Anahi nem pestanejou, correu pra buscar o talão de cheques e partiu porta a fora em direção aos elevadores. Se o novo morador tinha acabado de chegar, seria excelente falar com ele o quanto antes. Menos tempo para que ele se apegasse a vista da cobertura, tornaria as coisas mais práticas e ambos sairiam ganhando.
Determinada, ela entrou no elevador e em uma viagem rápida, logo se viu de frente para a porta do que seria o futuro lar dos seus filhos.
Anahi: 2808? Tá de sacanagem universo? - Murmurou olhando pro alto como se fosse obter uma resposta do além, do porque o número do apartamento era justamente a data do aniversário de Poncho.
Não importava. Preparou-se e apertou a campainha, ajeitando os cabelos em seguida. No quinto toque já estava perdendo a paciência. Pra variar Ian deve ter pregado uma de suas peças ridículas nela e obviamente não havia ninguém em casa. Odiava perder tempo! Apertava o botão do elevador freneticamente enquanto buscava o contato de Ian para gritar que estava demitido, mesmo sabendo que não era uma possibilidade.
Ainda bufava olhando para o celular enquanto o elevador apitou abrindo lentamente as portas.
Alfonso: Só pode ser brincadeira.
Anahi levantou a cabeça tão abruptamente que sentiu o pescoço estalar. Mas o que...
Anahi: O que você está fazendo aqui?
Alfonso: Ah sim Anahi, primeiro você me manda aquela mensagem ridícula e agora se faz de sonsa, sonsa não, atriz na porta da minha casa?
Anahi: Sua o que?
Alfonso: Você realmente espera que eu acredite que esse encontro é por acaso? - disse se aproximando da porta com suas malas e chaves sem dirigir a ela mais um olhar. Ainda estava tonto com os últimos acontecimentos e sem humor para as brincadeiras de gato e sapato de Anahi.
Anahi: Ah Ponchito, você realmente acredita que meu mundo gira ao seu redor, verdade? - o tom dela o fez voltar o olhar a tempo de ver que a expressão de surpresa havia sido substituída por uma máscara de indiferença - Deixe-me te contar, vim até aqui para falar com o novo inquilino e me deparei com você, fim de história, pode abaixar sua bola galã. - deu dois tapinhas suaves no ombro dele como quem fala com uma criança.
E foi o suficiente. De repente a mensagem atrevida dela, o descontrole de Diana, a saudade do filho e a confusão de sentimentos fizeram com que ele perdesse a cabeça, virando-a de uma vez e pressionando-a com força na porta, costas para ele, enquanto falava com os lábios roçando no pescoço dela.
Alfonso: Então o que você esperava conseguir com "advinha quem está de volta ao jogo?"
Anahi: Que eu me lembre você sempre apreciou um bom jogo - respondeu atrevida, empinando a bunda na direção da virilha dele e sentiu, em cada terminação nervosa, o efeito de sua dureza contra sua pele.
Alfonso: Eu não sou mais o seu brinquedo. Está 10 anos atrasada cariño. - rosnou enquanto mordiscava o ombro dela, descendo uma de suas mãos pelas costas nuas que o decote do vestido proporcionava. Ele sempre amou as costas de Anahi, brincaram inclusive sobre essa fraqueza e estava ficando realmente muito difícil raciocinar ali, naquela posição.
Largou-a tão rapidamente quando a prendeu, respirando fundo e passando a mão pelo rosto, tentando clarear os pensamentos.
Alfonso: Ok! Entra - disse empurrando a porta com os pés - temos uma conversa pendente.
Anahi entrou observando todo o ambiente e era realmente muito parecido com o seu próprio apartamento um andar abaixo. Os tons mais fechados de azul marinho e preto davam um ar mais masculino que combinava com Alfonso e ela odiava admitir que aquele lugar fosse realmente a cara dele.
Precisou sentar-se na primeira poltrona que viu para se recuperar do susto nos últimos minutos. Recapitulava na sua cabeça que seu vizinho agora era Poncho. O destino é realmente um grande filho da puta afinal, concluiu rindo consigo mesma, pensando que seria divertido vê-lo assimilar essa informação logo, logo.
Parece que seriam dias curiosos os que viriam pela frente.
Ninguém sabe quanto tempo passaram com as cabeças abaixadas, perdidos em seus próprios pensamentos, quando finalmente Alfonso interrompeu o silêncio.
Alfonso: Eu me senti reciclado.
Anahi: Como? - questionou totalmente confusa com aquela afirmação, levantando o olhar com o cenho franzido para ele.
Alfonso: Quando recebi sua mensagem, eu sabia que esse dia estava próximo e eu senti como se você mal pudesse esperar para reciclar o lixo que descartou no passado. Estávamos bem, nossa relação como amigos fluindo, mas algo me dizia que quando você se divorciasse, esperaria que eu estivesse aqui te esperando como um otário, por todo esse tempo. - vomitou as palavras com os olhos duros e ressentimento escorrendo pelos poros. Estava acontecendo, finalmente estavam tendo essa conversa.
Sempre foi complicado. Anahi e Alfonso eram uma bola de neve de coisas não ditas, mágoas e cicatrizes. Parecia que quando finalmente se ajustavam, a vida os desencontrava em seguida. Em 2011 foi à última vez em que fizeram uma tentativa de acontecer. Acontece que Anahi queria levar as coisas mais a sério e Alfonso sempre teve problemas em admitir os sentimentos e com a fidelidade.
Amava-a profundamente desde a primeira vez que a viu e ambos sabiam disso. Mas lidar com sentimentos abafados é realmente problemático.
Anahi: Detesto acabar com a sua teoria de vítima, mas não fui eu quem te jogou fora. - confirmou igualmente dura, ainda doía lembrar-se dos acontecimentos do passado, fechou os olhos antes de prosseguir, impedindo que as lágrimas começassem a se formar - Você me traiu e sabe bem disso, aliás, como vai a Diana? Que mulher angelical você tem. - rebateu irônica.
Alfonso: E rapidamente você aceitou sua proposta guardada na gaveta não é? - atacou se inclinando para frente, o rosto a centímetros do dela, ignorando propositalmente a pergunta debochada sobre Diana, isso era conversa pra outro momento.
Anahi observou calada os olhos de Alfonso, a pupila dilatada de raiva. Quanto rancor podia sentir em suas palavras. De verdade não o culpava, não por tudo. Doía ser traída pelo homem que ama é claro, mas talvez tenha sido melhor assim, ela sabia que o relacionamento não duraria muito, não tinha escolha e talvez se fosse de outra forma, nem estariam aqui hoje para essa conversa.
Ponderou rapidamente se valia a pena contar toda a verdade a ele. Não conseguiu achar objeções em sua mente, não tinha mais nada a perder, talvez fosse sua última chance.
Um longo minuto sucedeu enquanto se preparava para abrir a caixa de Pandora que guardava protetoramente dentro de si.
Era tudo ou nada e ela não jogava para perder.
Anahi: Muito bem Alfonso! Você acha que eu realmente escolhi isso 100%? Então me permita te contar a parte da história que você não conhece.
Aquela seria uma longa noite.
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2021
Romance"Por qué no simplemente no esperar a ser ocasión de un vertedero de palabras ¿no es mejor abortar que ser estéril? después de tu partida las horas son tan tristes siempre empiezan a rastras demasiado pronto los garfios desgarrando con ceguedad el le...