Eu estava em um dos melhores sonos da minha vida quando acordei com alguma coisa sendo jogada na minha cara.
- Ah mano - ouvi o resmungo exagerado do meu filho e abri os olhos percebendo que ele tinha arremessado uma almofada para me acordar. - Mãe, não acredito - ele continuava reclamando com a sua voz extremamente manhosa e mimada. - Hoje é o meu aniversário, era para eu estar sendo acordado com panquecas e não encontrando meus dois pais jogados na sala.
Me sentei no sofá sentindo o corpo dolorido por ter dormido de mal jeito, ainda estava sem entender o motivo do surto, mas assim que despertei direito entendi o que acontecia.
Lembro plenamente, embora já estivesse alterado, até a parte onde nós esvaziamos a terceira garrafa de vinho, depois disso só alguns flashs de nós rindo à toa. Entramos para dentro da casa, eu peguei a chave do carro para ir embora e ela tirou da minha mão a jogando para longe alegando que eu não iria para lugar nenhum depois de termos bebido tanto... Então eu sentei em um sofá reclamando e ela no outro debatendo, acabou que nós dois dormimos e aqui estamos levando lição de moral do próprio filho.
- Ah Lívio, para de drama - esfreguei os olhos e puxei fundo o ar me levantando para abraçá-lo. - Parabéns filhão.
- Você está fedendo, sai pra lá - fazendo uma careta ele se afastou e apontou para a Jade que ainda estava jogada no sofá, com uma perna para cima e as mãos tapando os olhos. - Vocês estão bêbados? Eu não acredito que fizeram isso comigo no dia do meu aniversário - gritou e a Jade fez um barulho com a boca para ele ficar quieto.
- Ei, ei, ei, vamos parar com o drama, tá legal? - tomando a frente da situação ela levantou e eu contive o riso.
Seus cabelos estavam revoltos e desgrenhados com fios acima da orelha, a maquiagem borrada e as roupas amassadas. Eu ri sem conseguir me controlar e ela me acompanhou, o que só fez aumentar o bico do meu filho.
- Vocês são inacreditáveis - bateu o pé.
- Certo, já chega. Vou subir, tomar um banho, colocar uma roupa limpa e quando eu voltar já serei a mamãe maravilha de novo, aí nós vamos receber ao buffet e fazer essa festa acontecer - definiu o roteiro se levantando e chegando perto do bicudo. - Feliz aniversário meu menino - desejou mais baixinho o aninhando em seus braços.
De repente fiquei sem ar. A cena é de tirar o fôlego.
Posso estar sendo irracionalmente egoísta, mas aquele é o meu lugar, aquela é a minha família e não vejo possibilidade de eu permitir que outra pessoa tenha esse tipo de memória. Não, não, mais ninguém senão eu.
- Beleza, então mãe pra cima, pai você também, vai tomar um banho e já volta pra ajudar - o humor do meu pivete mudou e ele estava feliz.
As vezes o Lívio parece uma criança e não um adolescente de quinze anos.
A Jade deixou um beijo na testa dele e subiu correndo as escadas enquanto eu passei a procurar a chave do carro que lembro mais ou menos onde ela jogou ontem à noite.
- Pai, é? - incitei e ele revirou os olhos.
A única outra vez que tinha me chamado assim foi no dia da merda na casa dos Gupper.
- Já são onze horas, você tem uma hora e meia, no máximo.
- Tão parecido com a mãe - soltei caminhando até a porta e ele não se conteve, soltando uma risadinha baixa.
Fiz como o programado por ele, voltei para casa, tomei um banho, me arrumei, peguei o presente e me enrolei um pouco com um cliente que tinha estourado uma bomba na mídia por causa de uma briga com a mulher, que agora virou ex.
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Infinitamente Minha
RomanceA nossa cabeça é capaz de nos pregar muitas peças, é incrível o quanto podemos nos cegar para o que está a nossa frente por causa de uma ilusão fixada no nosso subconsciente. Otávio Castro, no ápice da sua melhor forma física, estava totalmente des...