Prostração

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É tão difícil fingir ser outro alguém, quando quem eu sou de verdade esta afundada ate o pescoço no mar, sem chão para se apoiar e sem forças para continuar se mantendo acima das águas.

Eu não estou morrendo, estou matando a mim mesma.

Me perdi a muito tempo e aprendi a ser quem desejei ser a partir dali. Mas ainda é difícil quando aquele nó se forma na garganta me forçando a parar de respirar, ainda é difícil quando o aperto em meu peito atinge meu coração me fazendo sentir a dor de todos os anos que passei mentindo para mim mesma, tristeza, angústia, magoa, prostração, aflição, abalo e melancolia, todas ela me enchem substituindo meu oxigênio, todas elas me reviram o estômago, me fazem tremer e me fazem sentir a solidão da verdade e da morte, todas elas me atormentando até que minha mente cede ao caos pessoal, e então, fica difícil segurar minhas lágrimas quando elas já estão acumuladas em meus olhos.

Eu não quero chorar

Mas eu sinto meus olhos arderem como fogo, me implorando para que eu ceda novamente, eu não posso ceder, mas estou cansada demais para resistir, levantar e lutar. É difícil segurar meus soluços silenciosos se transformarem em gritos, os quais ninguém ouvirá.

Eu não posso controlar as noites frias que vem, eu não posso impedir que minhas dores tomem conta de meu corpo para poder aliviar a tristeza em meu âmago, eu não posso evitar de me sentir tão miserável em uma única noite, a única que posso libertar a melancolia que habita em mim, porque sou prisioneira de quem não sou. Todas as manhãs, desejo que meus olhos continuem fechados, não quero morrer, apenas não quero acordar, quero continuar em meus sonhos sem sentidos, em um mundo no qual não me lembro ao acordar, eu quero continuar anestesiada porque a dor acaba comigo todos os dias, e espero ansiosamente para que chegue meia noite para que eu possa finalmente me despedir e descansar de meu corpo pesado.

Estou cansada, e imploro que retire de mim o gosto amargo do vinho feito de tristezas, uvas podres de solidão e anos de sofrimento em minha boca. Imploro que escute meus gritos e retire de mim meu coração, imploro que me dê uma razão, que me livre de minha escuridão.

Imploro que quebre o vinho que bebi, me retire da eterna tontura, que jogue fora minhas mentiras, por favor acabe com quem eu sou e me devolva de verdade.

Eu imploro a você, meu eu, que mate meu algoz e me liberte dos vidros que me cortam, que me  regaste do oceano na qual me afogo e me deixe ser quem eu sou, sem ter medo, sem receio de mim.

Retire o gosto amargo do vinho barato, e me dê a oportunidade doce que deixei passar com seus cabelos tão perto de minhas mãos e que agora não exergo mais.

Lágrimas e Vidro Para o JantarOnde histórias criam vida. Descubra agora