TRACK 12

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No dia seguinte, Jongin acordou se sentindo como se tivesse sido atropelado por um caminhão – um caminhão com uma placa escrita "Jolene".

Seu corpo doía, sua cabeça latejava e sua garganta ardia devido ao tempo que passou chorando antes de dormir. Apesar de seu dia ter começado mal, ele pensou em faltar à aula, mas a ideia de ficar sozinho em casa remoendo os acontecimentos não parecia muito boa. Decidiu, então, aproveitar que tinha acordado mais cedo do que o normal, até mesmo antes de Kyungsoo, e foi ao banheiro jogar água no rosto, que sabia estar inchado.

Desceu as escadas bem devagar, para não ter risco de fazer barulho. Deu uma conferida se Kyungsoo ainda estava dormindo e quis se bater quando o fez. O amigo dormia tranquilamente, com o rosto apoiado em seu braço. Os cabelos estavam meio bagunçados, e suas bochechas estavam em um tom avermelhado por causa do calor matutino. Mas o que mais chamou a atenção do loiro foram os lábios em formato de biquinho. "Até dormindo ele é fofo, que ódio!", pensou indo em direção ao banheiro. Se não tomasse alguma atitude provavelmente ficaria apreciando o mesmo até ele acordar, e não conseguia nem imaginar como explicaria isso ao amigo.

Quando já estava dentro do banheiro, olhou seu reflexo no espelho. Estava acabado. Seu rosto estava muito inchado, e seus olhos estavam um pouco vermelhos, como suspeitava. "Como tinha acabado daquele jeito? Desde quando chorava por macho?", pensou consigo mesmo, "Desde que você se apaixonou por aquele idiota!", sua consciência respondeu.

Suspirou frustrado, reconhecendo sua situação atual: estava apaixonado por Kyungsoo. Não sabia exatamente quando aquilo começou, mas tinha certeza de que a conversa com sua avó foi o pontapé inicial. Primeiro começou a prestar mais atenção em Kyungsoo, adorando quando o moreno sorria para ele, e sempre ficava ansioso para vê-lo após a faculdade. Coisas básicas.

Mas na noite da balada, aquilo aconteceu.

Ainda não conseguia acreditar que pegou Kyungsoo no flagra o secando. Ainda não conseguia acreditar que flagrou Kyungsoo olhando para si daquela forma. Aquela não era a reação que esperava do amigo, e isso fez com que Jongin nunca mais o olhasse com o mesmo olhar de amizade. Não podia negar que adorou ficar rebolando e dançando sob o olhar atento de Kyungsoo — naquele dia, atingiu o ápice de sua autoestima. Pena que aquele olhar não durou a noite inteira. Depois que havia sorrido em sua direção, o moreno se dedicou a encher a cara. Ainda lembrava de Baekhyun reclamando de ter que carregar Kyungsoo bêbado para casa.

A partir daquela noite, admitiu para si mesmo que amava saber que Kyungsoo olhava para ele daquele jeito, tão concentrado, como se Jongin fosse seu único foco.

Pensou que até pudesse fazer aquela cena se repetir, mas a faculdade impediu novas idas na balada com os amigos. Aproveitou o tempo ocupado para tentar esquecer o moreno e acabar com aqueles sentimentos indesejados. No entanto, o afastamento só piorou as coisas, aumentando sua vontade de ficar mais perto de Kyungsoo. Estava se autodestruindo, sabia disso, mas quando sua vida acadêmica se acalmou e tentou se reaproximar, foi a vez de Kyungsoo se afastar. A rotina dos dois tinha virado um loop: de manhã, acordavam, comiam juntos, e depois Jongin ia para faculdade enquanto Kyungsoo ia para a oficina. À tarde, Jongin chegava da aula no mesmo horário que Kyungsoo chegava da oficina. Quando tinha que trabalhar no bar, Kyungsoo já começava a se aprontar imediatamente, e só voltava altas horas da noite. Nos dias em que Kyungsoo não ia para o bar, ficavam juntos em casa, mas cada um em seu canto. A convivência deles se resumia a isso, sem mais conversas até a madrugada ou noites de filmes.

No entanto, agora Jongin se arrependia de ter perguntado o motivo da mudança. Ouvir da boca de Kyungsoo que tudo aquilo era por causa de uma garota doeu. Mas descobrir que o motivo dos sorrisos constantes dele era ela foi ainda pior. Seu coração se despedaçou em mil pedaços ao ouvir aquilo, e ir dormir chorando foi a mínima expressão de sua tristeza, pois, no fundo, queria gritar de ódio. Nunca gostou tanto de alguém antes, e quando finalmente aconteceu, a pessoa era um viajante do tempo que, além disso, estava gostando de outra pessoa.

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