Capítulo 38 - POV. Jade Sharp

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Dançar sempre foi a minha paixão, mas quando minha cabeça está cheia sei que ultrapasso os limites do meu corpo para tentar expressar e me permitir jogar para fora as frustrações.

É assim que me sinto, frustrada.

Frustrada com tudo ao meu redor; com a companhia, com a minha irmã, com meu filho e principalmente com o pai dele.

Como você foi cair no papinho furado daquele mulherengo? Essa pergunta martelava minha cabeça sem parar enquanto sentia as gotas de suor deixar o meu corpo.

De novo sua burra, de novo você deixou que ele fodesse com a sua cabeça! Não consegui conter as lágrimas, elas escorriam sem permissão e sem parar, em uma quantidade tamanha que mesmo contra minha vontade tive que parar de dançar.

Você sabia que isso iria acontecer, sabia que ele iria brincar com seus sentimentos e mesmo assim aqui está você! Minhas pernas cederam e cai de joelhos no chão, chorando, suada, exausta física e emocionalmente, se me perguntar eu não sei nem te dizer há quantas horas estou aqui.

Vai lá, você não disse que saberia lidar com isso? Então esquece ele, como diz na música, "esquece aí, você não é a bichona"? As vozes na minha cabeça só traziam mais dor, tornando tudo pior, quase uma tormenta.

Em algum momento consegui forças para me levantar, fui até o banheiro do meu quarto e peguei o calmante que há muito tempo não tomo.

Isso mesmo sua covarde, essa é a solução para tudo, não é mesmo? Virei três deles em busca do alívio que o efeito me dá, engoli a seco os comprimidos com a esperança de passar logo e deitei na minha cama mesmo estando suja e molhada.

Foda-se, só quero que esse inferno passe logo.

Também não sei dizer quanto tempo apaguei, só sei que acordei porque estava sendo chacoalhada pela minha irmã.

— Você está louca? Quer me matar do coração? — ela começou a gritar e me bater quando percebeu que eu tinha despertado.

— Não posso nem dormir mais na minha própria casa — reclamei me sentando na ponta da cama, ainda meio zonza e molenga. — Eu não tranquei a porta? Como você entrou?

— Com a chave né, sabe que horas são? Seis da tarde — ela mesmo perguntou e já respondeu, eu só a ignorei me levantando para tirar esse colã que está realmente colado agora.

— A chave que eu te dei é só para emergências, o que você quer Joana? Não é uma boa hora.

— Queria te chamar para dar uma volta, eu e o Mike vamos no shopping — fui até o banheiro e liguei o chuveiro querendo deletar minha irmã, mas ela me seguiu.

— Deus me livre, não mesmo, obrigada — ela e Mike David é um casal que não faz o mínimo de sentido para mim.

— Eu e o Mike vamos nos casar Jade, você podia pelo menos fazer um esforço para fingir que está feliz por mim — pronto, precisou de poucos minutos para ela emburrar.

Tomando a melhor decisão possível, eu a ignorei entrando debaixo do chuveiro gelado.

Fechei os olhos e respirei fundo sentindo as gotas geladas cortar minha pele.

— Que delícia, é disso que eu precisava — nem reparei que tinha falado em voz alta, na verdade nem sei se falei ou não, ainda estou meio grogue.

— Vai me ignorar? — minha irmã continuava a me incomodar.

— De preferência...

— Sério Jade, de todas as pessoas no mundo que poderiam me julgar nunca imaginei que seria logo você — me acusou e abri os olhos para encará-la sentada no meu vaso sanitário, com a tampa fechada e braços cruzados.

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