Capítulo 16 - POV. Jade Sharp

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Março de 2021,
balada Playoff



- Otávio do ensino médio? - minha irmã estava visivelmente em choque quando bateu os olhos nele e viu que o meu filho era sua cópia exata.

Pelo olhar pedi para que ela ficasse em silêncio e guardasse qualquer comentário para depois.

- Acho que eu estou sobrando. Bom, foi um prazer revê-las - ele se afastou de nós completamente alheio a confusão que acabou de me arrumar.

- O que é isso? Surto coletivo? - perguntou com a cara emburrada igual a da mamãe.

- Jô... - tentei acalma-la, mas minha irmã já estava um pouco alterada e não iria passar pano nessa minha mentira que sustentei durante tantos anos.

- Não me venha com Jô, Jade - ela afastou suas mãos de mim e bateu no balcão. - Esse cara não tem a mínima ideia de que tem um filho, estou errada? - chutou e eu engoli a seco o nó que se formou na minha garganta.

- Você não entende - engoli as lágrimas do passado que queriam voltar à tona.

- Todos esses anos... Você sempre me disse que ele sabia, falou para o Lívio que ele sabia, mentiu para ele também, se seu filho dissesse que queria conhecê-lo o que você teria feito? - me acusou apontando o dedo para mim.

- E você acha que é fácil Joana? Eu fui humilhada e ele nem sabia que eu estava esperando um filho dele, o que você queria que eu fizesse? Ele iria me pedir para abortar - gritei o óbvio, porque era a verdade.

- Você não sabe, não deu a chance para ele - seus olhos azuis me julgavam e aquilo doeu mais que uma facada em mim.

- Eu não daria esse gostinho para ele, o Lívio teria sido um fardo para o Otávio de dezessete anos - mordi o lábio inferior para manter a postura e não deixar o choro me dominar. - E ele nunca foi um fardo para mim, nós o amamos e cuidamos dele muito melhor do que o pai biológico teria cuidado.

- Não estou falando que você é uma péssima mãe, estou dizendo que o cara está aqui e não sabe que tem um filho com a barba maior que a dele - ela apontou para a multidão.

- Por isso nunca te contei, porque sabia que você iria me julgar como está me julgando - peguei o copo de tequila e virei de uma vez.

- Irmã...

- Irmã o caralho Joana, eu amo você e respeito muito você ter deixado a faculdade e a sua vida para vir morar comigo em Londres e me ajudar com o Lívio, mas por favor não julga essa escolha minha, o meu filho tem um pai que por muitos anos foi um super pai para ele, não queira desmerecer o Apolo porque apesar de todos os defeitos ele sempre esteve lá.

- E onde ele está agora? - a ironia me pegou desprevenida.

- O que quer que eu faça Jô? Quer que eu vire para esse cara que nem lembra que transou comigo e fale que ele tem um filho que vai fazer quinze anos? Aproveito e pergunto se ele está afim de conhecer?

- Pois é, olha a situação que você se enfiou... E o que pretende fazer? Ficar bancando a amiguinha e fingir que não tem um marmanjo igual ele que te chama de mãe?

- As vezes eu quero matar você, sabia?

- Por eu ter razão? Eu sei, mas Jade, olha a merda da situação, o cara pode até te colocar na justiça, sei lá.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora