"Você está ficando maluca?"

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Depois que saio do quarto, volto para o camarim e suspiro aliviada ao perceber que está vazio. Eu me aproximo do espelho, encaro o meu próprio reflexo e deixo as lágrimas caírem. Vou borrar toda a maquiagem, mas não me importo com isso. Não estou com disposição para continuar neste ambiente que só me traz tristeza e raiva. Tenho que fazer algo para me livrar dessa enrascada que entrei.

Em instantes, ouço a porta se abrir e pego um lenço para limpar os borrões da maquiagem. Não estou afim de dar satisfação para ninguém, simplesmente quero ficar sozinha com os meus pensamentos. Continuo olhando para o espelho e vejo o reflexo do Joel. Ele está cheio de fúria e isso me deixa mais assustada.




— O que faz aqui? Não deveria estar servindo as bebidas para os clientes? Se o Raúl não te ver trabalhando, você pode acabar se dando mal. - falo, jogando os lenços na lixeira.

— O que você fazia no quarto com aquele homem? - Joel me agarra pelo o pescoço e encara o meu reflexo com os olhos vermelhos.

— Por que você está fazendo isso? - tento respirar.

— Apenas responda a minha pergunta. - diz ele entre os dentes.

— Como vou responder se você está me impedindo de respirar?




Joel me solta rapidamente e percebo que deixou uma marca vermelha no meu pescoço. Ainda continuo em choque, sem entender o motivo de ter feito isso. Estou me convencendo de que ele está se tornando um homem obsessivo e não posso continuar namorando com uma pessoa assim.



— Pensei que você fosse uma mulher decente, mas vejo que mudou desde que começou a ter proximidade com aquele agente! - ele aumenta o tom de voz.

— O Raúl me obrigou a fazer programa com o Christopher, mas isso não terminou acontecendo! - grito de volta.

— Você acha que vou acreditar nessa história absurda? Eu percebi o jeito que você olhava para ele!

— Se não acredita em mim, o problema é seu! A única coisa que eu não tolero é um homem ciumento e obsessivo como você!

— Eu tenho os meus motivos para agir assim.

— Quer saber? O nosso namoro já está terminado!

— O quê? Você não tem o direito de fazer isso!

— Eu não vou permitir que nenhum homem tenha direito de me agredir e controlar a minha vida. Não sou nenhuma marionete para ser controlada. - abro a porta.

— Volte aqui, Ayla! A conversa não terminou! - ele pega no meu braço, mas bato o cotovelo na sua barriga.




Saio do camarim fervendo de raiva por causa dos comportamentos agressivos do Joel, jamais pude imaginar que chegaria a este ponto. Neste momento não estou preocupada com as reclamações do Raúl, somente quero ficar sozinha para colocar os pensamentos no lugar. Acredito na possibilidade do Christopher ter ido embora, então não vejo problema em tirar o meu disfarce. 

Eu me sinto aliviada em ter decido acabar com um relacionamento que não trazia nenhum benefício na minha vida, onde uma pessoa não confia em mim, que pensa que tem o direito de controlar a minha vida. Talvez eu tenha me precipitado por ter pensado que Joel era o homem perfeito, que íamos ter uma vida juntos e compartilhar diversas experiências. A minha única prioridade neste momento é a minha filha e somente ela poderá fazer me sentir bem.

Percebo que a boate está meia vazia, a maioria dos clientes já foram embora, então o insuportável do Raúl não precisará de mim. Ando até a calçada, fico perto de um poste enquanto observo os carros andando na rua. Há momentos que simplesmente quero sumir para um lugar onde ninguém me conheça, que eu possa viver uma vida tranquilamente sem me preocupar com o que pensam e falam de mim.





υмα иονα ϲнαиϲє ραяα αмαя | Cʜʀɪsᴛᴏᴘʜᴇʀ Vᴇ́ʟᴇᴢOnde histórias criam vida. Descubra agora