Capítulo 15

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Foi um auê.

Anahi saiu enrolada na toalha completamente afoita tropeçando nos próprios pés, enquanto Alfonso levantava como um foguete com o olhar de ódio fixo na porta.

Anahi: Alfonso isso não é o q...

Ian: Oh! - disse parando na entrada do quarto enquanto analisava a cena à sua frente. Anahi ensopada segurando um Alfonso de cueca que parecia um touro em arena - Bom dia família feliz! Isso vai ser divertido - completou debochado.

Alfonso: Que porra é essa? - rosnou entre dentes, não conseguia formar uma linha de raciocínio. Ela disse na noite anterior que nunca houve ninguém e aqui estava esse homem entrando pelo apartamento dela como se fosse o dono do lugar enquanto ela estava apenas de toalha empurrando-o para trás com as mãos espalmadas em sei peito.

Anahi: Olhe pra mim Alfonso, olhe pra mim. - repetiu buscando os olhos dele - Esse é apenas Ian.

Ian: "Apenas Ian"? - bufou - Você já me amou bem mais passarinho.

A próxima coisa que se viu foi um travesseiro que estava próximo sendo arremessado na direção dele.

Anahi: VOCÊ QUER CALAR A BOCA SATANÁS? - gritou.

Ian: E você deve ser Alfonso, o mexicano militante e louco por futebol. - constatou simples.

Alfonso: Como? Anahi, o que est...

Anahi: Alfonso eu posso te soltar? Você não vai avançar em Ian? - ele assentiu resignado - Ok. Deus que confusão! - suspirou - Alfonso esse é Ian meu melhor amigo. - disse apontando para o outro que para estar se divertindo mais, só faltava a pipoca.

Alfonso: Seu melhor amigo te vê nua com frequência? - cuspiu com um olhar acusatório.

Anahi: O que? Não! É claro que não. Ele é só...

Ian: Irresistivelmente bonito, rico e bom caráter?

Anahi: Irritante, sem noção do perigo e o amigo em quem eu mais confio no mundo. - respondeu sem olhá-lo, focado nas reações de Alfonso.

Esse respirava fundo se situando. Lembrava de em uma das conversas de WhatsApp Anahi mencionar um amigo em Los Angeles, algo sobre investimentos, imóveis? Não tinha certeza. Realmente não era um nome estranho, mas depois da noite passada, esse agora?

Anahi: Ian. - virou lentamente com um sorriso ameaçador no rosto - O que eu lhe falei sobre devolver a cópia da chave?

Alfonso: E porque ele a tem em primeiro lugar?

Ian: Foi o que eu vim fazer aqui hoje, passarinho. - levantou o objeto chacoalhando na frente dos olhos - Nina está esperando no carro.

Alfonso: Espera. Quem é Nina? - questionou cada vez mais confuso.

Anahi: Minha amiga, noiva de Ian. Tá devolve a chave e se desculpe com Alfonso. - ordenou com o nariz arrebitado.

Ian levantou as sobrancelhas com escárnio.

Ian: Alfonso, você é quem me deve desculpas. - acusou.

Alfonso: Mas hein?

Ian: Quem você acha que escutou trocentos lamurios de amor dessa coisinha de meio metro aí? - apontou - Fiquei até do seu lado da história, que eu me lembre, algumas vezes. Então sim, de nada. - dispensou falsamente ofendido.

Aquilo parecia papo de maluco. Anahi pronta para parir pelo susto da situação, Ian deliciado como se não houvesse nada mais interessante no mundo para fazer e Alfonso tentando se acalmar e associando as informações.

Anahi: Ok, agora já chega, vai antes que eu solte Nina encima de você, não seria nada bonito. Conversamos depois. - disse virando para Alfonso em seguida - Alfonso, vá preparar um café forte e sem açúcar. - respirou fundo olhando para o teto antes de continuar - E eu vou me secar na paz de Cristo que me foi roubada. Estamos todos entendidos?

E virou-se entrando no banheiro, batendo a porta estrondosamente, deixando os dois plantados ali.

xx

Anahi: Então viramos unha e carne, Ian literalmente salvou a minha pele mais vezes do que posso contar. - devaneou - Esse apartamento inclusive foi ele quem conseguiu e isso explica as chaves. - encerrou cansada tomando mais um gole de seu café - Não há com o que se preocupar, Ian é inclusive seu fã. - riu se lembrando - Me fez maratonar "El Dandy" com ele só pelo prazer de me ver agonizar com suas cenas de sexo. - revirou os olhos - Nossa eu odeio Ian.

Alfonso: Você mais do que ninguém sabe que são cenas profissionais - disse puxando-a para o seu colo - Você provavelmente terá que se acostumar com isso, mas deve lembrar que no final do dia só quem vai ter a transa real vai ser você.

Anahi: Hmmm, final do dia hein? Estamos assumindo uma regularidade aqui? - deu um beijinho casto na ponta do nariz dele.

Então houve um minuto de silêncio, apenas se olhavam, olho no olho, medindo a intensidade de tudo que estavam sentindo.

Alfonso: Anahi eu não tenho mais tempo e nem paciência para jogos. Eu te quero, você me quer, tivemos o nosso tempo roubando por 10 anos, estamos livres. - ela arqueou a sobrancelha para ele - Bom, quase, mas isso vai ser resolvido rapidamente. Eu simplesmente não estou disposto a cometer os mesmos erros e certamente já te perdoei pelos seus. Não temos mais que passar pela fase de fingir que não sabemos o que estamos fazendo, certo?

Anahi: Mas tem as crianças. - não se preocupava tanto com seus próprios filhos, eles não tinham a referência de um pai presente, mas Dani sim e ela não queria ocupar o lugar de uma mãe que já existia - A mídia também não nos deixari...

Alfonso: Vamos buscar a melhor forma e momento de fazer isso, eu não estou preocupado em assumir isso para a imprensa. Estou mais focado em alinhar entre nós e viver essa oportunidade que o destino nos deu novamente.

Anahi: Estamos mesmo fazendo isso? - disse com os grandes olhos tomados por esperança, parecia quase uma criança ganhando um presente de natal.

Alfonso: Estamos. - e beijo-a carinhosamente, fechando ali aquele assunto.

xx

Já na Cidade do México, Diana aflita andava em círculos dentro de um consultório psiquiátrico.

Diana: Mas se eu der o divórcio ele vai correr para ela. Se já não tiver corrido. - supôs desgostosa.

Xxx: Se você dificultar, vai perder o respeito e o amigo. Diana, você precisa entender à hora de deixar ir. Essa hora chegou. - disse a médica de meia idade, com os óculos grossos apoiados na ponta do nariz redondo, observando calmamente a reação de sua paciente.

Diana: Não! - exclamou fora de si - Ainda não. Eu posso dar a ele outro filho, ou melhor, uma menininha, ele sempre quis uma irmã pra Dani, é isso! - exclamou com os olhos arregalados, parecendo assustadora perdida em seus devaneios.

Xxx: Se você quiser uma chance de manter a admiração dele por você, deve ser razoável nessa situação. Não se esqueça que tem uma criança envolvida que não precisa ficar no meio de uma guerra. Vocês tentaram por mais de um ano, algumas relações simplesmente não são pra ser. Pense nisso sim? - encerrou escrevendo a medicação e entregando a ela. - Tome seus remédios, seja madura e siga sua vida com tranquilidade. - aconselhou uma última vez.

Diana: Eu preciso pensar. - suspirou derrotada, enquanto saia dali sentindo o peso do mundo em suas costas.

E parecia que ventos avisavam que uma tempestade estava a caminho.

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