Capítulo 1 - Eduardo

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Helena entra na sala de César sem bater. Quando a vê, ele levanta sério.

_ A que devo o prazer da visita?

_ Eu acho uma covardia, uma tremenda falta de caráter e de vergonha você usar a Luciana, filha do Téo, a minha enteada, para se vingar de mim... Canalhice pura e sem perdão!

_ O que foi que você disse? Eu acho que eu não entendi.

_ Foi isso mesmo que eu falei, que você usa a Luciana como forma de se vingar de mim...

_ Você não acha que é muita pretensão sua vir até aqui me dizer isso?!

_ Eu só tô tentando evitar que você, nessa sua vingancinha pessoal, prejudique a vida da Luciana, que é minha enteada e que não tem nada a ver com a nossa história.

_ É mesmo? Mas quem disse a você que é uma vingança? Quem disse a você que eu estou preocupado, me ocupando de me vingar de você, Helena? De onde é que você tirou essa ideia?!

_ Você não ia se envolver com a Luciana assim. Você não ia ter o interesse por ela dessa maneira.

_ Eu posso me interessar por quem me atrai, sim! Às vezes eu erro, é verdade! Errei algumas vezes, fiz escolhas equivocadas... Acreditei em quem não deveria acreditar, mas é a vida... Nós não podemos evitar os erros sem antes cometê-los, mas podemos não repetir os mesmos erros. Então você acha que a sua enteada não seria capaz de despertar em mim nenhuma atração?

_ Eu acho que você tá se aproveitando dessa aproximação, para poder...

_ Você tá achando muita coisa. Você tá chegando a muitas conclusões aí dentro da sua cabeça... Eu acho que a Luciana ficaria muito ofendida se soubesse que você a considera incapaz de despertar interesse.

_ Não seja ridículo! Não é isso que eu tô falando. Eu acho que a Luciana ficaria muito ofendida sim se soubesse que nós nos conhecemos, que nós vivemos uma história e que você pode, sim, estar usando ela! Você pode saber... Eu não me preocupo de contar tudo isso para o Téo, se for necessário...

_ Ótimo! Conte tudo. Se você quiser eu posso chamá-la aqui imediatamente. É até bom que tudo se esclareça, que não reste mais nenhuma dúvida pra você... Tudo bem - fala tirando o telefone do gancho.

_ Não... Não faça isso!

_ Por quê? Você prefere contar primeiro tudo ao Téo? É verdade que com muitos anos de atraso, mas eu acho que ele vai gostar de saber exatamente como foi que tudo aconteceu...

_ Você tá deturpando as coisas. Você tá tentando me confundir, como fez das outras vezes... Eu vim aqui apenas pra...

_ Veio apenas por quê? Qual o verdadeiro motivo dessa sua visita? Porque nós dois sabemos, com certeza, que não é por causa da Luciana.

_ É claro que é por causa da Luciana!

_ É impressionante... Os anos passaram mas você continua agindo como se tivesse a idade de quando nos conhecemos. Continua mentindo, enganando, traindo.

_ Você se acha o mais correto de todos. Você se acha o mais leal...

_ Com você eu fui o mais correto e o mais leal sim, sempre, desde que nos conhecemos, ao contrário de você, que desde o início usou da deslealdade, da traição. E pelo visto, apesar de tanto tempo, continua agindo do mesmo jeito como se não soubesse o que quer, enganando a si mesma e a todos que estão à sua volta, se comportando dessa maneira leviana e desonesta.

Ela tenta lhe dar um tapa. Ele segura seus braços e ficam próximos.

_ Você não tem o direito de vir até aqui me ameaçar e nem de exigir coisa alguma, até porque eu tenho certeza que você não teria coragem de contar a verdade para o seu marido, que também é outro que viveu enganado esse tempo todo.

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