Thirty-tree

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Nini

O sinal tocou e lá estava eu com o meu moletom preto e meu drama lado a lado.

O dia estava tão chato que o céu até estava nublado, mas felizmente não tinha previsão de chuva ( pelo menos não pra hoje ), não estou com muita vontade de chegar encharcada em casa depois de passar o dia inteiro fora. E além do mais, eu também estou meio cabisbaixa por causa de Ricky. Quer dizer, ele mora a quase 1.400 milhas daqui de Salt Lake. Então é normal eu sentir saudade de alguns aconchegos né?

Ando até a saída do colégio prestando atenção em meu celular. Acabo tropeçando em alguma pedra mas caio em cima de um garoto que me segura. Nunca fui tão grata por isso. 

— Você tropeça em todo mundo que vê pela frente? — ele diz com um sorriso no rosto.

Tiro os meus olhos do celular e olho no rosto do garoto. Um sorriso de ponta a ponta aparece em meu rosto. E lá estava ele, Richard Bowen, com seus cachinhos molhados por algum motivo e seus olhos profundos com aquele sorriso no rosto.

— Ricky? — eu pergunto.

— Parece que alguém continua distraída. — ele diz segurando em uma das minhas mãos.

Nós dois olhamos para cima ao perceber que estava chuviscando. Acho que hoje a previsão do tempo estava errada em relação a chuva. Nos encaramos novamente e ele põe uma mecha de meu cabelo para atrás da orelha. Ainda com a mão em meu rosto ele me beija. Um beijo cujo eu não quero esquecer nunca mais.

Nós nos distanciamos e a chuva começou a piorar. Agora não era só os cachinhos de Ricky que estavam molhados, e sim sua roupa inteira por causa da chuva.

— Acho que a chuva não gosta muito da gente. — digo passando meus braços envolta do pescoço de Ricky.

— Com certeza. — ele diz com um sorriso no rosto.

— Mas o que você está fazendo aqui? Aonde você arrumou dinheiro pra ficar viajando assim?

— Eu já te respondo. Mas não é melhor a gente sair da chuva antes?

— Tudo bem. — digo rindo.

...

Passamos a tarde andando por ai no carro que o padrasto de Ricky alugou. Paramos no shopping pra fazer algumas compras e tals, ele parecia ser meu pai por que toda hora eu pedia pra ir em algum brinquedo no fliperama e o pior que ele também ia. Ficamos uns dez minutos do guitar hero por que eu não tinha coordenação motora.

Agora estamos indo para a minha casa. Quero ver a cara das minhas mães quando verem minha roupa e a de Ricky encharcadas. Ou elas vão rir, ou vão me criticar por estar com outro garoto.

— Você esta pronto? — pergunto olhando para Ricky ainda dentro do carro.

— Se elas estranharem, só corremos pro seu quarto e trancamos a porta. Qualquer coisa se você sentir fome eu saio pela janela e compro algo pra gente comer.

— Uau. Parece que Ricky Bowen já tem um plano.

— Eu sempre tenho um plano. — ele diz convencido.

— Você é muito exibido sabia? — eu digo enquanto ele sai do carro e logo após de terminar eu saio também.

— Eu sei. Mas você gosta de mim mesmo assim.

— Convencido. — digo e dou um selinho nele.

Puxo Ricky para dentro de casa e para o meu azar aparentemente estava tendo uma reunião de família, por que minha vó e minhas duas mães estavam na sala conversando. Após eu entrar a atenção das três se vira para mim e Ricky, e pelas suas caras o esporro não ia ser bom.

— Olha quem apareceu depois de passar o dia inteiro fora! Achei que não vinha mais para casa senhorita. — mãe D. diz se levantando do sofá.

— Eu amo quando você me chama de senhorita. — digo em sussuro.

— O que disse?

— Nada. — digo e olho para Ricky. — Pode subir vida, delas cuido eu. — dou ênfase no "vida".

— Qualquer coisa me chama. — ele tosse e faz uma voz mais grossa logo depois subindo com nossas coisas.

— Quem é ele?

— Meu novo namorado. Gostou?

— Parece que você não escuta o que eu digo, impressionante, agora você vai ter que aprender de outra maneira.

Minha mãe levanta a mão para mim mas antes que atingissem alguma parte do meu corpo Ricky aparece em minha frente e me abraça contra seu peito para proteger meu rosto. Mamãe C. levanta e puxa Dana para a cozinha. Parece que alguém se deu mal não é mesmo?

— Obrigada. — digo e beijo Ricky.

Meus beijos com Ricky estavam ficando mais frequentes, e eu realmente preciso parar com isso, por que se não quando ele for embora eu vou sentir falta.

— Vamos logo pro quarto. Sua família mudou muito nessas três semanas.

Ele segura em minha mão e subimos pro meu quarto. Eu me deito na cama e me enrolo em meio as cobertas. Ele pega o controle da televisão e faz o mesmo que eu.

Demoramos um pouco para escolher o filme mas acabamos escolhendo o mesmo que vimos a uns dias atrás. Stargirl. Esse filme teria realmente virado o nosso filme preferido.

...

Ricky e eu já tínhamos assistido ao filme e agora ele estava dormindo e eu estava abraçada à ele tentando fazer o mesmo. Mas impressionantemente o sono não vinha em mim, então decido falar com Ricky.

— Ricky? Tá acordado? — ele responde com um gemido e me abraça. — Podemos conversar?

Ele abre os olhos e sai do abraço. Seus olhos ainda estavam cansados mas acho que ele quer saber do que se trata a conversa à essa hora.

— Quando você voltar... isso tudo vai acabar? — ele dá um sorriso após eu perguntar. — Isso não tem graça ok?

— Não é que eu ache graça. É que eu acho uma pergunta desnecessária.

— Por que?

— Você acha que eu viria pra cá pra te ver atoa? Nini, você sabe o que eu sinto. Eu nunca vou te abandonar. E se depender de mim, isso aqui, nós, também nunca vai acabar. — ele termina e me dá um beijo na testa.

O resto da noite ( pelo menos eu acho ) foi comigo abraçada com o Ricky e ele abraçado comigo. Era disso que eu sentia saudade. Era dele que eu sentia saudade.

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Don't leave me again | Ricky x NiniOnde histórias criam vida. Descubra agora