Capítulo 16

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Aterrisamos delicadamente. Azriel me carregou como se eu não passasse de uma pena em seus braços e me desceu com tanta graça e leveza que eu quis quase que ele sempre me levasse para voar. Quase. Porque, por mais que o Cass tenha feito eu quase vomitar em nosso voo, eu me diverti muito com a Nestha brigando com ele e se eu tivesse que passar por tudo aquilo de novo só para ver isso novamente, eu faria sem pensar duas vezes.

— Então, vamos só andar, ou você quer ver algum lugar em específico? — Azriel perguntou retirando os seus braços de minha cintura que, até então, eu não tinha percebido que estavam repousados ali.

Eu até poderia responder, mas derrepente virei a minha cabeça para perto do rio. Dezenas de crianças brincavam de guerra de bolas de neve ali. Em seu olhar havia apenas um brilho de alegria e diversão. Em seus rostos um sorriso tão grande que poderia rasgar os seus delicados rostos.

— Aquelas crianças são do Orfanato dos Sonhos. Feyre criou um tempo após a guerra, para as crianças que perderam seus pais nela, ou crianças que fugiram de casa buscando abrigo, ou até mesmo... você sabe. — Azriel disse virando o olhar para as crianças e passando sua mão atrás da cabeça, um sinal claro de que ele estava um pouco desconfortável.

Sim, ela sabia. Algumas crianças ali eram abusadas pelos pais, seja fisicamente ou psicologicamente, como foi o caso dela. Mas ela não sentiu pena das crianças quando Azriel contou sobre isso, muito pelo contrário, ela sentiu orgulho de vê-las ali agora, a salvo e felizes.

Andamos por algumas ruas, até que parei em frente a uma vitrine. Aquela roupa era linda. Era como se fosse um macacão, clássico e sofisticado, porém muito bonito. Ela já estava imaginando que joias poderia usar com ele. Mas então, se lembrou. Ele marcava muito o seu corpo. Ela estremeceu. Odiava se sentir assim, ruim.

— Hey, Luna! Está tudo bem? — Azriel perguntou. Ela levaria um susto se não estivesse pensando tanto em outras coisas naquele momento.

Ela olhou para aquela roupa mais uma vez. Pela Mãe! Como ela queria ser bonita para ser digna de usar algo assim. Ela suspirou e se virou para Az, vendo em seu rosto, uma cara de preocupação.

— Sim, estou bem.

Eles continuaram a andar. Azriel sempre a guiava mostrando o melhor de sua cidade. Era nítido a alegria do mestre espião.

Algumas pessoas até começaram a encarar um pouco, pois não era comum ver o Encantador das Sombras tão aberto assim, sem muitas sombras tampando o seu caminho.

Senti mãos tamparem a minha visão em uma esquina. Já estava me preparando para quebrar o braço de qualquer idiota que estava tentando fazer alguma gracinha, quando senti uma respiração perto do meu ouvido. Era Azriel, reconheci pelo seu cheiro.

— Eu vou te guiar um pouco mais assim. Quero te mostrar uma coisa, mas, para isso, você terá que confiar em mim. — ele sussurrou no meu ouvido.

Aleluia arrepiei. Ele estava tão perto que eu poderia tocá-lo se quisesse. Acenei levemente com a cabeça, para que ele prosseguisse com isso.

Andamos em uma linha reta e, então, paramos. Para falar a verdade, Azriel que parou, porque eu quase cai.

Senti ele andar para o meu lado, sem tirar as mãos dos meus olhos. Eu estava ansiosa, é claro. Mas a minha família confiava no Az. Eu confiava no Az, pelo menos como um amigo.

— Pode abrir. — Azriel disse baixinho, retirando suas mãos de meus olhos.

Soltei um grito um pouco alto. Eu estava no quarteirão dos artistas e, em minha frente, estava uma loja um pouco abandonada. Azriel estava em sua frente, nem tinha percebido quando ele tinha parado ali. Ele estava estendendo em sua mão, nela havia uma chave. O olhei com confusão. O quê diabos significava tudo aquilo?

A Corte do Sol e da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora