Park Eunhyuk era apaixonado pelo antigo. Assim que seus pés tocaram as ruínas gregas pela primeira vez, ele soube o que seria quando crescesse. E quando cresceu e se tornou pai, seu sonho se tornou passar aquela paixão ardente ao filho.
Park Jimin amava o fato de que o pai era arqueólogo. Os olhos brilhavam quando passavam pelos certificados e prêmios, orgulhoso do trabalho dele ser reconhecido, mas ao contrário do que Eunhyuk imaginara, a admiração de Jimin nunca evoluiu para algo além disso. Sua verdadeira paixão, o fogo que queimava em seu coração e o alçava em voos livres era alimentado apenas pela dança. E Eunhyuk tentou não demonstrar estar muito decepcionado quando Jimin se mostrou tão determinado a seguir seus sonhos, mas o filho o conhecia como a palma da mão e o amava como um louco. Por isso, mesmo sendo um dos mais aplicados e reconhecidos alunos do departamento de dança da Universidade de Aima, Jimin sempre deixava espaço em sua agenda para sair em caminhadas arqueológicas com o pai.
Perderam as contas de quantas vezes visitaram a Grécia, a Turquia e o norte da África juntos em explorações que pareciam árduas, mas sempre revelavam segredos e tesouros inimagináveis. Jimin se sentia protagonista de um filme sempre que o pai o instigava a mergulhar as mãos na areia fina ou em terra fofa e quando as puxava de volta, trazia um novo artefato histórico para a coleção.
No início de seu segundo ano na faculdade, Jimin recebeu do pai um convite inusitado.
Não iriam para a Grécia, Turquia ou África dessa vez. A expedição aconteceria mais perto de casa do que Jimin imaginaria: iriam desbravar a floresta de Bruma. Por anos, histórias de terror e lendas mantiveram humanos curiosos afastados da mata fechada e seus habitantes sanguinários, mas Park Eunhyuk tinha certeza que a riqueza arqueológica escondida em solo que um dia já fora grego valeria o risco e não pensou duas vezes antes de convidar Jimin para ser um dos pioneiros a desbravar aquelas terras.
Jimin não teve um bom pressentimento sobre isso.
Talvez fosse um pouco supersticioso, mas não gostou da forma como as árvores pareciam gigantes quando se aproximavam demais, ou da forma como a mata se fechava à suas costas e o impedia de enxergar a trilha pela qual passaram instantes antes. Não gostou do suor gélido provocado pelo medo e pela umidade da ilha, ou dos sons que pareciam vir de todos os lados para cercá-lo: animais silvestres, os assobios do vento, um rosnado... Quando Jimin olhou para frente, tinha perdido a expedição do pai e foi quando tudo se tornou pânico.
Ele correu e os chamou a plenos pulmões, mas toda vez que suas roupas eram rasgadas pelas garras das árvores, Jimin se sentia um passo mais perto do colapso. Era como a Branca de Neve fugindo do caçador, quase podia ver olhos brilhantes e macabros olhando-o com fome através das folhas e o choro dificultou ainda mais enxergar o que acontecia ao seu redor, deixava tudo ainda mais medonho. E Jimin gritou quando sentiu seu braço ser agarrado por dedos que o puxaram na direção contrária da que estava correndo. Um par de olhos amarelos olharam dentro dos seus e pediram que ele mantivesse a calma, seus gritos estavam espantando animais e atraindo ameaças, mas o coração de Jimin batia tão rápido que ele mal conseguia compreender suas palavras. Sobre os olhos amarelos, as sobrancelhas franziram e Jimin tentou manter a atenção na falha de uma delas para tomar de volta algum controle próprio. O desconhecido o mostrou como respirar novamente e Jimin confiou na palavra dele quando escutou a promessa de que seria levado de volta ao seu pai, não tinha outra alternativa e descobriria naquele dia que um lobisomem nunca quebra sua palavra.
Especialmente se o lobisomem fosse Lim Sejun.
O líder da alcateia vagava pelas próprias lembranças, os olhos nas estrelas e os dedos entrelaçados sobre o parapeito da sacada de seu quarto. Lembrou do pavor de Jimin, dos olhos castanhos procurando segurança nos seus, do agradecimento sincero quando o entregou de volta à expedição do pai, pedindo para que deixassem a floresta antes que algo pior acontecesse. Com um suspiro, passou os dedos pela nuca e umedeceu os lábios. Não era de questionar as próprias decisões, mas naquela noite se perguntou se teria sido melhor ter cortado relações com Jimin naquele mesmo dia ao invés de se deixar seduzir pela curiosidade dele, aceitá-lo cada vez mais perto até que o tivesse em sua cama. Não sabia como nomear o que tinham, Jimin parecia apenas atraído pelo novo, mas Sejun acabou o transformando em uma ferramenta quando descobriu que poderia moldar seus sentimentos da forma que melhor lhe convinha. Havia um certo senso de lealdade e dever nele desde que Sejun o havia salvado na floresta e o líder sabia que era crueldade usar essa carta para manipulá-lo, mas quando sentiu sua alcateia ser ameaçada, não pensou duas vezes antes de cobrar o favor.
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CHRYSA: Além do Sangue | taeyoonseok
FanficEm uma sociedade onde a existência de lobisomens e vampiros é conhecida e temida, dois clãs abertamente declarados arqui-inimigos se veem às portas de uma guerra quando desaparecimentos e assassinatos começam a vir à tona. No meio tempo, romances pr...