Gulf:
Eu estou tentando ligar para o Mew a noite inteira. Ele não me atende e nem vizualiza as minhas mensagens.
Tudo que eu quero é ir de encontro a ele e tentar explicar o que aconteceu naquela maldita entrevista.Eu havia... Bem, eu havia feito uma tremenda burrada.
Mas as coisas foram tomando uma proporção maior do que eu esperava. Nunca fui de me abrir assim com ninguém, ainda mais em rede nacional.
Como eu pude não ter colocado um freio na minha boca ainda era algo que eu não entendia. Mas o problema era que eu realmente me empolguei.
Eu estava tão ansioso por ver o Mew novamente, que havia passados as últimas semanas pensando em tudo sobre ele. E essa saudade aliada ao meu estado emocional conturbado me fez extrapolar ao falar dele...
Alessandro havia me dado um enorme sermão, dizendo que agora, depois do meu pequeno deslize, as revistas de fofocas online falavam apenas que eu parecia irremediavelmente apaixonado.
E que eu havia escancarado minha sexualmente para o mundo. E o pior... Essa revelação poderia por meu caso a perder.
Poderiam usar isso contra mim no tribunal. Infelizmente, nossa sociedade ainda não enxergava minha natureza como algo "normal".
Então, por mais que eu quisesse ir atrás do Mew e me explicar com ele, eu não poderia simplesmente largar tudo...
Continuo ligando e continuo mandando mensagens... E nada.
Mew:
Na manhã seguinte acordo cheio de um pavor doentio. Sinto-me exatamente como uma criança de cinco anos que não quer ir à escola. Uma criança de cinco anos com uma tremenda ressaca.
- Não posso ir – começo a gemer quando chega oito e meia. – Não posso encarar o pessoal. E se eles forem horrorosos comigo? - pergunto ao teto.
Mas pensando bem, é hora de ser adulto e reunir os últimos resquícios de coragem que ainda existem em mim. Me levanto e me arrumo, ainda com uma sensação horrível na boca do estômago.
Quando estou pronto, respiro fundo e seguro a maçaneta da porta. Eu vou ficar bem. EU VOU FICAR BEM!
Estou saindo da casa quando um furgão pára na beira da rua. Sai um homem de uniforme azul, segurando o maior buquê de flores que eu já vi, todo amarrado com fita verde-escura, e franze a vista para o número da nossa casa.
- Olá – diz ele. – Estou procurando... - ele para ao ler o nome do destinatário.- Mew Suppasit?
- Sou eu! – digo surpreso.
- Ahá! – Ele sorri, sem graça e estende uma caneta e uma prancheta. – Bem, este é seu dia de sorte. - diz foraçando o sorriso. - Pode assinar aqui...
Olho o buquê, incrédulo. Rosas, frésias, flores roxas enormes e incríveis... uns pompons fantásticos, cor de vinho... folhagens verde escuras... outras verde-claras que parecem aspargos... Certo, talvez eu não saiba o nome de todas. Mas sei de uma coisa. Essas flores são caras. Só há uma pessoa que pode tê-las mandado.
- Espera – falo sem pegar a caneta. – Quero saber quem mandou. Pego o cartão, rasgo o envelope e corro a vista pela longa mensagem, sem ler nada até chegar ao nome embaixo.
Gulf. Sinto um enorme dardo de emoção. Depois de tudo que ele fez, Gulf acha que pode me comprar com um punhado de flores chinfrins?
Eu sou um homem. Homens não curtem esse lance de...
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OS SEGREDOS DE MEW SUPPASIT
FanfictionEssa é uma releitura do meu livro de romance favorito. (OS SEGREDOS DE EMMA CORRIGAN) Irei usar a essência do livro, não mudarei muita coisa, e estarei escrevendo apenas para minha diversão, sem fins lucrativos. Romance e comédia.