"Eu não disse nada"

290 26 75
                                    

Olho diretamente para a escada e vejo as crianças com as mochilas nas costas. A menina tem cabelos enrolados e usa uma tiara vermelha; ela parece ter aproximadamente uns seis ou sete anos e tem olhos parecidos com o pai. O menino tem cabelo preto e é um pouco mais alto do que a menina; ele deve ter uns oito anos. Olhando para os dois, parecem ser irmãos gêmeos





— Bom dia, papai. - o menino abraça o senhor Vélez.

— Bom dia, filho. - senhor Vélez corresponde o abraço e olha para a menina. — Você não vem abraçar o papai?





A menina desce o último degrau e abraça o pai dela. Acho um pouco estranho ela não ter falado nada, porque uma criança da idade dela fala igual a um papagaio e ninguém consegue controlar. Os irmãos olharam diretamente para mim, estranham a minha presença e demonstram estar confusos.





— Ayla, eu quero que conheça os meus filhos, Mimi e Nathan. - diz senhor Vélez, apontando para eles.

— Quem é essa mulher estranha? O que ela está fazendo na minha casa? - pergunta Nathan, me encarando de um jeito estranho e confesso que fiquei um pouco assustada com a sua reação.

— Nathan, ela é a nova babá que vai cuidar de vocês enquanto eu estiver trabalhando. - responde senhor Vélez. — Está lembrado que você aprontou com a última babá e ela foi embora daqui? Então foi por isso que tive que chamar outra pessoa para ocupar o lugar dela.

— Muito prazer, eu me chamo Ayla, sou a sua nova babá. - falo, estendendo a mão para o Nathan.

— Eu já sei disso. O papai acabou de me falar. - Nathan ignora o meu gesto de cumprimento e anda em direção da saída. Ele é ignorante igual o pai.

— Nathan, é assim que deve se tratar uma pessoa? - Gilda chama a atenção dele.

— Deixa ele, Gilda. Parece que esse garoto fica cada vez mais grosseiro. - fala senhor Vélez.

— Grosseiro igual o pai. - falo em voz baixa.

— O que você disse? - senhor Vélez me olha.

— Eu não disse nada. - disfarço.

— Crianças, vão direto para o carro que eu preciso trocar umas palavrinhas com esta senhorita. - ordena Christopher, olhando para os filhos.





As crianças saem correndo para o jardim e Gilda vai atrás para acompanhá-las. Mais uma vez fico sozinha com o homem mais chato de toda a nação! Prefiro nem pensar na próxima bronca que ele possa me dar, mas fico pensando: Qual tipo de bronca ele vai me dar? Eu estou usando a roupa adequada, só que dessa vez ficou perfeitamente bem no meu corpo. Então por que ele pediu para as crianças saírem sem mim?





— O que deseja, senhor Vélez? - pergunto, colocando as mãos para trás e mantenho a postura reta para não parecer uma desleixada.

— Eu quis que as crianças saíssem para te falar algumas coisas. - responde ele. — Você vai acompanhá-los todos os dias durante o trajeto da escola, das aulas de natação e outros lugares que eles quiserem frequentar. Também irá ajudá-los nas tarefas da escola e para finalizar, quero que cuide muito bem deles enquanto eu estiver ausente, porque vou estar por dentro em tudo o que acontece nesta casa.

— Sim, senhor. Eu te prometo que vou cuidar muito bem das crianças e que não vai se arrepender por ter me contratado. 

— Então já pode ir acompanhá-los até o carro. 





υмα иονα ϲнαиϲє ραяα αмαя | Cʜʀɪsᴛᴏᴘʜᴇʀ Vᴇ́ʟᴇᴢOnde histórias criam vida. Descubra agora