Penhasco

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GATILHO DE SUICIDIO

Azula fugiu deixando seu irmão e o grupo dentro da casa queimada e destruída arrumando as coisas.
- Eu vou atrás dela.
Ty lee deixou a casa e seguiu o caminho de Azula.
- Por que ela é assim?- Zuko sentou -se colocando a mão na cabeça tenso pela situação.
- Ela é louca - Sokka disse
- Ela não é louca - Su pontuou enquanto ajudava seu marido a se levantar - Ela só precisava da mãe.
Su olhou para Zuko com tristeza e depois de ajudar seu marido, foi até ele.
- É verdade que sou a mãe de vocês?
Zuko olhou nos olhos dourados dela.
- Sim... não tem problema, não se sinta culpada, eu sei que sua vida...
- Me desculpa mesmo assim, eu jamais devia deixar você ou sua irmã. Eu sou a mãe de vocês, vocês precisavam de mim e eu não estava lá, talvez ela não tivesse ficado desse jeito...
- Claro que não! - Katara começou a se intrometer no assunto - pelo que Iroh e Zuko falam ela já era assim mesmo quando você estava lá, não acho que você deva se culpar! Você parece ser uma mãe incrível pelo que o Zuko contava.
- Mas eu sou a mãe dela, não sei o que aconteceu e o que ocorreu mas eu não devia ter desistido dela, independente de como ela seja.
Um barulho gigantesco marcou presença no ambiente e em seguida o grupo se viu diante do Espírito dos rostos e do avatar.
- A irmã do Zuko não tá aqui espírito, não vamos deixar você levar o rosto dela, cai fora. - Toph disse com seu desprezo usual
- Não toph, eu conversei com o espírito, ninguém vai levar o rosto de ninguém. - Aang disse
- Desculpa pés leves, achei que você não ia conseguir convencer o espírito.
Su chegou perto do Espírito.
- foi com você que eu troquei meu rosto?
O espírito acenou a cabeça. Su chegou mais próximo do Espírito.
- Su, não - Zhou disse indo em direção a mulher mesmo cheio de dor - Pense na Nikki.
- Eu também estou pensando nela, eu não posso mais fugir, Zhou. - Su virou -se para o espírito - Eu gostaria do meu rosto e memória de volta, se for possível...
- O avatar disse que isso poderia acontecer, tudo bem.
Naquele momento, o corpo de Su começou a emitir brilhos espirituais enquanto o seu rosto antigo voltava. As memórias de Ursa vinham aos poucos, toda a vida dela passava diante de seus olhos dourados brilhantes.
Quando a troca de rostos acabou, Ursa caiu no chão quase inconsciente murmurrando apenas um nome:
- A-Azula...

-

Azula saiu correndo sem saber para aonde ia. Ela passou pela cidade até chegar em cima de um grande penhasco no campo próximo a cidade. Ela sentou ali e olhou para o horizonte com lágrimas nos olhos. Azula se odiava, ela se odiava e conseguia admitir isso para si agora, ela odiava a pessoa que ela era, uma pessoa má, ruim, sem nada de bom para oferecer a ninguém. Matar a própria mãe? Quem faz isso senão um monstro? Ursa estava certa em não amá-la, ela não merecia amor. Machucar o irmão, o marido da mãe, matar uma pessoa, o que ela estava pensando? Ty Lee estava certa, Azula fez isso por influência do pai buscando o amor do pai mas o que ela recebeu não foi amor, Azula nunca aprendeu a amar, Azula aprendeu a manipular e colocar medo. Agora ela seria esse monstro para vida toda. Por que ela não tentou ser igual o Zuko? Que ironia não? Ela não merecia viver.
Azula se levantou e ficou na beira do penhasco, ela ia fazer o que o irmão precisava ter feito depois daquele agni kai. Ela ia se matar.
Ela ouvia alguém chamando seu nome de longe mas ela não se importava se essa voz era real ou não, ela pulou.
- Azula!
Azula havia começado a sentir novamente o seu corpo cortar o vento, mas dessa vez ela não ia fazer nada para que impedisse seu corpo de atingir o chão. Seu coração estava a mil, todas as incertezas que ela sempre tentou não mostrar vinham em sua mente, ela não queria mais isso, até que de repente ela sentiu uma mão a segurando.
Azula abriu seus olhos e encontrou Ty Lee pendurada a segurando por uma mão enquanto a outra estava apoiada no topo do penhasco.
- Ty Lee... O que você está fazendo?
- Salvando sua vida sua idiota - Ela falou com uma voz calma mas que demonstrava medo pela situação - não é assim que você vai resolver as coisas, Azula. Eu não vou deixar.
Ty Lee usou a sua força e habilidade de acrobata para lançar a dobradora de volta ao topo do penhasco.
Azula caiu em pé e olhou Ty Lee subir ao topo novamente. A princesa tinha seus olhos cheios de lágrima, ela não sabia o que sentia naquele momento mas seu instinto foi ir na direção de Ty Lee e abraçá-la com força. Ty Lee havia acabado de tirar Azula de uma decisão equivocada que ela sabia que havia feito.
- Não esperava por essa. - Ty lee disse abraçando Azula também - você precisa parar de se jogar de alturas menina, você vai acabar me dando um infarto!
- Eu não achava que você ainda se importava comigo, não depois de tudo que eu fiz...
Era tão bom para a Azula saber que alguém se importava com ela. Alguém realmente se importava com ela mesmo ela sendo um monstro. Ela poderia viver com essa sensação para sempre.
- Claro que me importo e não sou a única Azula. Eu sei que está tudo complicado mas estamos aqui para te ajudar, mesmo que você se recuse, nós estaremos aqui para te ajudar. Você só precisa permitir se ajudar também.
Azula abraçou Ty Lee de novo, como era bom poder se permitir sentir algo, algo bom ainda por cima.
- Agora vamos, precisamos voltar para...
- Não. - Azula disse - Nós podemos ir para outro lugar, só eu e você! Não quero voltar. Sei que errei, mas agora eu não posso voltar, eles vão pensar que eu sou fraca.
Ty Lee bateu a mão na testa.
- Não, Azula! Você precisa ir lá e resolver as coisas, você sabe que precisa! Olha quantos meses você ficou tendo imagens de sua mãe na mente. Você não é fraca por querer enfrentar suas inseguranças, é assim que você vai seguir em frente!
A menina concordou sabendo que a guerreira estava certa e então as duas voltaram pelo caminho que vieram.

-

Quando chegaram, todos estavam do lado de fora da casa e para sua surpresa, sua mãe estava ali. Azula achou que era a mente dela brincando novamente com ela mas não tinha como ser, Ursa estava conversando com Nikki, sua filha mais nova, que chorava por sua mãe estar com um rosto diferente.
Azula entendia a meia-irmã, foi chocante ver que sua mãe tinha trocado de rosto para não ser reconhecida. Pelo menos Nikki estava chorando e não lançando raios e queimando a casa.
Depois que Nikki começou a se acalmar, Ursa olhou para Azula e se dirigiu a filha do meio.
- Azula.
- Mãe.
As duas se encararam por longos segundos enquanto todos em volta encaravam até que Ursa cedeu e abraçou a filha renegada.
- Me desculpa filha. Eu sei que você precisou de mim e eu te afastei, eu jamais devia ter feito isso, você era uma criança, não importa o quão parecida com o Ozai você era, você só queria alguém que te desse amor e atenção e eu te neguei isso. Me desculpa minha filha.
Azula se assustou com as palavras e o abraço mas cedeu a ambos. Lágrimas surgiam de seus olhos. Esse abraço, esse carinho, essas palavras doces, era tudo o que a Azula queria por tanto tempo... como ela precisava disso. Ela finalmente aceitava ser amada.
- Mme desculpa mãe - ela falava chorando aos prantos - me desculpa por tudo o que eu fiz, eu me arrependo tanto de todas as escolhas que tomei, eu deveria ter...
- Você não deveria nada minha filha, tudo que era para ser, já foi. Eu só quero que você saiba que eu te amo.
Azula abraçou sua mãe com mais força ainda. Ela queria viver nesse momento para sempre.

you should see me in a crownOnde histórias criam vida. Descubra agora