"Você é uma irresponsável!"

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— Você é um... - tento terminar de falar, mas percebo que não vale a pena discutir com ele.

— Eu sou o quê? - ele levanta o maxilar. Ele fica tão atraente quando faz isso. Por que ele gosta de me provocar?

— Nada. Esquece disso. - desvio o olhar.

— Você me parece ser muito familiar. - ele continua me olhando.






Engulo em seco e tento me manter firme para ele não suspeitar de nada. Se o meu patrão descobrir que trabalho como dançarina de boate, eu perco o meu emprego e vou continuar sendo explorada pelo o Raúl. O senhor Vélez me solta, mas continua me olhando como se estivesse buscando alguma lembrança na memória, e eu apenas peço licença e saio do escritório.

É difícil entender aquele homem. Uma hora ele é arrogante, frio e depois é gentil e atencioso. Acredito que ele ainda sente algo pela a esposa e que isso esteja mexendo com os seus sentimentos. Mas mesmo assim ainda permaneço com muitas dúvidas. Preciso saber se eles se divorciaram ou ela morreu em alguma tragédia, pois em nenhum momento o meu patrão menciona o nome dela.






                         *✿❀ - ❀✿*

Já são duas horas da tarde e estou ajudando as crianças nas tarefas da escola. O senhor Vélez voltou para o trabalho e me avisou que chegará um pouco mais tarde, então é provável que eu fique aqui por mais tempo, já que a Gilda decidiu tirar umas férias. Neste momento não estou tendo muito trabalho para ajudar nas atividades, somente o Nathan que continua tendo dificuldade para se concentrar. Tomara que o senhor Vélez consiga marcar uma consulta com um psicólogo nesta semana.





— Já terminei, tia Ayla! - Mimi me mostra o caderno com todas as atividades respondidas.

— Que bom, Mimi! Estou muito orgulhosa de você, princesa! - dou uma olhada nas questões e devolvo o caderno.

— Agora eu já posso ir brincar?

— Eu só vou te deixar sair se você organizar o seu material.

— Tá bom.






Mimi começa a guardar as coisas na mochila e sai do quarto com ela nas costas. Fico sozinha com o Nathan, que ainda está tentando responder as questões de matemática e vejo o seu desespero através pelo o olhar. Eu me aproximo dele, pego uma cadeira para sentar e fico observando ele.






— Não está conseguindo responder as questões? - pergunto, olhando para o caderno. A folha continua em branco, apenas com as questões escritas.

— Claro que tô conseguindo... - responde Nathan, segurando lápis e tenta procurar uma maneira de responder. Eu sei que ele está precisando de ajuda e estou disposta a fazer isso.

— Você não precisa ter vergonha de pedir ajuda. Até as pessoas espertas precisam de um "empurrãozinho". - tento convencê-lo. Aposto que ele vai recusar, pois é tão cabeça dura quanto o pai.

— Eu respondo isso mais tarde. - ele fecha o caderno.

— Por que você não aproveita pra fazer agora? Pelo menos vai ter o resto do dia para brincar com a sua irmã.

— Você está certa. Eu vou fazer a tarefa. - ele sorri.

— Agora você vai aceitar a minha ajuda? - pergunto, piscando o olho.






Nathan assente com a cabeça, abre o caderno e me mostra as questões que tem mais dificuldade. Tive toda a paciência para explicar o conteúdo de português e matemática, as disciplinas que ele acha mais difícil, e aos poucos ele começa a entender. Ele responde todas as atividades sem reclamar e quando termina, guarda o material na mochila e desce para brincar com a irmã.

υмα иονα ϲнαиϲє ραяα αмαя | Cʜʀɪsᴛᴏᴘʜᴇʀ Vᴇ́ʟᴇᴢOnde histórias criam vida. Descubra agora