Capítulo 42

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Nunca pensei muito em como eu morreria, mas morrer no lugar de alguém que eu amo parece ser uma boa maneira de partir.

Encarei aquela multidão sem fim sentada nas arquibancadas. Pelo visto, o herdeiro iria fazer todo mundo assistir a nossa morte, e eu não esperava nada a menos do que isso.

Por volta das cinco horas da manhã, fomos retirados da cela e levados (lê-se puxados/empurrados) até o local da nossa morte. 

Azriel parecia mais arisco essa manhã, respondia apenas o necessário, não que eu tivesse falado muito também. Cada um parecia viver em seu próprio mundo, presos entre os pensamentos criados em suas próprias cabeças.

— Estamos aqui para testemunhar a morte de dois inimigos. E que isso sirva de lição para aqueles que tentarem atacar a nossa ilha! — o Herdeiro virou-se para os lordes e cavaleiros, que pareciam os únicos que tinham um pouco de condição de vida naquele lugar horrível.

Os guardas que estavam segurando os prisioneiros gritaram sons incompreensíveis para uma pessoa que não comia e nem dormia direito há dias estendesse.

— Mas, como muitos de vocês acham que aconteceria hoje, a nossa pequena Luna não irá morrer na fogueira e, se bobear, nem irá morrer. Afinal, qual o pior destino para o seu inimigo sem ser aquele que é inevitável? A dor de viver em um mundo sem a pessoa que mais ama na vida — ele sorriu como se estivesse orgulhoso de si mesmo por pensar nisso.

Ah não! Tudo o que eu mais temia estava prestes a acontecer. Azriel seria morto e eu iria viver, até que conseguisse encontrar forças para implorar pela morte. Isso era cruel e eu não poderia deixar que acontecesse de forma alguma, ou não seria capaz de morrer com dignidade.

— Eu sabia que você nunca conseguiria me matar. Vejam, é isso o que vocês querem ter como rei? Alguém tão covarde ao ponto de não dar uma morte digna àqueles que merecem? Ou alguém que não irá matar uma inimiga, apenas por ter se apaixonado por ela? — eu disse com uma certa dificuldade.

Logo burburinhos começaram a se formar entre os nobres. O povo me encarava como se eu fosse louca por enfrentar o rei, principalmente naquele estado, mas eu não me importava com isso, afinal, todos têm um pouco de loucura dentro de si, e se isso me ajudasse no meu objetivo, eu estaria grata por ter essa loucura dentro de mim.

— Muito bem, atenção todos vocês! Eu irei provar que essa sujeita está errada, afinal, que tipo de rei eu seria se não provasse o meu ponto? — ele encarou-me nos olhos, enquanto proferia as palavras a seguir — Irei jogar Luna Archeron na fogueira e, a fim de provar que a mesma está errada, irei matá-la primeiro, afinal, eu nunca conseguiria matar alguém que amo — ele zombou em suas palavras finais. 

Um arrepio percorreu meu corpo. Eu quem deveria sentir a dor de apagar um laço de parceria e não ao contrário.

Vaias foram ouvidas, mas desta vez, o povo que estava reclamando. Agradeci a Mãe mentalmente, pois eu sabia mais do que ninguém o que a opinião de uma população poderia fazer, afinal, no meu mundo antigo, eu era do Brasil!

 — O.K.! A Luna irá morrer na fogueira, mas antes terá que me ver matando o seu parceiro como a sua mãe matou um feérico anos atrás, com uma flecha no coração! — O Herdeiro sorriu quando todos, até mesmo aqueles de menor renda e que o odiavam, aplaudiram a sua fala.

Fui puxada e amarrada em um poste de madeira, com algumas palhas ao lado, enquanto Azriel fora puxado até a frente de um dos alvos.

Avistei o Herdeiro escolher com atenção qual arco usaria, seus olhos brilharam de felicidade e, por apenas um instante senti aquele fogo correndo em minhas veias, aquela vontade insaciável de querer justiça, mas isso passou tão rápido quanto chegou.

A Corte do Sol e da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora