Eu tinha duas opções, casa da Joana ou dos Guppers.
Como o mais sensato é ela ir para a irmã, sai em disparada para a casa da frente em busca da minha feiticeira nervosinha.
— Você está encrencado — a Mariana sussurrou assim que abriu a porta.
— Boa tarde — ela me deu passagem para entrar e fiz de imediato.
A casa da Joana também não é muito extravagante, apesar de ser bem luxuosa e grande. Vou contar um segredo, mas se perguntarem irei negar veementemente: ela fez o segundo andar inteiro somente para guardar coisas.
Sim! É verdade, eu não minto.
Ela fez uma puta de uma casa linda para caralho e usou o segundo andar inteiro para tralhas — se ela me ouvir dizendo isso vai me xingar até a última geração, mas é um fato irremediável e é só acessar a escada que você irá ver com os próprios olhos: cômodos e mais cômodos de tranqueiras.
A Jade costuma dizer que ela sofre de RHMH, que segundo ela quer dizer rompante habitual de mal humor, não dúvido que sofra de problemas de humor, mas também não acho que exista essa condição patológica, porém é fato que ela tem Disposofobia e deve acumular até mesmo as calcinhas usadas.
Brincadeira, não é para tanto.
— Amor — chamei pela Jade, ela estava sentada na mesa junto com a Joana, os olhos vermelhos e rosto inchado.
— Depois nós conversamos Otávio — me fitou por alguns segundos e desviou o olhar de volta para a irmã.
— Para com isso amor, você sabe que é loucura o nosso filho se casar agora...
— Não, loucura não... É o fim da vida, não é mesmo? — me interrompeu usando minhas próprias palavras contra mim.
— E é mesmo, ele tem dezessete anos — exclamei o óbvio.
— Eu até gosto da Malu, mas casar agora é burrice — a Joana se intrometeu para o meu bem.
— Está vendo só — apontei para a irmã como se a opinião dela pudesse me ajudar em alguma coisa.
— O problema não é esse e você sabe — ela rosnou contra os dentes, parecia uma fera contida. — O problema é o modo que você falou, nós moramos juntos, é como um casamento, está arrependido por isso? Porque do jeito que você falou parece que sim.
— Mas é claro que não, eu não estava falando de nós — queria me aproximar, mas continuei há uns três passos de distância, em uma zona segura para as minhas bolas. — Não acho o casamento uma coisa ruim Jade, mas um moleque como o Lívio se casar por causa de uma gravidez na adolescência, isso sim é péssimo.
— Você falou de um jeito como se eu fosse um peso para você, eu não estou pedindo para casar — fungou e eu dei risada em ver minha mulher tão sensível.
Uma coisa que morar junto me fez perceber é que a Jade fica extremamente sensível em seu período pré-menstrual e como isso sempre acontece no final do mês, provavelmente esse é o motivo desse estresse e sentimentalismo.
— Eu sei que não quer se casar comigo Jade, você deixa isso claro pelo menos uma vez por semana — fiz como ela é acostumada a fazer e revirei os olhos.
E é só por isso que ainda não pedi...
— O que? Como assim? — franziu o cenho.
Passei a mão pela barba tentando me acalmar, estou nervoso para cacete, soando e começando a ficar estressado.
— Toda vez que vemos um filme de casamento você diz que é cafona, tira sarro de mim quando sou romântico e deixa claro que sou apenas o seu brinquedo sexual e por consequência pai do seu filho — acusei sem medir as palavras e só lembrei que tinha mais gente quando ouvi as risadas femininas.
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Infinitamente Minha
RomanceA nossa cabeça é capaz de nos pregar muitas peças, é incrível o quanto podemos nos cegar para o que está a nossa frente por causa de uma ilusão fixada no nosso subconsciente. Otávio Castro, no ápice da sua melhor forma física, estava totalmente des...