υмα иονα ϲнαиϲє ραяα αмαя | Cʜʀɪsᴛᴏᴘʜᴇʀ Vᴇ́ʟᴇᴢ

"Estou aqui pra te ouvir"

— Ayla, que bom te ver. - Christopher levanta com um pouco de dificuldade e se aproxima. — Como você está? - pergunta ele, estendendo a mão cheia de cola. 

— Christopher, a sua mão está cheia de cola! - dou risada.

— Perdão! Você sabe como é a vida de um pai solteiro. - Christopher também ri e olha para as mãos. 

— Respondendo a sua pergunta: Eu estou bem, só que não me recuperei totalmente, porém estou aguentando andar. - faço carinho na cabeça da Mimi. — E você, agente Vélez? Como está sendo a vida de um sobrevivente? 

— Por incrível que pareça estou gostando de fazer bagunça com essas crianças. - Christopher olha para os filhos. 

— O papai está dez mil vezes mais legal depois que foi suspenso do trabalho. Eu agradeço pelo o chefe do FBI ter resolvido tirar ele do caso. - fala Nathan. Eu adoro a sinceridade desse menino, ele diz as coisas com muita segurança.

— O Nathan tá certo. O papai fica mil vezes melhor fora do trabalho. - concorda Mimi.

— Então isso significa que não sentiram falta de mim durante o tempo que fiquei no hospital? - finjo estar indignada.

— Não diga isso, tia! Nós sentimos a sua falta. A casa não é a mesma sem você. - Mimi me abraça de novo.  

Christopher olha para mim e abre um grande sorriso. É a primeira vez que o vejo sorrir desse jeito, até parece ser fruto da minha imaginação. Eu sabia que ele ia amolecer o coração de gelo e resolveria aproveitar esse tempo que fiquei ausente para se aproximar das crianças. Não resta dúvidas de que ele está fazendo um grande esforço para ser um pai melhor.

— Papai, eu vou lavar as mãos e já volto. - avisa Mimi.

— Eu vou com você, irmã. Acho que os adultos precisam conversar um pouco. - Nathan abraça Mimi de lado. 

Os irmãos sobem à escada e nos deixam a sós. Christopher permanece com o olhar fixo em mim, como se estivesse hipnotizado. É estranho o jeito que ele olha para mim,  sinto aquela sensação de que ele me deseja como mulher. Prefiro nem pensar nessa possibilidade, acho que estou imaginando coisas demais. Parece que fiquei com mais parafusos soltos depois que saí do hospital. 

— Bom... Vejo que você está se recuperando da cirurgia. - comenta ele, passando a mão no cabelo. 

— Pois é... estou me sentindo bem melhor agora. - fico um pouco sem graça e percebo que tem um pedaço de cola no cabelo dele. — Christopher, acho que tem uma coisinha no seu cabelo...

— É sério? Você não está de zueira? - ele fica desconfiado. 

— É claro que não, seu bobo. Por que acha que eu ia rir da sua cara? - tento segurar a risada. 

— Você está rindo. 

— Desculpa. É que eu não consigo me controlar.

— Acho melhor eu lavar as mãos antes que aconteça outro desastre. 

Quando Christopher vira de costas, eu caio na gargalhada e quase não consigo me controlar. Ele apenas balança a cabeça negativamente, dando a entender que me acha a pessoa mais maluca do mundo. Enquanto isso, permaneço na sala, observando os recortes que foram colados na cartolina e ouço o meu celular tocar. Abro a bolsa, retiro o celular e vejo que é uma ligação do Joel. Não resta dúvidas que ele tenha sentido a minha falta e resolveu me ligar. Ele anda tão ocupado no trabalho que quase nem tem tempo de ficar comigo.