O término.

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Mew:

Meu coração está batendo rápido. Gulf está balançando a cabeça.

- Você precisa de alguém criativo. Que empolgue você.

- Eu já falei, eu não disse aquilo no avião a sério. Bianca me empolga! – Dou-lhe um olhar de desafio. – Quero dizer... quando você viu a gente da última vez, nós estávamos bem passionais, não é?

- Ah, aquilo. – Gulf dá de ombros. – Eu presumi que fosse uma tentativa desesperada de colocar um tempero na sua vida amorosa.

Encaro-o furioso.

- Não foi uma tentativa desesperada de colocar um tempero na minha vida amorosa! – Eu quase cuspo nele. – Foi simplesmente um... um ato espontâneo de paixão.

- Desculpe. – O tom dele é ameno. – Engano meu.

- De qualquer modo, por que você se importa? – Cruzo os braços. – O que importa se eu estarei feliz ou não?

Há um silêncio cortante, e percebo que estou respirando depressa. Encontro seus olhos escuros e rapidamente desvio o olhar de novo.

- Eu me fiz essa mesma pergunta – diz Gulf dando de ombros. – Talvez seja porque a gente passou por aquela viagem de avião extraordinária juntos. Talvez porque você seja a única pessoa em toda esta empresa que não veio com falsidade para cima de mim.

“Eu teria sido falso!”, sinto vontade de retrucar. “Se tivesse opção!”

- Acho que o que eu estou dizendo é... que eu sinto que você é uma amigo – revela ele. – E eu me preocupo com o que acontece com meus amigos.

- Ah – digo, e coço o nariz. Estou para dizer educadamente que ele também parece um amigo, quando ele acrescenta:

- Além disso, qualquer um que recite os filmes do Woody Allen fala por fala tem de ter algum tipo de problema.

Sinto um jorro de ultraje em defesa da Bianca.

- Você não sabe de nada! – exclamo. – Sabe, eu gostaria de nunca ter sentado perto de você naquele avião! Você fica por aí dizendo todas essas coisas para me abalar, se comportando como se me conhecesse melhor do que todo mundo...

- Talvez conheça. – rebate ele, com os olhos brilhando.

- O quê?

- Talvez eu conheça você melhor do que todo mundo.

Encaro-o de volta, sentindo uma mistura ofegante de raiva e empolgação. De repente parece que estamos jogando tênis. Ou dançando.

- Você não me conhece melhor do que todo mundo! – respondo no tom mais desprezível que consigo.

- Eu sei que você não vai ficar com Bianca Martin.

- Não sabe.

- Sei sim.

- Não sabe não.

- Sei.

Ele está começando a rir.

- Não sabe! Se quer saber, eu acho que vou acabar me casando com ela.

- Casando com a Bianca? – exclama Gulf, como se fosse a piada mais engraçada que já tivesse ouvido.

- É! Por que não? Ela é inteligente, é bonita, é gentil e é muito... é... – Estou me perdendo ligeiramente. – E, de qualquer modo, essa é a minha vida pessoal. Você é o meu chefe e só me conheceu na semana passada, e, francamente, isso não é da sua conta!

OS SEGREDOS DE MEW SUPPASITOnde histórias criam vida. Descubra agora