Alfonso continuou atônito por boa parte da noite, enquanto enchia a taça pela terceira vez com seu vinho favorito, observava quieto Anahí, Christian e Maite em sua varanda trocando confidências, rindo, fazendo fotos. Ela estava estonteante, em nenhum momento parecia infeliz. Seria burro em não amá-la e essa constatação estava cegando-o.
Enquanto isso ele permaneceu sentado em uma roda de conversa com Diana, Christopher, Paco e Dulce onde não fazia ideia do que era debatido. Apenas estava lá, corpo presente, mente em outro lugar.
Anahí pediu um segundo para ir ao banheiro, já conhecia muito bem o caminho e isso não passou despercebido por Diana, que observava a fluidez e elegância de Anahí ao caminhar por sua casa como se fosse dela. Por um milésimo de segundo, pensou ter visto algo como uma faísca de atrevimento no olhar da outra e se contraiu amarga com a afronta silenciosa.
Dulce: Ele vai perceber - sussurrou.
Diana: Desculpe? - perguntou confusa, saindo de seus pensamentos.
Dulce: Poncho, ele vai perceber se você continuar com essa cara.
Diana: Dulce eu nã... - e foi puxada para um canto pela outra.
Dulce: Escute Diana, você parece ser uma boa pessoa e eu já estive no seu lugar, eu realmente gostaria de te dar esse conselho - fez uma pausa enquanto observavam Alfonso discretamente se levantar indo pelo corredor em que Anahí havia entrado - Não há como lutar com isso, eles são como imãs. Simplesmente não há como competir, porque de fato, é uma guerra perdida. Pelo visto nada mudou e sua sorte é que Alfonso é racional até demais. Se apegue a esse ponto e tente ignorar essas reações dele, logo ela volta pra Los Angeles e não vai ter muito mais o que evoluir. - respirou fundo antes de finalizar - Não a culpe, ela nem ao menos percebe o efeito que causa nele. Não queira disputar atenção, não hoje, seria patético porque Anahí não faz esforço, esse é o eterno jogo entre eles. Se quiser culpar alguém, culpe o karma.
E se afastou tranquila voltando para a conversa com o marido, Christopher e Alfonso, enquanto deixava uma Diana com muito em seu prato para digerir.
Enquanto isso no corredor...
Anahí: Você nem pense, está ficando louco? Eu morreria antes de te deixar subir aqui. - pausou enquanto ouvia do outro lado do telefone uma resposta que pareceu não agradar muito - eu não me importo, Velasco preste atenção, eu NÃO vou embora, você não vai subir e forçar sua presença intragável aqui e eu... FODA-SE SUA IMAGEM. - disse um pouco alto demais, lembrando-se de onde estava, respirou fundo e cortou fria como o gelo - Eu lido com as consequências mais tarde, não seria a primeira vez, seria?
E desligou apoiando-se na parede, enquanto tentava se recompor. Não deixaria aquele infeliz tirar a alegria que estava sentindo de estar vivendo esse dia, com as pessoas que tanto queria. Ela só precisava de mais um minuto, e talvez molhar um pouco a nuca para se acalmar.
Foi quando virou para entrar no lavabo que percebeu Alfonso ali encostado com uma expressão indecifrável no rosto, fixando um ponto no chão.
Olhou lentamente para as mãos fortes dele que estavam agora fechadas em punho, com as veias saltando.
Nada bom.
Anahí: Agora você escuta conversas?
Alfonso: Que consequências Anahí? - cortou direto ao ponto - Me diga antes que eu suponha, de que consequências você estava falando?
Anahí se viu encurralada, cansada e percebeu que não tinha porque esconder mais dele. Aquele jogo de insinuações era exaustivo por si só. Então não pensou muito, apenas soltou quase monótona as palavras.
Anahí: Velasco quis vir até aqui, porque seria bom para a imagem dele que estivesse bem com todos como o marido perfeito - suspirou vendo a cara de escárnio de Alfonso - Obviamente não permiti, mas eu nem deveria estar aqui a propósito. Então há consequências. E eu já estou acostumada a lidar com elas. Resumo da ópera. Satisfeito? - rolou os olhos enquanto vomitava o que parecia a coisa mais normal do mundo, bem, de seu mundo.
Alfonso não era idiota, conhecia os termos do casamento de Anahí. Só não esperava que ela parecesse tão... Contrariada. Ora, ninguém colocou uma arma na cabeça dela, ela estava naquela situação por uma escolha, não deveria estar tão relutante agora afinal.
Alfonso: Na verdade não. Linda sua história de amor, mas não disse que consequências. - respondeu se aproximando, com um olhar predador que enviava calafrios para a espinha de Anahí. Ela sabia que se não respondesse ele conseguiria a resposta por outros meios. Por Deus, sua esposa estava logo ali na sala. Arregalou os olhos vendo-o invadir seu espaço pessoal e em um segundo ele a fez entrar no lavabo e a segurou pelo pulso.
Então Anahí gemeu. Não os gemidos que ele adorava ouvir, um gemido que parecia muito com dor.
Levou meio segundo para entender, ele machucara seu pulso. Mas não havia segurado com força, mal tinha pressionado o local, que diabos?
Rapidamente levantou a manga longa do suéter de Anahí revelando marcas escuras, roxas no centro, esverdeadas nas bordas, em volta do pulso dela.
Viu vermelho. Assimilou tudo em um milésimo de segundo e fechou os olhos com força paralisado enquanto bufava como um touro, deixando a raiva emergir em ondas.
Anahí: Essas consequências. Alfonso dos meus problemas eu cuido, não sou nenhuma donzela indefesa. Só vamos curtir a noite e esquecer o que aconteceu certo? - e saiu do pequeno cômodo, deixando Alfonso para trás.
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2021
Romance"Por qué no simplemente no esperar a ser ocasión de un vertedero de palabras ¿no es mejor abortar que ser estéril? después de tu partida las horas son tan tristes siempre empiezan a rastras demasiado pronto los garfios desgarrando con ceguedad el le...