Capítulo 51

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Os primeiros meses morando em Sorocaba foi uma confusão só.

Mas não uma confusão ruim, pelo contrário, uma confusão gostosa de euforia, êxtase, ansiedade, descobertas e diversão.

Morar com a Jade é especialmente intrigante, sempre tive fixado na cabeça que morar junto é algo maçante e desafiador, dizem que o primeiro ano morando é o mais difícil, mas morar com uma Sharp é sinônimo de sexo e diversão.

Ela é engraçada, linda, naturalmente envolvente.

Eu me pego várias vezes no dia apenas a olhando admirado enquanto a vejo dançar ou falar sobre o seu dia.

Agora ela é dona do próprio negócio, abriu a Sharp Ballet no centro da cidade e o novo estúdio está indo muito bem. Ela se empenhou muito e vê-la colhendo os frutos dia a dia é revigorante, eu não a via tão feliz em relação ao balé desde a época do ensino médio. A companhia em Londres, apesar de ser conceituada e renomada, acabou tirando o seu brilho, mas desempenhou bem o seu papel ao trazer muitas alunas por conta do nome de peso como referência.

Já eu estou apostando em novos ramos, testando o mercado do interior e buscando saber o que o meu coração quer - sei que é algo besta, mas tenho investimentos e participações em empresas o suficiente para me permitir testar e é algo que estou fazendo; buscando algo que me faça ficar consideravelmente ocupado, mas que não tenha que me tirar muito tempo com a minha família.

Ultimamente considero entrar nessa onda do agronegócio, a Jade está curtindo bastante a ideia do Agroboy, até me comprou um chapéu e botinas.

- Se continuar batendo o pé assim vai abrir um buraco - alertei a minha namorada pela milésima vez.

Estamos na varanda de casa e nosso filho está exatos doze minutos atrasado.

Hoje faz um ano desde que nos mudamos para Sorocaba e tanta coisa boa aconteceu desde então que nem sei por onde começar.

Agora nós somos avós e nossa pequena Lizzie já tem três meses. Ela é perfeita. Muito perfeita, perfeitinha em cada mínimo detalhe; na pele lisinha e bronzeada, na mãozinha roliça de dedos curtinhos, nos olhos castanhos, na boca de coração, no cabelo ralo, na gengivinha banguela... É tudo maravilhoso e no devido lugar. Lizzie é um anjinho que veio fazer parte da nossa vida e trazer alegria para nós.

Com o tempo fomos nos acostumando com a Maria Luiza e aceitando-a como parte do pacote. É perceptível que o Lívio está cada dia mais encantado por ela e não é somente pela bebê, eles estão tendo um relacionamento aparentemente saudável e mesmo achando que é tudo cedo demais e que esse é apenas o primeiro namoro, nem eu e nem a Jade nos metemos novamente na vida íntima deles.

Nós desistimos do teste de DNA depois de um dia que fomos a um resort em família e vimos como a Maria Luiza tratava o nosso filho e vice versa, ela já estava de quase oito meses de gravidez e era nítido que a diferença de idade deles não era um empecilho ou fingimento. Então colocamos na nossa cabeça que independente dele ser o pai biológico ou não, pai é quem cria. Só que quando a Lizzie nasceu foi claro para todos que a Maria Luiza não estava mentindo quanto a paternidade e mesmo deixando claro que não precisava do teste, ela fez questão e praticamente esfregou na nossa cara o 99,999% de compatibilidade.

Foi engraçado, a Jade ficou com o rosto vermelho feito um pimentão e apesar de ter sido um pouco desnecessário, isso só aproximou as duas, minha mulher viu na Malu a mesma garra e força que ela tinha e finalmente a paz reinou entre elas - principalmente quando eles toparam viver com a gente, aí sim ela ganhou o amor da minha mulher.

Como eu e minha namorada barra futura mulher estamos gostando (e muito) da vida a dois, decidimos fazer uma surpresa e presenteá-los com uma casa aqui no condomínio, mas diferente da casa da Joana, que começou do zero, essa já estava pronta e é bem menor e mais simples que a nossa.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora