Mew:
As conversas a minha volta diminuem aos poucos e consigo prestar uma atenção maior ao Gulf.
Ele sorri para a entrevistadora e continua.
– Estamos empolgados.
- Então, qual é o seu mercado-alvo dessa vez? – pergunta o homem consultando suas anotações. – Quer alcançar homens esportivos?
- De jeito nenhum. – responde Gulf. – Estamos querendo alcançar... O homem comum.
- O homem comum”? O que significa isso? Quem é esse homem comum?
- Ele tem quase trinta anos – diz Gulf depois de uma pausa. – Trabalha num escritório, vai de metrô para o trabalho por que adora ser visto com suas melhores roupas, sai à noite e volta de ônibus... Uma homem comum, sem nada de especial.
- Há milhares de caras assim. – intervém o homem com um sorriso.
- Mas a marca Panther sempre foi associada as mulheres – insiste a mulher, parecendo cética. – À competição aos valores. Você realmente acha que pode mudar para o mercado masculino?
- Nós fizemos pesquisas – argumenta Gulf em tom agradável. – Achamos que conhecemos o mercado.
- Pesquisa! – zomba ela. - Muitas empresas tentaram mudar de mercado sem sucesso. Como vocês sabem que não serão apenas mais uma delas?
- Eu estou confiante.
Meu Deus, por que ela está sendo tão agressiva?, penso indignado. Claro que Gulf sabe o que está fazendo!
- Vocês reúnem um punhado de homens num grupo de foco e fazem algumas perguntas! Como isso lhes diz alguma coisa?
- Isso é apenas parte do quadro, posso garantir – responde Gulf calmamente.
- Ah, que é isso. – A mulher se reclina e cruza os braços. – Uma empresa como a Panther, um homem como você, pode realmente se ligar à psique de, como você disse, um homem comum, sem nada de especial?
- Posso sim! – Gulf a encara de frente. – Eu conheço esse cara.
- Você conhece? – A mulher levanta as sobrancelhas.
- Eu sei quem é. Sei quais são os gostos dele; de que cores ele gosta. Sei o que ele come, sei o que ele bebe. Sei o que ele quer da vida. Ele... - Ele abre os braços como se procurasse inspiração. – Ele come pouco no café da manhã e molha bolachas no cappuccino.
Olho numa surpreso para minha mão, segurando uma bolacha. Eu já ia molhar no café. E... eu comi Cheetos hoje cedo.
- Hoje em dia nós somos rodeados por imagens de pessoas perfeitas, brilhantes – continua Gulf animado. – Mas esse cara é de verdade. Tem dias em que seu humor está bom, e tem dias que está ruim. Escreve listas de exercícios físicos e depois ignora. Finge ler jornais de negócios mas esconde revistas de celebridades dentro.
Olho estático para a tela da TV. Só... espera um minuto. Isso tudo parece meio familiar.
- É exatamente o que você faz, Mew – diz Valdinéia – Eu vi seu exemplar da revista "30 coisas para fazer antes dos 30"dentro do Marketing Week. – Ela se vira para mim com um riso de zombaria e seu olhar pousa na minha bolacha.
- Ele adora roupas e sempre está mais bem vestido do que todos que eu conheço. – está dizendo Gulf na tela. – Ele pode usar, talvez, blusa de estampas ...- Valdinéia olha incrédula para minha blusa. - ...e uma uma boina na cabeça...
Atordoado, levanto a mão e toco minha boina.Ele não pode...
Ele não pode estar falando...
- Ah... meu... Deus – Valdinéia sufoca uma exclamação.
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OS SEGREDOS DE MEW SUPPASIT
Fiksi PenggemarEssa é uma releitura do meu livro de romance favorito. (OS SEGREDOS DE EMMA CORRIGAN) Irei usar a essência do livro, não mudarei muita coisa, e estarei escrevendo apenas para minha diversão, sem fins lucrativos. Romance e comédia.