Capítulo 10

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Acordei deitada na minha cama, o que era estranho, pois eu não me lembro de ter vindo para cá. Me lembro apenas de deitar na banheira e esfregar o meu corpo até ficar vermelho para ver se aquele sentimento de sujeira passava de dentro de mim. Acho que alguém me trocou e me trouxe para cá.

Alguém bateu na porta.

— Pode entrar. — eu murmurei baixinho, desejando que eu ficasse sozinha, olhando os meus braços vermelhos pelo dia anterior.

Era Mor, reconheci pelo seu cheiro.

— Oi, Luna! Eu trouxe o seu café da manhã. Sei que você não comeu nada ontem depois do café, então achei melhor trazer algo para você comer. Antes que pergunte, fui eu quem te troquei e te coloquei na cama, espero que você não se importe com isso. — ela disse deixando a bandeja em cima da minha cama e sentando ao meu lado.

Me virei para olhá-la, ainda sem me levantar. Eu não estava pronta para enfrentar essa situação e ela sabia disso. Ela entendia como era se sentir assim, suja.

Ficamos em silêncio durante um tempo. Mor não tocou no assunto. Ela apenas falaria algo se ela sentisse que eu precisava, mas agora, ela entendia que a única coisa que eu precisava, era de uma amiga.

Depois de algum tempo eu finalmente tive forças para me levantar um pouco, apenas o suficiente para me sentar na cama e comer.

Comi apenas um pouco. Mor, vendo que eu não iria comer mais do que isso, colocou a bandeja em um criado mudo que estava ao seu lado.

Eu olhei para ela e ela me olhou de volta com aquele olhar de compreensão. Ouvimos outra batida na porta, dessa vez, a pessoa não esperou uma resposta para entrar.

Nestha apenas entrou com um olhar de quem também me compreendia e sentou na cama em minha frente, sem dizer nenhuma palavra.

Eu olhei para as duas. Até que elas me abraçaram e eu me permiti chorar em seus braços.

Naquele momento, eu percebi que aquelas pessoas no meu quarto, não eram apenas as minhas tias, mas eram as minhas primeiras e únicas amigas.

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Passamos a manhã no meu quarto. Quando eu parei de chorar, começamos a conversar como se nos conhecêssemos a muito tempo. Não falamos sobre o que eu tinha passado. Eu ainda não estava pronta e elas entenderam isso. Conversamos sobre a minha obsessão com livros como a Nestha tinha e até sobre os nossos tipos de roupas favoritos. A manhã foi ótima com as meninas. Mas eu não poderia dizer o mesmo da tarde.

Descobri em meio de nossa conversa que Elain tinha saído de casa no meio da noite e não voltou. Ela fugiu. Pelo menos, essa planta será o menor dos meus problemas agora.

Saímos do quarto e fomos direto para a sala. Rhysand havia mandado uma mensagem para a mor em um papel, dizendo que era uma reunião urgente.

Chegamos lá e todos estavam apreensivos. O cheiro de sua raiva e confusão estava empregnando as minhas narinas.

— Tamlin está na barreira de Velaris. Ele disse que quer falar conosco e não vai embora sem que deixemos ele falar o que quer. — Rhys estava apreensivo. Eu também ficaria assim no lugar dele.

— Então vamos. O quê estamos esperando? Peça para que alguém o traga aqui. — Amren disse.

— Eu concordo com ela. Adiar essa visita daria uma dor de cabeça enorme e mais problemas dos quais não precisamos agora. — Feyre disse comprimindo seus lábios, não gostando nada daquela visita.

Rhys mandou Cass trazê-lo. Azriel estava ali também, eu conseguia sentir a sua presença de longe por conta do laço. Até o Lucien estava. Apenas Elain que não.

A Corte do Sol e da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora