Capítulo 36

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Fizemos o check-in no hotel logo cedo, eu pretendia ir à tarde, mas o Lívio me acordou com uma disposição do cacete que chega a me deixar nos nervos, então já com a falta do sono eu cedi e colocamos o pé na estrada antes das oito.

Óbvio que tudo isso não é por conta do belo ponto turístico da cidade do interior, mas sim pelo belo chá de boceta que a gerente do hotel deu nele. Algo dentro de mim me alertava que eu tinha que contestar por ser o mais velho, mas eu fiz até pior, cheguei a pegar uma de trinta e poucos na idade dele, então quem sou eu para julgar?

O pai, sei que me diria isso, mas não tenho muito no que contrapor, já aceitei que a qualquer momento a Jade vai me pegar pelas bolas mesmo, então o que é um peido para quem já está cagado?

Como é domingo sei que o Emerson deve estar na casa dele curtindo com as meninas, eu poderia ligar para avisar que estou indo, mas caso eu for e ele não esteja, ainda posso voltar para trás.

— Você vai comigo? — perguntei para o meu filho.

Desde que chegamos ele está largado na cama com os fones de ouvido, não vimos a tal da Maria Luiza então acho que isso apagou o fogo de hoje cedo.

— Vou tirar um cochilo, boa sorte — me respondeu se virando na cama.

— Adolescentes — bufei fechando a porta do quarto.

O caminho foi tranquilo até o condomínio, cidade pequena é totalmente diferente das grandes capitais. Enquanto dirigia fiquei pensando que realmente gostaria de vir morar aqui, é muito melhor viver e envelhecer no sossêgo, não só eu, mas minha família toda.

Já pensou se a Jade topasse vir morar aqui comigo e o Lívio?

Mas aí ela teria que ser só minha. Minha mulher.

— Senhor, está liberado — o segurança da portaria veio até mim para indicar que eu seguisse.

— Sim, desculpe — gaguejei tentando entender para onde meus pensamentos anda me levando.

Eu e a Jade.

Faz muito sentido.

Eu quero muito.

O problema é que quando se trata dela parece que eu só faço cagada.

Mesmo não querendo, quando abro a boca sempre a afasto de mim.

Estacionei na frente da mansão dos Gupper e suspirei criando coragem, eu sei o que devo fazer, mas algo lá no fundinho só repete que eu posso deixar de lado assim como fiz esses anos todos.

Criei coragem e andei até a porta de entrada, respirei fundo algumas vezes antes de bater.

Toc Toc Toc.

Esperei, esperei, esperei...

Quando já estava a ponto de dar meia volta e desistir, o Emerson — justo ele! — abriu a porta abruptamente. Nos encaramos por um tempo, não falei nada e ele também não, ambos em uma guerra silenciosa para ver quem cederia primeiro.

E como eu sou o filho da puta errado, cedi.

— Me desculpa primo.

Ele não disse nada, continuou me encarando com o semblante fechado por de baixo da barba grande com alguns fios brancos. Eu já devia prever, o murro veio certeiro no meu nariz e a dor foi tamanha que dessa vez, ao contrário da última, ele realmente conseguiu quebrar.

— Agora sim te desculpo — sorriu para mim balançando o punho, como se estivesse sentindo dor pelo soco.

— Seu filho da puta instável — ralhei alto, bravo por ser sempre assim. — Porra Emerson, doeu.

Infinitamente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora