Mew:
Ele ficou calado por uns segundos e eu apenas o observei. Eu não gostei muito do tom que ele usou para falar desse cara.
- Maluco. Ele era uma porra de um cara maluco. – Gulf solta o ar com força. - Mas não posso negar que ele era muito mais corajoso do que eu.
Era? um nó se forma em minha garganta. Como eu pude me esquecer? Eu li um artigo quando a tragédia aconteceu. O filho do dono da Panther havia sofrido um acidente de carro há dois anos atrás, e o amigo que o acompanhava havia falecido. Foi noticiado por vários dias em todas as redes de televisão.
- Você... ainda sente falta dele. – digo hesitante.
- É. Ainda sinto.
Há outro silêncio. A distância escuto um grupo de pessoas saindo do Antonio’s, gritando umas para as outras em italiano.
- Ele deixou família? – pergunto cautelosamente, e de imediato o rosto de Gulf se fecha.
- Sim.
- Você ainda se encontra com eles?
- Ocasionalmente. – Ele solta o ar com força, depois se vira e sorri. – Você está com molho de tomate no queixo. – Enquanto levanta a mão para limpar, Gulf encontra meus olhos. Lentamente está se curvando para mim.
Ah meu Deus. É isso. É realmente isso. Isso é...
- Gulf?
Nós dois pulamos num choque, e eu largo o coquetel no chão. Viro-me e olho incrédulo.
Alessandro está parado no portão do pequeno jardim. Que porra ele está fazendo aqui?
- Grande noção de tempo – murmura Gulf.
– Oi Alessandro. - Mas... mas o que ele está fazendo aqui? Encaro Gulf.- Como ele sabia onde a gente estava?
- Ele ligou enquanto você estava pegando a pizza. – Gulf suspira e coça o rosto. – Eu não sabia que ele ia chegar tão depressa. Mew... aconteceu uma coisa. Eu preciso trocar uma palavrinha com ele. Prometo que não vai demorar. Certo?
- Certo – digo dando de ombros. Afinal de contas, o que posso dizer? Mas por dentro todo o meu corpo está pulsando de frustração, à beira da fúria. Tentando ficar calmo, pego a coqueteleira, ponho o resto do coquetel cor-de-rosa no meu copo, e tomo um gole comprido.
Gulf e Alessandro estão parados junto ao portão, tendo uma conversa agitada em voz baixa. Tomo um gole da bebida e deslizo no banco, para ouvir melhor.
- ...o que fazer a partir daqui...
- ...plano B... de volta à estaca zero...
- ...urgente...
Ergo a cabeça e me pego encarando os olhos do Alessandro. Desvio o olhar rapidamente, fingindo que estou examinando o chão. As vozes dos dois ficam ainda mais baixas, e não consigo ouvir uma palavra. Então Gulf se afasta dele e vem até mim.
- Mew... eu realmente sinto muito. Mas tenho de ir.
- Tem de ir? – Encaro-o arrasado. – O quê, agora?
- Eu tenho de viajar durante uns dias. Sinto muito. – Ele se senta ao meu lado no banco. – Mas... é muito importante.
- Ah. Ah, certo.
- Alessandro pediu um carro para levá-lo para casa.
Fantástico, penso selvagemente. Muitíssimo obrigada, Alessandro.
- Foi realmente... gentileza dele – digo, e traço um desenho na terra com o sapato.
- Mew, eu realmente tenho de ir – insiste Gulf, vendo meu rosto. – Mas vejo você quando voltar, certo? No Dia da Família na Empresa. E a gente... retoma a partir daí.
- Certo. – Tento sorrir. – Vai ser ótimo.
- Eu gostei muito desta noite.
- Eu também. – respondo olhando para o banco. – Gostei mesmo.
- Vamos nos divertir de novo. – Ele levanta meu queixo suavemente até eu estar olhando-o direto. – Prometo, Mew.
Ele se inclina, e desta vez não há hesitação. Sua boca pousa na minha, doce e firme. Ele está me beijando.
Gulf Kanawut está me beijando num banco de parque. Sua boca está abrindo a minha, sua respiração entrecortada contra meu rosto. Seu braço me envolve lentamente e me puxa, e meu fôlego fica preso na garganta. Pego-me enfiando a mão debaixo do seu paletó, sentindo a quentura da sua pele debaixo da camisa, querendo rasgá-la.
Ah meu Deus. Eu quero isso. Quero mais.
Eu estou beijando um homem.
O choque disso me faz afastar meus lábios dos dele e o olhar estupefato para seus lábios.
— Eu gosto de homens. - digo e volto a colar meus lábios nos dele. E dessa vez minha fome toma conta de mim. O beijo doce se torna desesperado e logo minhas mãos estão em seus cabelos. Agarrando e tentando ter mais do corpo dele sobre o meu.
Gulf:
Os lábios dele tinham um leve sabor adocicado de frutas vermelhas. Não importa quantos dias eu ficaria longe dele, eu não esqueceria por um segundo sequer desse gosto e muito menos da sensação dos lábios dele sobre os meus. Eu estava inebriado dele. Sentindo tudo ao mesmo tempo.
Era engraçado como o Mew me fazia sentir vontade de protegê-lo do mundo exterior, cuidar dele, fazer carinho e ao mesmo tempo... Como agora, eu simplesmente queria apertá-lo em alguma superfície e devorá-lo.
Mas eu não poderia ...
Não agora pelo menos. Por isso me forço a separar nossos lábios e respirando com imensa dificuldade, encosto minha testa na dele.
— Mew... Eu preciso ir. - Minha boca está úmida e sensível. Ainda posso sentir a quentura dos lábios dele. Todo o meu corpo lateja. - Eu não quero ir mas...
— Não vá. - ouço ele dizer.
— Eu preciso. - seguro a mão dele e ele aperta minha mão de volta. Tento prolongar ao máximo possível o contato entre nossos corpos.
— Então .. eu... A gente se vê. - mal o escuto falar.
— Mal posso esperar.
— Nem eu.
— Gulf?
Nós dois olhamos para Alessandro no portão.
- Certo. – diz Gulf. Nós nos afastamos e eu discretamente afasto o olhar da postura um tanto triste do Mew. Eu realmente não queria deixá-lo.
Mew:
Saímos de mãos dadas daquele jardim.
Quando chegamos à rua, vejo dois carros prateados esperando perto da calçada. Alessandro está parado perto de um, e o outro é obviamente para mim. Inferno. Sinto-me como se subitamente estivesse fazendo parte da família real ou sei lá o quê.Quando o motorista abre a porta, Gulf toca minha mão brevemente. Quero agarrá-lo para um amasso final, mas de algum modo consigo me controlar.
- Tchau – murmura ele.
- Tchau – murmuro de volta. Então entro no carro, a porta se fecha com um ruído caro e nós partimos ronronando.
( N/A) Capítulo curtinho apenas por que eu não via a hora desse beijo acontecer kkkk
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OS SEGREDOS DE MEW SUPPASIT
Hayran KurguEssa é uma releitura do meu livro de romance favorito. (OS SEGREDOS DE EMMA CORRIGAN) Irei usar a essência do livro, não mudarei muita coisa, e estarei escrevendo apenas para minha diversão, sem fins lucrativos. Romance e comédia.