Capítulo 7

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De volta ao presente, precisamente em Los Angeles, uma Anahí afoita estava coberta de tinta verde enquanto brigava com uma parede

Anahí: Mas era só o que me faltava mesmo, olha o tamanho dessa falha que infer...

Ian: Depois de cozinheira, seu outro hobby desastroso é estragar imóveis de luxo? - riu observando o caos que estava naquele cômodo.

Havia tinta verde no piso, nos braços de Anahí e cabelos. A parede estava completamente manchada e irregular, parecia que uma criança havia pintado.

Anahí: Ian me lembre de trocar a fechadura da porta, porque NÃO É POSSÍVEL QUE VOCÊ ENTRE AQUI TODA VEZ QUE TE DÊ VONTADE. - gritou jogando tinta na direção dele que desviou sem esforço, rindo do desespero dela. - E se eu estivesse nua?

Ian: Bem, não seria nenhuma novidade pra mim - deu de ombros levando um chute na canela em seguida. - Ai! Mas que diabo de mulher.

Anahí: Você só tirou minha roupa uma vez porque eu estava bêbada e precisava de um banho, não vem bancando o comedor pra cima de mim não Ian que eu não estou com paciência. - piscou olhando para a parede derrotada - E eu não estava estragando o imóvel, estava apenas redecorando o quarto dos meninos, mas essa tinta VAGABUNDA que fazem na América não presta.

Ian: Certamente a tinta é a culpada. - disse irônico - Olhe, vou direto ao ponto. Nina está perturbando o meu juízo para te conhecer pessoalmente, ela acha que depois da sogra, a aprovação da melhor amiga é fundamental e bla bla bla, não dorme a 3 noites, bla bla bla. - revirou os olhos lembrando-se do drama que Nina estava fazendo só porque conheceria Anahí.

Anahí: Espera! O que? - piscou confusa - Nina está com medo de mim? Eu posso saber que tipo de calúnia você inventou a meu respeito? - suspirou ultrajada levando a mão cheia de tinta ao peito.

Ian: Talvez eu tenha dito que ela é a primeira namorada que você aprova desde... - interrompeu o pensamento, bloqueando a dor antes que ela viesse.

Anahí: Não há necessidade disso tudo, aprovei Nina desde que ela demonstrou não ser uma vadia querendo usar seu corpo e seu dinheiro.

Ian: Não que eu tenha problemas com ela usando o meu corpo. - riu ao vê-la apontando o pincel pra ele - Apenas dizendo.

Anahí: Ian, eu já conversei mil vezes com Nina a distância, ela ainda tem dúvidas de que eu apoio esse relacionamento? - suspirou – Ok! Faremos um bendito almoço e você vai trazê-la aqui, eu vou tranquilizá-la pela milésima vez, trançar seus cabelos e pintar suas unhas, depois iremos chorar comendo um pote de sorvete enquanto assistimos "Diário de uma paixão". Satisfeito?

Ian: Ironias à parte? Sim Any, obrigada por fazer isso. Ela é realmente...

Anahí: Importante pra você, eu sei. Nós dois chutando a bunda da cadela do destino lembra? Vamos fazer isso. - sorriu com carinho, olhando para o amigo que parecia tão frágil nesse momento.

Ela sabia que para Ian era difícil seguir em frente. Nina era a primeira pessoa que ele permitia ultrapassar as barreiras do seu coração. Óbvio que teve aquela fase de achar que estava traindo Nikki. Foi realmente difícil ver o conflito interno que ele vivia. Mas Nina era tão... Nina. Daquelas pessoas que acordam sempre felizes, que fazem você rir com qualquer besteira, pra completar, depois de Anahí ela era provavelmente a pessoa que mais conhecia Ian e sua rotina. Isso porque ela era secretária pessoal de Ian na Pegasus. Foi natural que um olhar se demorasse um pouco mais, que os almoços de negócios se transformassem em conversas sobre a vida. Mas levou dois anos até que ele tivesse coragem de fazer um movimento em relação a isso. Nina era extremamente ética e quando ele a beijou pela primeira vez após um almoço, horas depois ele encontrou em sua mesa uma carta de demissão. Nina alegava que não o queria para subir na empresa e muito menos queria privilégios. Foi à forma dela de demonstrar que preferia ele ao emprego. Isso o deixou completamente transtornado. Não sabia mais viver sem Nina organizando sua vida, fazendo parte de sua rotina e aquecendo novamente um coração que ficou gelado por tanto tempo. Ian não sossegou até que ela aceitasse o cargo de volta, coisa que não foi fácil, e até colocar um anel em seu dedo. Precipitado como parece, ele não sentia mais a necessidade de passar por toda aquela fase dos jogos. Queria Nina e isso era tudo.

E isso nos trás até aqui, Nina querendo garantir que Anahí não a considerava uma golpista, olho no olho. Só assim teria paz de seguir em frente com esse noivado.

Ian: E ele te respondeu? - questionou parando na porta vendo a expressão dela murchar.

Anahí: Não! Dois dias inteiros, 48 horas, 8 tweets sobre política, 1 sobre futebol e zero respostas pra mim - contou indignada.

Desde que enviara a mensagem para Alfonso, só obtivera silêncio como resposta. Estava fula da vida. Há essa altura já devia estar por todo lugar no México que Anahí finalmente se divorciara de Velasco e ele não falava nada.

Ian: Sabe que ele ainda continua casado não é?

Anahí: Ah, mas não parece pelo teor das mensagens que me mandava - ironizou - Além do mais ele contou que já estavam morando separados, parece que Diana está dificultando a papelada do divórcio.

Ian: Mas ele nunca prometeu se separar por você Anahí. - lembrou.

Anahí: E nem eu quero isso, eu só quero - olhou de um lado para o outro buscando as palavras - Eu nem sei o que eu quero. Acho que queria provocar uma reação nele sabe? - suspirou cansada, sentindo toda a frustração atingir seu corpo.

Ian: Cuidado passarinho, seu coração já sofreu demais. - se aproximou e deu um beijo no topo de sua cabeça, saindo dali em seguida e deixando-a sozinha com as tintas e seus pensamentos.

E talvez realmente o tempo de Anahí e Alfonso tenha acabado.

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