Capitulo 35

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7 dias se passaram desde que o caos se instalara em Los Angeles.

Nina já estava em casa, se recuperando de uma luxação no pulso direito e alguns cortes superficiais causados pelos vidros do carro.
Os traumas físicos iam desaparecendo dia após dia, mas os psicológicos permaneciam e uma verdadeira guerra havia começado dentro da residência Somehalder.

Ian estava irredutível quanto ao fato de perdoar Nina por falar no telefone e dirigir. Era um combinado entre eles, desde o primeiro dia de namoro e pra ele não importavam os motivos, aquilo era inadmissível.
A verdade é que os pesadelos dele haviam voltado, agora de uma forma diferente. Ele revivia o acidente da ex esposa e em determinado momento o rosto de Nikki virava o rosto de Nina. Aquele grito, aquela agonia, tudo estava de volta com o dobro da intensidade.

Já Nina estava calada demais. Magoada era a palavra. Havia feito de tudo para salvar Anahi, arriscando a própria vida, quebrando uma promessa e ainda se sentia culpada. Além disso, sentia-se de certa forma traída por não saber da gravidez da amiga.
Entendia os motivos do marido ter escondido, mas não conseguia parar de se sentir de fora.

Nina: Eu não consigo mais ter essa conversa Ian, não consigo mais justificar o que está claro. Eu fiz o que foi preciso, lide com isso. - disse se virando e marchando rumo ao quarto. Era a décima briga da semana, ela estava exausta física e mentalmente, era demais.

Quando estava quase chegando a porta, ouviu um soluço alto. Um se transformou em dois, em três e quando se virou assustada, viu Ian ajoelhado no chão de madeira, parecendo derrotado.

Ian: Você nunca vai entender. - disse tão baixo que não parecia real - eu não suportaria. Nina eu não suportaria te perder também. - e caiu em um choro desesperado.

Nina viu ali aquele homem que tanto amava, tão quebrado que seu coração doeu. Ele não merecia aquilo, ninguém merecia na verdade. Lidar com esses fantasmas era muito pesado para qualquer ser humano.

Nina: Amor levanta...

Ian: Não, você não entende. Eu jamais imaginei que me recuperaria. Eu nunca, nem por um milésimo de segundo me permitir crer que podia amar de novo, nem que poderia amar até mais. Você não entende o terror que é ouvir os gritos, a impotência, o vazio. Nina, você é meu coração transplantado - e pausou parecendo se dar conta de algo, ao mesmo tempo que levantava os olhos vermelhos e cansados - mais forte que o anterior, mas se eu o perco, não terei chance de ter outro porque eu morro, entendeu Nina? Sem meu coração eu morro.

Nina apenas correu, o abraçou naquele chão de forma desajeitada pro braço imobilizado e o ninou pelo que pareceram horas, compreendendo a dimensão dos sentimentos que existiam ali.

Não seria fácil superar tudo isso.

XX

Anahi seguia em coma. Contrariando as probabilidades, mesmo em um estado delicado, sua gestação se mantinha, cuidadosamente monitorada.
O sangramento foi controlado, o feto seguia se desenvolvendo, mas ela não acordava.

Marichelo passou os próximos dias intercalando as noites com Alfonso.
Não trocavam palavras, tampouco olhares.

Ele a cada dia assimilava mais o que havia acontecido e se apegava a esperança de um filho deles.
Trabalhava sua mente para perdoar a omissão, queria que quando ela acordasse não tivessem mais nada entre eles.

Se ela acordasse.

Os médicos eram bem realistas, ela já devia ter acordado, toda sedação havia sido retirada e agora bastava torcer para que seu organismo reagisse.

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