Um ceu cheio de estrelas

Capítulo 1

Jogar, apenas isso, jogar e nada mais, ser o melhor, conseguir entrar na liga nacional de tênis, esse era o meu sonho, desde pequeno gostei de tênis, não foi ninguém que me incentivou nem mesmo forçou, eu que cheguei à minha família e disse o que eu queria fazer, agora na reta final do colegial o que eu mais queria era seguir carreira, eu sou bom, muito bom, mas não me apresentei na liga.

– Jhonson! Chuveiro! - O treinador apontava para trás dele.
Parei um instante para enxugar o suor que escorria na minha testa, abaixei a raquete e soltei um suspiro.

– Caleb! Cuidado! - Um aluno grita da arquibancada e eu volto minha atenção para a quadra.

Lá estava a bolinha vindo à minha direção, volto a me posicionar rapidamente e rebato, faço isso com a mesma força em que a bolinha estava vindo e consigo o último ponto.
O treinador começa a apitar e todos vão para o chuveiro, sou o último a ir para o vestiário.

– Jogou bem hoje, filho! - O treinador bate no meu ombro. - Atenção é tudo.
Me considero um garoto infeliz, não me esforço para ter amigos, nem mesmo sorrir para minhas conquistas.

Chego no vestiário e todos param com os comentários e ficam me olhando. Não digo nada apenas sigo para o meu armário e pego minha toalha e a nécessaire. As pessoas voltam a conversar como se não tivesse ocorrido nada. Vou para o chuveiro e tem dois garotos saindo de lá conversando.

"Você viu aquele garoto novo?"

"Parece que ele joga também, talvez devêssemos chamá-lo para o time."

" Talvez devêssemos chamá-lo para tomar o lugar do Caleb."

Os garotos começam a rir e param quando olham para mim.

– Algum problema? - Pergunto sério e escondendo meus olhos debaixo da franja.

– Só estávamos brincando, Caleb. É que o garoto novo é realmente bom.

– Ninguém é melhor do que eu. "Ninguém vai estragar meu sonho.

– Ta. - Eles passam por mim e mais à frente voltam a rir.

Tinha essa paranoia, todo momento alguém estava falando de mim ou rindo de mim, talvez fosse egoísmo, mas eu odiava ter essa sensação, mas era o que me perseguia.
Saio do banho e volto para o vestiário, esta vazio agora, todos já tinham ido para casa, vou para a frente do espelho e retiro minha toalha, um corpo magro, quase um graveto, pele branca tal qual se encostasse em uma parede branca poderia se camuflar, só tinha músculos nos braços por causa do tênis. Eu me odiava, poderia ser melhor, mais sociável, mas estou cego pela ganância, nunca parei para pensar "e se nada desse certo, e se fosse para não ser um bom jogador?"

Suspiro alto e jogo meu emaranhado negro para trás a ponto de olhar para o teto e fitar a luz piscando.

– Com licença? - Me cubro rapidamente e olho para o final do corredor.
Havia um garoto atrás do armário laranja.

– Está a quanto tempo ai? - Pergunto amarrando a toalha envolta de minha cintura.

– Cheguei agora. - Ele sai de trás do armário. - Eu estou procurando o treinador, quero entrar para o tênis.

Não conseguia vê-lo, abri a porta do meu armário e puxei a camisa do uniforme, coloquei por cima do meu tronco, mas não fechei os botões.

– Todos já foram, o treinador é sempre o primeiro a ir embora. Tente chegar mais cedo amanhã.
Termino de pegar o que preciso e fecho a porta do armário, olho para o lado e lá está ele, dou um pulo para trás, encontro seus olhos rapidamente, castanhos claros, aparentemente maior que eu e com um corpo mais definido e músculos distribuídos, tinha cabelos negros iguais aos meus, a única diferença é que eram enrolados e maiores.