είκοσι

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Existe uma teoria que diz que o bater de asas de uma borboleta pode gerar uma sequência de eventos que culminam em um furacão. Subin tinha chegado a uma conclusão não muito diferente: um passo em falso poderia começar uma guerra.

As divisas entre o clã do Rei e sua alcateia eram claras, não adentrar território inimigo era uma regra básica para evitar os conflitos que pareciam sempre a ponto de acontecerem, apenas esperando a ignição. Pegar um atalho para chegar na cidade mais rápido sem que sua velocidade de lobo incomodasse Jimin tinha sido uma ideia não de toda impensada, mas completamente irresponsável. Tinha sido ingênuo ao acreditar que, se fossem rápidos e discretos, os vampiros não reparariam em suas presenças. E de fato tinham chegado perto o suficiente para passarem despercebidos e talvez isso tenha feito que ele baixasse suas guardas por um momento, momento crítico para que fossem surpreendidos. Piscando com dificuldade, Subin pensava em tudo isso enquanto tentava se situar do lugar onde estava. Olhos gentis e preocupados o encaravam e ele percebeu estar deitado em um sofá confortável. De pé, um vampiro de cabelos quase brancos de tão loiros tinha os braços cruzados e linhas de tensão marcando o maxilar. Suspirando, Subin tentou se sentar para logo em seguida grunhir de dor.

- Eu não me esforçaria muito se você você - o vampiro de olhos gentis alertou enquanto Subin levava uma das palmas à cabeça. O cabelo estava sujo de terra e um relevo dolorido escondido sob os fios indicavam onde ele havia levado o golpe que consumira sua consciência - Sua regeneração ainda não deu conta de cuidar de tudo.

Ele estava sentado no braço do sofá, perto dos pés de Subin, e tinha um corpo esguio que fazia Subin lembrar das histórias onde condes e reis eram demônios sugadores de sangue, sem nunca deixarem de perder a classe. Havia certa elegância em seus inimigos mortais e Subin se sentiu coagido por estar tão sujo. Interpretando isso do jeito errado, o vampiro loiro pareceu querer confortá-lo.

- Não precisa se preocupar, ninguém vai te machucar. Pelo menos não até Namjoon entender o que aconteceu - Subin o olhou com as sobrancelhas franzidas, tentando entender que tipo de vampiro se importaria com as preocupações de um lobisomem. Ele suspirou e Subin achou o gesto engraçado - Qual seu nome?

Uma piscada lenta foi a primeira resposta. Em sua mente, Subin enumerava tudo o que poderia dar errado agora que os vampiros o tinham capturado e não pensou que dar seu nome real fosse piorar de alguma forma a situação. Com um suspiro cansado, cedeu de volta no sofá e cobriu os olhos com um braço.

- Subin - a resposta foi fraca e ele não viu o arquear de sobrancelhas de Yoongi. Não era possível.

- Jung Subin?

O lobisomem, alerta, abaixou o braço e o olhou com as sobrancelhas franzidas. Sob as ondas grossas dos cabelos escuros, Mark parecia tão confuso quanto o recém-chegado.

- Como sabe meu sobrenome?

Yoongi bufou e passou os dedos pelos cabelos, girando o corpo para encarar Namjoon do outro lado da sala, onde o restante do clã lhe contava o que tinha acontecido.

- Puta merda - praguejou baixinho antes de se voltar para Subin. A teimosia devia ser coisa de lobo porque, mesmo grunhindo de dor, ele havia enfim se sentado - Conheci um amigo seu. Meu nome é Yoongi.

E o vampiro quase se constrangeu quando as sobrancelhas apertadas enfim se ergueram e a boca dele se abriu em reconhecimento ao nome. Desviando o olhar, Yoongi notou que Mark continuava tão perdido quanto no início da conversa e quase teve pena.

- O Yoongi do Taehyung?

O jeito natural que ele o colocava como pertencente a Taehyung o desesperou e Yoongi mal soube dizer se era por ele ter entendido errado, por Mark estar ali ouvindo tudo ou por ter se tornado eufórico quando seu nome foi seguido de um do Taehyung. Era assim que Taehyung o via? Que falava sobre ele?

CHRYSA: Além do Sangue | taeyoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora