Capítulo XXVII - Perseguição em Bucareste

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Eu estrava atrasada para o trabalho, resultado da noite mal dormida. Não me arrependia de perder quase a madrugada inteira de sono para me enroscar nos lençóis com Bucky, mas ao passo que andava apressada pelas ruas, me xinguei por esse pequeno ato de rebeldia. Esperava que a senhora Ardelean não ficasse furiosa com meus quarenta e cinco minutos de atraso.

Apesar de estar na correria e ter o risco de levar um belo sermão de minha patroa adorável, eu irradiava bom-humor pelas ruas de Bucareste. E o causador desse estado tinha nome e sobrenome: Bucky Barnes.

Bucky havia chegado mais cedo do trabalho na noite passada e arrumou um jantar especial para nós, com direito a velas românticas e músicas antigas tocadas por um rádio minúsculo. A princípio não me recordava de motivos para ter tamanha surpresa, até o soldado me puxar para um beijo e felicitar nossa liberdade. Só foi aí que me lembrei que naquele dia fazia um ano que tínhamos sido libertados da Hydra. Me senti culpada por ter esquecido disso, porém Bucky foi tão adorável em me conduzir para a mesa de jantar, que logo esse pensamento foi para o espaço e me permiti viver cada segundo, inclusive quando fomos nos deitar.

Dei um aliviado suspiro e diminui a velocidade dos meus passos ao avistar a placa da pequena livraria. Adentrei a loja ajeitando os cabelos desalinhados pelo vento. Senhora Ardelean, que estava sentada atrás do balcão, deu um pulo ao me ver e veio correndo ao meu encontro. Lágrimas acumuladas nos olhos os faziam brilhar e o rosto enrugado estava mais pálido que o normal.

Havia algo de errado e talvez não tivesse relação apenas com meu atraso.

- Ah Isabelle minha querida, estava morrendo de preocupação – inesperadamente, a senhora Ardelean me abraçou apertado – Você está bem?

- Eu estou bem – respondi saindo de seus braços – O que aconteceu?

- Não há tempo para isso, eu preciso que você me dê um relato detalhado de seu relacionamento com Bucky agora mesmo – ela me puxou para o balcão, forçando-me a sentar num banquinho – Por favor, seja totalmente sincera agora, não precisa mais fingir comigo. Agora eu sei de tudo.

- Perdão, o que está querendo dizer? – franzi o cenho, estranhando o comportamento.

- Eu sei o que Bucky é – ela pegou minhas mãos – Ele é o Soldado Invernal, um agente da organização Hydra.

O sangue parecia ter congelado em minhas veias. De repente, tudo ao meu redor começou a desmoronar, a vida normal que levava escorreu por meus dedos e eu enxerguei mais uma vez o amontoado confuso que era a vida de foragidos como eu e Bucky. A questão era, como a senhora Ardelean descobriu a identidade dele? Nós éramos cautelosos com cada passo que dávamos, saberíamos se tivéssemos cometidos deslizes que provocaria a revelação de nosso passado.

Senhora Ardelean deve ter interpretado meu estado de choque como algo negativo, pois ela apertou ainda mais minhas mãos entre as suas.

- Está tudo bem agora, querida – tentou me reconfortar – Ele não vai mais fazer mal a você.

- O que? – balbuciei, ainda em choque.

Com um suspiro, a senhora pegou o jornal e o entregou a mim. O peguei com os dedos trêmulos, ofegando ao ler a manchete estampada na primeira página. Bucky era acusado de explodir parte de um prédio em Viena, onde ocorria a reunião oficial do tal Tratado de Sokovia. O atentado deixou vários feridos e mortos, inclusive o rei de um país chamado Wakanda. A foto meio borrada de um homem parecido com o soldado se encontrava abaixo da manchete tenebrosa. Não podia ser Bucky, ele estava todo esse tempo em Bucareste, não tinha como ele fazer uma viagem rápida e secreta sem eu ter conhecimento, além disso, jamais passaria por sua cabeça cometer atos atrozes como aquele.

Vietny [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora