Esse amor exorbitante...

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Eu te vi partir, saindo pela mesma porta pela qual entrou, exatamente da mesma maneira: inesperadamente e sem aviso prévio para que eu me preparasse para o baque que viria. O chão que havia sob meus pés cedeu, foi como se todo o peso do mundo caísse inteiramente sobre mim e resultasse em uma queda livre, árdua e sem sinal de que acabaria e, se ousasse acabar, não seria comigo inteira. Hoje, em frangalhos, comparo a sua ausência à falta de ar que sinto algumas vezes: é incômoda, machuca e parece que vai me matar.

Ainda assim, mesmo depois de todo o mal que me causou, eu seria capaz de aceitá-lo de volta, mesmo sabendo que você faria tudo novamente, como um ciclo vicioso em que ver-me desfalecer aos poucos seria seu principal entretenimento. Acho que vivo em um relacionamento tóxico com o amor, pois ele fode o meu psicológico quantas vezes quiser, mas eu sempre o perdôo e o concedo todas as segundas chances que forem necessárias, porque sou totalmente dependente dele.

Eu seria capaz de me recompor apenas para observar o seu retorno, sempre disposto a me destruir mais uma vez. Louca ou masoquista, sigo me perguntando, quando é que vou largar o péssimo hábito de preparar a vida para quem não espera sequer o café ficar pronto, e quando vou aprender a me amar o suficiente para não deixar ninguém me pisotear desta forma tão cruel?

O amor é um perigo para quem não sabe qual a sua medida certa. Seja ele ausente ou exorbitante, a única certeza é que de ambas as formas ele está apto a provocar graves desmantelamentos. Esta falta de equilíbrio foi o que causou a perda de minha lucidez.

— Seria uma dose de amor próprio a sanidade que me falta?

Lágrimas e Vidro Para o JantarOnde histórias criam vida. Descubra agora