Capítulo 5

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Temos diferentes costumes de como esfriar a cabeça quando estamos a ponto de explodir, naquele momento em que precisamos de um tempo para pensar e tomar decisões importantes. Tem quem goste de ficar sozinho, quem gosta de ficar com a família, normalmente passear, minha mãe costumava ir ao shopping.

Eu gosto de estar dentro de um avião, para mim não tem remédio melhor para organizar as ideias do que dentro dessa lata voadora; olhar o céu, ver o quanto ele é imenso e como nós nos tornamos apenas pequenos pontos insignificantes... Até sumir.

Acabei agradecendo ao Jorge por não ter me deixado cometer loucuras quando estava visivelmente fora de mim, depois que ele me trancou acabei correndo para o banheiro, vomitei a noite toda e dormi por lá mesmo.

A sorte foi que meu celular caiu no chão e eu não estava pensando o bastante para procurá-lo e ligar para ela.

Sorte. Que piada!

Me organizei e em uma das minhas listas e diálogos fictícios tudo daria certo.

Realmente eu não tinha motivos para dúvidar dela, é bom a Jana estar saindo, se divertindo e não vivendo somente em prol do trabalho e das meninas.

O que me incomoda de verdade é a mentira por esse mané.

Aquele tipo de homem me incomoda.

Eu nunca prestei e sempre deixei bem claro isso, apesar de tudo a Janaína sempre esteve ciente dos meus sentimentos, dos meus pensamentos e desejos, tanto por ela quanto pela Angel, eu sempre sou e sempre fui extremamente transparente.

Por isso conheço aquele tipinho igual do mané, se faz de bobo, finge ser amiguinho e na verdade só quer comer pelas beiradas — só que coitado dele, pois aquele manjar já tem dono e posso não estar cem por cento presente (ainda!), mas só nós sabemos o quanto funcionamos bem juntos e não tem ninguém nesse mundo capaz de estragar.

Além de eu mesmo, sei que iria me dizer isso e eu até mereço.

Quando pousei em São Paulo já estava calmo e focado na missão de não meter os pés pelas mãos, peguei meu carro focado a ir para Sorocaba, chequei o celular e ela ainda não tinha nem recebido minha mensagem, provavelmente com o celular descarregado, mas não tem problema.

A Janaína está morando em uma casa no estilo chalé que tem no terreno dos Gupper, Angel prometeu que construiria para ela e antes mesmo das gêmeas completarem seis meses minha mulher já estava morando lá e tendo um pouco mais de independência do que tinha estando no quarto dentro da casa — a Jana é muito teimosa, não aceitou morar na casa da piscina pois dizia ser um exagero e teria que ser toda reformada e modificada para ela, então acabou aceitando o chalé por ser bem menor e um pouco mais longe da casa principal.

Eu sou um homem exagerado, sempre tive bons apartamentos e casas, meus imóveis não são nada humildes e gosto desse exagero... Mas o Emerson não teve dó nenhuma de gastar dinheiro ao comprar aquele lugar, já era grande e ele fez de tudo até ficar um mini palácio para a Angel e suas filhas — até porque eles pretendem ter mais filhos, então a casa tinha que ser no minimo gigante para caber todo mundo.

Demorei para chegar em Sorocaba, o Edyy ligou me cobrando de passar na agência da matriz para acertar alguns pontos e achei melhor já resolver agora e não na volta. Quando sai da C&C já era quatro da tarde e a mensagem marcava entregue no celular da Jana, ainda sem ser visualizada.

Cheguei no condomínio já era mais de seis horas da tarde, eu estava passando minha digital de morador na entrada da portaria quando vi um carro preto saindo e dentro dele estava ela.

E como todo castigo para corno é pouco o mané quem dirigia.

Como já tinha passado a digital tive que fazer o retorno para sair novamente, achei que não daria tempo de segui-los, mas como o condomínio é mais afastado tem um pequeno caminho antes da estrada que me possibilitou alcança-los sem precisar cometer uma loucura dirigindo.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora