundas das prisões de Atena enquanto Subin tinha sido a razão para que Taehyung suportasse cada noite mal dormida na cela ao lado.

Estavam familiarizados com as dores, o choro e os gritos um do outro. Ninguém conhecia ou acessava as partes de Taehyung que Subin tinha visto e o contrário também era verdadeiro.

Quando Taehyung devolveu a garrafa para o chão, Subin se posicionou atrás do saco de pancadas e esperou pelos golpes, absorvendo-os com o próprio corpo enquanto ouvia os grunhidos baixinhos do amigo. O céu era limpo acima de suas cabeças, sem sinal de chuva e Subin gostaria de poder observar as estrelas com alguém.

– Está pensando nele de novo? – entre a preparação de um golpe e outro, Taehyung o puxou de volta ao presente enquanto armava um chute potente o suficiente para fazer Subin bufar.

Não se permitiu colorir as bochechas de vermelho pelo comentário do amigo. Taehyung o conhecia bem demais para fazer valer a pena negar o óbvio.

– Por que acha que estou aqui? – ele devolveu e eles sorriram pequeno e cúmplices um para o outro. Subin não tinha dificuldades para dormir como Taehyung, apesar de ter desenvolvido pavor de lugares escuros e fechados e detestar brigas.

CHRYSA: Além do Sangue | taeyoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora