capitulo 14

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Acordei ouvindo a chuva, não estava forte, muitos menos fraca, era uma chuva que fazia barulho ao bater no vidro da janela. Abro um pouco os olhos e vejo tudo cinza, a tv estava ligada, tateio o lado direito da cama e não encontro nada, olho em volta do quarto, mas não vejo ninguém.


- Will? - Levanto da cama um pouco zonzo, coço a cabeça e tento olhar a minha volta. - Will? - Nenhuma resposta.

Pego meu celular da cabeceira, estava sem sinal, já eram dez da manhã, ainda chovia naquele fim de mundo, tiro forças para me levantar, ando pelo quarto todo chamando Will, mas nada, ele não estava mais lá, de repente meu celular apita, não sei o que aconteceu, mas o sinal tinha voltado e eu estava agradecendo internamente, chego na mesa e lá estava uma mensagem dele, ele realmente tinha ido embora.


"Caleb, eu tive que ir, minha mãe me ligou de última hora falando que era urgente, então peguei emprestado seu motorista, eu não cheguei em casa ainda, mas estou com medo, o jeito que a minha mãe falou comigo foi assustador. Me desculpe, até mais."

Olhei para o sinal que começava a ficar fraco, respondi Will e voltou para a posição que ele estava para não perder o sinal, correr para casa daquele jeito era estranho, mas como havia sido uma mensagem da mãe dele era de fato algo muito urgente, mesmo ela sabendo que estávamos no hotel. Sentei-me na cama, me peguei pensando no que eu faria para sair de lá, coloquei as calças e olhei para o relógio mais uma vez, não tinha passado nem cinco minutos e eu já estava agoniado, não sabia o que fazer e nem tinha ideia de como sairia daquele lugar sem o meu motorista e sem um carro, decidi ir ao banheiro jogar uma água no rosto para espairecer, quando fiz alguém bateu na porta do quarto, enxuguei meu rosto, olhei pelo olho mágico e a surpresa me fez derrubar a toalha do chão e sem pensar duas vezes abri a porta, pois não podia acreditar no que meu olhos estavam enxergando.


- Você!? O que faz aqui?

Engasgo ao encarar a figura morena de terno e gravata com os cabelos molhados de gel penteados para trás, Matheo em toda sua majestade olha sério para mim como uma águia prestes a atacar quem se atrevesse a olha-lo diretamente nos olhos. Quando o vi na porta pude entender um pouco o que estava escrito na carta do meu pai, talvez Matheo fosse um perigo ou uma ajuda necessária, mas ainda não conseguia encarar o fato de que ele ainda era o cara que estudava comigo e que fazia de tudo para a minha vida ser um inferno na escola.


- Vim te buscar. Sou responsável por você a partir de hoje. - Ele passa por mim e começa a olhar tudo em volta do quarto como se tivesse algo ou alguém escondido ali.


- Você só pode estar brincando. - Mantenho a porta aberta e ele continua sua busca, quando tem certeza que estamos sozinhos ele para na minha frente.


- Olha não sei você, mas eu li a carta do seu pai e você também deve ter lido e entendeu que quando ele deixou bem claro que as coisas mudariam quando ele morresse, ele não estava brincando.

- Quer dizer que ele te contratou para ser meu guarda costas? - Arqueei uma das sobrancelhas e não pude esconder meu tom de deboche, ele tinha a minha idade, não podia fazer nada a respeito.


- Ele viu que sou a única pessoa forte e que pode ficar perto de você sem dar pinta, se alguém chegar perto, aniquilo, essas são as palavras do seu pai.

Ele tira uma carta do bolso e me mostra que tudo o que estava me passando também estava na carta. Olho para a carta e depois para ele e uma enxurrada de memórias me atingiu, Matheo, aquele Matheo, o mesmo que me odiava e que perdia sempre no tênis para mim, o cara com quem eu briguei na balada agora era meu guarda costas. Os questionamentos tomaram conta de mim, eu não conseguia lidar com todas aquelas perguntas e algo dentro de mim apitava e dizia que ninguém me daria as respostas que eu precisava no momento e ao mesmo tempo eu gostaria de perguntar, porque ainda tinha esperança de que algo fosse diferente. Dobrei a carta, joguei em cima da cama e comecei a vasculhar meu quarto, olhei no armário, embaixo da cama, nem eu mesmo sabia o que estava procurando, mas o meu corpo precisava se mexer para que as perguntas na minha cabeça parasse por um momento, eu precisava raciocinar, respirei fundo, fechei os olhos e consegui dizer a primeira coisa que veio na minha cabeça.

Um ceu cheio de estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora