Capítulo 1

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CARLA

Como é ser detetive particular? 

Maravilhoso!

Sinto uma grande sensação de justiça quando desmascaro mais um marido ou namorado traidor, e a expressão surpresa deles quando são pegos no flagra é o que torna tudo mais divertido e emocionante. Mas como tudo na vida tem o seu lado ruim, posso dizer que há uma parte no meu trabalho pelo qual gostaria de excluir. A tristeza e as lágrimas no olhar de cada esposa e namorada traída é o mais doloroso, e também é o motivo principal pelo qual decidi não me apaixonar por ninguém. Amor é algo que não existe no meu dicionário e que não sinto interresse em adicionar. Não quero correr o risco de passar pela mesma dor que vejo tantas mulheres sofrerem ao descobrirem que a pessoa que mais amavam na verdade não passava de um traidor mentiroso. Mas por favor, não me julguem. 

Uma mulher que nunca recebeu carinho dos pais não pode ser a pessoa mais amorosa do mundo, né?!

Porém, bem lá no fundo existe uma Carla Diaz que ninguém conhece, que ninguém nunca viu, e que com certeza ninguém conseguirá despertar. Desperto dos meus pensamentos ao chegar na cafeteria e ver minha próxima cliente à minha espera. Seus dedos batucavam a mesa de madeira e eu podia ver bem ali na minha frente uma mulher preocupada, ansiosa, aflita e desconfiada.

- Olá, Sra.Picoli, me desculpe pela demora!

NARRADORA

A loira declara se sentando na cadeira de frente para a mulher que a esperava, e logo recebe um sorriso nervoso da mesma.

- Oh, tudo bem, não se preocupe, pode me chamar só de Sarah! 

- Ok, Sarah, no que posso te ajudar?

- É o meu marido, estou desconfiando que ele está me traindo. Ele anda estranho, chega tarde em casa e eu não sei mais o que fazer. Preciso da sua ajuda...preciso saber a verdade!

- Pode contar comigo! Irei te ajudar, mas antes preciso saber de algumas informações sobre ele. Qual o nome do seu marido?

Arthur Picoli!

Por um motivo desconhecido Carla sente algo estranho ao ouvir aquele nome, mas não demora a deixar aqueles pensamentos de lado para voltar a focar no trabalho que teria pela frente.

"Era só mais um caso"

Bom...era isso o que ela achava!

ARTHUR

Se casamento é algo bom? 

Eu não sei!

Há muito tempo não sei o que é estar apaixonado, o que é sentir borboletas no estômago, mãos suadas, coração disparado, e o grande desejo de estar ao lado de uma única pessoa. Mas o fato é que são justamente essas coisas que não sinto ao lado da minha esposa. Nosso casamento até que começou bem, mas hoje tento prolongar ao máximo o meu tempo longe dela. Nossa convivência se tornou algo monótono, e algo que se resume a palavra "briga". Toda vez é assim, e ela sempre tem um motivo para que uma discussão comece. Às vezes eu olhava para o passado e me perguntava
porquê não poderia ser feliz como meus pais haviam sido, porquê não consigo amar minha esposa como meu pai havia amado minha mãe, e continuava amando mesmo após perdermos ela para o câncer. De vez em quando me pergunto porquê só consigo encontrar alívio ao ir para diversas baladas sem que Sarah saiba, ou porquê só me sinto bem quando estou longe dela. A verdade é que nosso casamento não é mais um casamento, nossa relação se resume apenas em duas pessoas que convivem na mesma casa. Eu sinto que algo me falta, sinto que existe uma peça faltando em mim para que eu possa ser realmente completo, mas o estranho é que sinto que isso está acabado, como se algo novo estivesse chegando na minha vida pra mudar tudo, e principalmente para girar o meu jogo. Desperto dos meus pensamentos ao ver Ronan entrar no meu escritório e se sentar de frente para a minha mesa com um sorriso no rosto.

Beije-Me - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora