Capítulo XXX - Pronta para Obedecer

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Acordei com uma dor infernal de cabeça. Havia um peso batucando meu crânio, abrir os olhos foi uma tarefa árdua e demorada e me mover se mostrou uma tarefa impossível, sentia um peso enorme nos meus braços e pernas. Depois que consegui focar minha visão, não demorou muito para mim descobrir o porquê não conseguia me mover. Estava presa à uma cadeira, com correntes envolvendo meus pulsos, braços, coxas e tornozelos.

Mesmo com a cabeça pesada, arrisquei estudar o lugar onde estava. Era um galpão parecido com a que me escondi junto de Steve, Sam e Bucky, a diferença era que esse era mais frio, escuro e sujo. A luz do dia entrava pela janela imunda de poeira, iluminando o lugar abandonado, podia ver ferramentas jogadas no chão, caixotes, pedaços de cano e madeira empilhada do lado oposto da onde eu estava.

Respirei fundo, tentando manter a calma. Quem quer que tenha me sequestrado tinha o propósito de usar a Vietny, certamente para algo ruim. Não havia meios benéficos que utilizassem uma arma da Hydra. Eu precisava sair do galpão o quanto antes, pelo bem das pessoas e pelo meu próprio.

Pelo que parecia, eu era a única pessoa naqueles arredores. Aproveitei que meu sequestrador ainda não deu sinais de vida para fazer mais uma varredura no galpão, dessa vez a procura de alguma ferramenta que me ajudasse a arrebentar as correntes. Todavia, no fundo sabia que era uma tarefa inútil, eu não era forte como o braço de metal de Bucky para romper as correntes com um único movimentar, estava sozinha e ainda mal conseguia mexer meus membros. Podia sentir a pulsação acelerada do coração em meus ouvidos, o desespero crescente causou sudorese em meu corpo e se não fosse por estar presa, com certeza estaria tremendo de pânico.

Eu estava sem saída. Droga, por que tinha que ter saído do maldito balcão? Pela primeira vez, concordei com Bucky e culpei minha teimosia por estar ali. Se eu o tivesse escutado, talvez o sequestrador jamais teria me encontrado.

O gemido de uma porta sendo aberta chamou minha atenção, vinha atrás de mim. Passos começaram a ecoar, tornando-se cada vez mais altos conforme se aproximavam. Algo tocou suavemente meus cabelos, puxando uma generosa mecha conforme se movia. Um longo par de pernas dentro de uma calça jeans preta e o sapato escuro lustroso foram as primeiras coisas que vi.

- Finalmente acordou – a voz masculina me causou arrepios. Era igual a voz sussurrante do beco – Você dormiu por quase um dia.

Tomei coragem e levantei o olhar para encarar o homem. Seus olhos escuros me fitavam com certa fúria, os lábios bem finos se esticaram num sorriso que era para parecer convidativo, ao passo que o nariz reto tinha as narinas dilatadas pela respiração forte. Os cabelos castanhos estavam impecavelmente arrumados, com algumas mechas brilhantes de gel caindo pela testa.

- Então você não é um psiquiatra – afirmei com deboche – O que você é? Um psicopata?

Ele riu de minha insinuação.

- Psicopata não é o termo que eu usaria – massageou a mecha esticada de meu cabelo entre os dedos – Prefiro que digam que sou um vingador, como seus amiguinhos.

- Você não é um herói, é um assassino – expus meus dentes num sorriso ferino – Matou pessoas inocentes em Viena e para quê? Para ativar o Soldado Invernal e conseguir mais soldados para sua loucura?

- Os considera heróis? – perguntou curioso, agora enrolando meu cabelo no dedo indicador – Logo você Isabelle, uma assassina da Hydra há quase quatro décadas. Devia reconhecer gente como nós quando sabe tão bem de seus ofícios.

- Como sabe meu nome? – perguntei grosseira.

- Eu sei tudo sobre você – de repente, ele puxou a mexa com força, me fazendo inclinar a cabeça em sua direção – Isabelle Fernandez Meldezy, nascida em vinte e quatro de agosto de mil novecentos e cinquenta e seis. A joia preciosa de seu papai e da sua mamãe, dois médicos da Hydra que te submeteram ao teste do soro XZ. Hum... Pobre garotinha inocente, foi forçada a deixar a paixão por poesias de lado e virar um monstro...

Vietny [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora