OS SEGREDOS DE MEW SUPPASIT

O encontro.

Mew:

Eu estava nervoso.

Não sei quantas peças de roupa eu havia trocado na última hora. Foram tantas combinações que me irritavam por não ficarem como eu queria.

Enquanto eu tomava banho, não parava de passar coisas terríveis em minha cabeça. Qual era a melhor coisa do começo de uma relação? O início da conquista?

Claro que era o mistério. As coisas que íamos descobrindo pouco a pouco sobre a pessoa. Mas porra.

Gulf Kanawut sabia tudo sobre mim. Ele sabia todos os meus segredos.

Eu vou sair com uma pessoa que sabe tudo sobre mim.

Bom, mas não posso chorar pelo leite derramado. Então preciso pensar positivo. O primeiro passo é estar impecável. Melhor perfume, melhor roupa, melhor cara de quem está no controle.

É isso. Coloco meu melhor sorriso e fico de pé em frente ao espelho tentando acreditar em cada palavra de incentivo que sai da minha mente.

Droga. É uma situação totalmente perdida. Mas irei fazer o meu melhor.

Olho minha revista favorita onde há uma reportagem de como ter um encontro perfeito.

Primeiro: sentir-se seguro. (Não estou nada seguro)

Segundo: Ter uma conversa sobre amenidades, mostrar interesse pelo que a outra pessoa gosta. ( Do que o Gulf gosta? Tento fazer força para me lembrar de algo, mas nada me vem a cabeça... Carros? É isso. Ele curte carros antigos.)

Terceiro: Não beber em demasia. É importante estar com os reflexos mentais em ordem, para evitar qualquer tipo de constrangimento. ( Porra!!! Por que eu não li isso antes? Eu já estava na segunda taça do meu vinho favorito, no intuito de relaxar um pouco. É meu relaxante pré-encontro)

Quarto e mais importante: Seja você mesmo. Nada é mais desanimador do que forçar uma personalidade que não é sua. (Bom, pelo menos com isso eu posso ficar tranquilo, já que ele me conhece melhor do que ninguém e já sabe como é o verdadeiro Mew Suppasit)

Me assusto quando meu telefone toca. Atendo no automático e o Gulf me avisa que está me esperando lá embaixo. Respiro fundo e saio pela porta. Quando estou perto do elevador volto correndo. Inferno. Esqueci de fechar a porta.

Ando firme pelo corredor que me levaria pra fora do prédio com o coração galopando. Quando chego na rua estou quase sem fôlego. Um carro enorme e chique está esperando por mim. Quero dizer, enorme.É prateado e brilhante, e chama uma atenção incrível das pessoas. Era isso que eu não gostava em meus primos. Eles gostavam de se exibirem com seus carros de luxo e eu sou a pessoa que gosta de andar de metrô.

Fico parado pensando em desistir.

Mas quando a porta do carro é aberta e o Gulf sai de dentro do carro lindo e perfeito meus medos se esvaem.

Ele sorri para mim, e só consigo pensar que: Não sou eu contra ele. Sou eu com ele.

- Oi - Gulf ostenta um sorriso caloroso. - Você está muito bonito.

- Obrigado. -Estendo a mão para a maçaneta, mas um homem de quepe se adianta para abrir a porta do carro para mim. - Sou um idiota! - digo nervoso.

Quando sento no banco do carro, todo jorro de adrenalina retorna ao meu corpo. Eu quero ficar a vontade. Mas tudo que me vem a mente é a lembrança de pessoas esnobes com seus belos carros luxuosos com quem convivi a vida inteira.

- Você está bem? - pergunta Gulf.

- Sim! Estou ótimo! - Minha voz é um guincho nervoso.

- Mew. A gente vai se divertir. Eu prometo. Você tomou o seu relaxante pré-encontro?