"Acho que nunca vamos nos dar bem"

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— Ayla? Já chegou? - Larissa aparece com os cabelos bagunçados e coça os olhos.

— Cheguei agora há pouco tempo. - levanto do sofá e coloco o prato na pia.

— Como foi na entrevista?

— Foi bem tranquilo, apesar de eu ter tido vontade de meter um murro no senhor Vélez.

— Por que? Ele te fez alguma coisa?

— Não, mas ele me tratou com muita frieza. Parece que ele também não foi com a minha cara.

— Mas pelo menos conseguiu a vaga de babá?

— Amanhã vou começar o expediente e espero que ele assine a minha carteira.

— Me conte como é a aparência dele. Quero saber de cada detalhe.





Não dá para para conversar com a Larissa, ela quer ficar sabendo de cada detalhe e me faz várias perguntas para estar por dentro do assunto. Eu conto sobre o encontro com o senhor Vélez, as suas características físicas, o jeito que ele me tratou etc. Minha amiga fica com a boca aberta em saber que ele tem dois filhos e que seja um homem bem sucedido. O senhor Vélez é muito bonito, bem vestido, o corte de cabelo combina com o seu estilo e o seu jeito sério o deixa mais atraente.





— Se você me disse que ele é muito bonito, então pergunte se tem alguma vaga disponível para eu trabalhar. - fala ela com um sorriso malicioso.

— Você não está satisfeita em trabalhar na loja da dona Glória? - encaro ela.

— É claro que estou satisfeita. Eu nunca vou encontrar uma patroa tão boa como ela.

— Tenho que preparar o psicológico para encarar aquele homem rabugento. - sento no sofá.

— Você entrou nessa roubada, então vai ter que aguentar até o final. - ela se joga no sofá e coloca os pés em cima das minhas pernas. — Espero que não se incomode com o meu chulé.

— Sai fora, Lari! Eu não quero sentir o cheiro do chulé do seu pé! - empurro ela.





Ouço o choro da Camila e corro para o quarto. Encontro ela tentando sair da cama e pego no colo antes que caia no chão. A minha filha está crescendo tão rápido e está ficando cada vez mais esperta. Ela já sabe engatinhar, reconhece a minha voz e agora está aprendendo a segurar nas coisas. Peço para a Larissa preparar o banho dela enquanto esquento a água para fazer o mingau da Camila.

Dou um banho na Camila, seco o corpo dela com a toalha e visto uma roupa para ela não ficar com frio, pois as crianças da idade dela são muito sensíveis e é preciso prestar muita atenção na mudança climática. Eu amo a minha pequena com todas as minhas forças e sou capaz de fazer até o impossível para que não aconteça nada com ela. Camila é a única coisa que me restou do idiota do Josh, e eu não preciso dele para lhe dar uma boa educação.





— Cada dia que passa ela se parece mais com você. - comenta Larissa enquanto toca no pé da Camila.

— Ainda bem. - sorrio sem mostrar os dentes.

— Ainda bem que ela não puxou a raça do Josh.

— Espero que ele nunca mais apareça.

— Você tem o direito de exigir a pensão alimentícia.

— Eu nem sei onde ele está e não vejo problema em sustentar a minha filha sozinha.

— Se eu fosse você, já teria colocado ele na justiça. O Josh simplesmente te abandonou depois que a Camila completou o primeiro mês de vida e nunca mais deu nenhum sinal de existência, nem mesmo teve a coragem de te ligar. 





υмα иονα ϲнαиϲє ραяα αмαя | Cʜʀɪsᴛᴏᴘʜᴇʀ Vᴇ́ʟᴇᴢOnde histórias criam vida. Descubra agora