Capítulo 14

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Só no domingo que a Jade respondeu meu convite para o almoço, não foi bem uma resposta, só recebi a mensagem dela dizendo que em vinte minutos descia para minha casa, estava respondendo um e-mail e quando visualizei a mensagem já tinha se passado dez minutos então tive que correr tomar banho.

Quando sai do banheiro ouvi a porta da frente.

— Margarida, cheguei — ela gritou lá de baixo e só abri a fresta da porta para gritar de volta.

— Já estou descendo.

Coloquei uma calça jeans e um tênis slip on preto, procurei a camisa que eu tinha acabado de comprar no aeroporto e lembrei que estava lá embaixo, então passei o desodorante e perfume. Como de costume me olhei no espelho para arrumar o cabelo quando lembrei que tinha ido no barbeiro ontem e cortei no volume três, deixando bem baixinho, o diferencial agora é a barba que estou deixando crescer e já está aparente.

Quero mudanças e aquela seria somente a primeira.

Um lembrete para o Otávio que quero me tornar.

Desci as escadas com o celular na mão, a Jade estava sentada no sofá com as pernas cruzadas e passando os canais da TV com o canudo de um suco de caixinha na boca, assim que ela me viu consegui reparar no movimento da sua garganta subindo e descendo após engolir o líquido, seus olhos mestiços piscaram três vezes na minha direção e então desceram pelo meu abdômen que estava exposto.

Eu nunca tinha visto aquele olhar de cobiça da parte dela por mim e me surpreendi quando meu corpo respondeu arrepiando os pelos da minha nuca.

— Gostando do que vê? — perguntei sem conseguir conter minha língua pronta para alfinetá-la, a Jade desviou o olhar do meu abdômen para o meu rosto e quando percebeu o que estava acontecendo revirou os olhos para mim.

— Me poupe Otho, mas até que está bonitinho de barba, vamos logo que estou com fome — ela desligou a televisão e se levantou pegando a bolsa na mesinha de centro.

— Está com o seu carro? — tive que gritar já que ela sumiu para dentro da cozinha com o suco.

— Não — respondeu aparecendo com a chave do meu carro na mão. — Deixa que eu dirijo.

— Mas nem ferrando — tirei as chaves dos seus dedos e ela fez uma careta aproximando as duas sobrancelhas.

— Você vai assim? — ela apontou para o meu peito e eu fui até a mesa de jantar onde tinha bagunças e sacolas.

— Melhor? — coloquei a camiseta e abri os braços me amostrando.

— Ficaria se me deixasse dirigir — ela piscou os olhos de gato do Shrek para mim e eu ri caminhando para fora do apartamento.

— Vai precisar de muito mais que isso para me convencer — digitei o andar do estacionamento e esperei ela me alcançar. — Estava no seu amigo?

— Por que a pergunta? — a Jade pegou um elástico na bolsa e ficou de frente para o espelho arrumando os fios do cabelo para prender em um rabo de cavalo.

— Chegou rápido, está sem carro... E eu vi a sua foto no Instagram.

— Ficou entediado no Brasil e decidiu cuidar da minha vida? — a risada dela preencheu o elevador e reparei os fios que soltava do rabo de cavalo para que preenchesse um pouco do seu rosto fino.

— Você anda doce igual coice de mula — resmunguei saindo do elevador, ela ficou em silêncio até entrarmos no carro.

— Me desculpa pela crise, não era um bom dia — a olhei pelo canto do olho e juntei os lábios concordando.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora