Capítulo 7

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- Will... Por favor, abra a porta. - Bato três vezes e espero sua resposta apoiando minha testa no batente da porta, já tinha repetido aquilo umas seis vezes e nada de Will. - Há um mês não nos falamos, quero conversar com você. 

De hoje não passaria, eu poderia ficar acampado ali até ele ir me ver, me ouvir, eu precisava falar com ele, precisava dele comigo e ve-lo chorar fez meu coração se partir ainda mais. Continuo batendo na porta de madeira, parecia que minhas batidas não fazia som algum, lembro-me do celular, mas ele não tinha mais bateria, poderia tentar ligar, mas sem chance. 


- Caleb? - Olho para trás e vejo a mulher de cabelos negros e encaracolados, era a mãe dele, ela estava com algumas sacolas na mão e eu não me demora a pegar algumas para ajuda-la.


- Dona Lídia que bom revê-la. - Ela dá um sorriso cansado depois volta a ficar séria.


- O que aconteceu? - Ela começa a revirar a bolsa a procura da chave dentro de sua bolsa. 


- É isso que eu quero saber, ele não fala mais comigo e está com uma amizade que não é lá essas coisas.


- Ah. - Ela revira os olhos. -  Um tal de Marini, Mateo Marini. - Faço que sim com a cabeça. - Não gosto dele, desde que ele veio aqui em casa o Will não foi mais o mesmo, ele não sorri mais e só briga comigo.

Então quer dizer que ele não estava sorrindo, ele definitivamente estava sofrendo e eu era o culpado daquilo, eu o machuquei assim como ele me machucou, talvez hoje eu tenha pego o que ele deve estar fazendo todos os dias "Ah Will, eu sinto muito". Eu definitivamente me odiava agora, eu me odiava ainda mais, eu era um ser desprezivel  e merecia ser ignorado daquela forma, eu merecia um soco no meio da cara, merecia um nariz quebrado, um braço quebrado foda-se o tenis, foda-se meu futuro eu consegui machucar a pessoa que naquele momento era a mais importante para mim, eu fiz merda. 


- Eu não sabia. - Olho para a porta, eu precisava falar com ele. - A senhora permite que eu entre para conversar com ele? - Ela apenas abre a porta, levamos as coisas para a cozinha, agradeço que ela tenha me deixado entrar e eu vou para o quarto de Will.


Subi correndo as escadas enquanto ouço a mãe dele anunciar que estava em casa, esquecendo de pronunciar meu nome, vejo a porta do seu quarto, ando devagar até ela, vejo que está apenas encostada, agradeço por não tê-la fechado. Empurro a porta devagar e o encontro sentado no chão jogando vídeo game, hora ou outra limpava as lágrimas que escorriam, descontava toda sua raiva no jogo, comecei a me aproximar devagar, ele nem notou que eu estava no quarto, chego ao seu lado e me sento. Will olho de relance depois me olha assustado indo para longe.


- Como ? - A mãe dele grita lá debaixo se íamos jantar. Ele abaixa a cabeça e a apoia nas mãos. - Caleb, eu não quero falar.


- Não precisa falar. - Pego o controle e espero que ele volte para jogar comigo. - Só vim fazer companhia. Afinal somos amigos. - Aquela palavra machucava demais, mas acho que naquele momento era o que tinha acontecido, eu só precisava de sua confiança, se eu pudesse ser uma rocha para ele se apoiar eu seria, eu seria tudo para ele.


Ele se surpreende ao ouvir aquilo e bem devagar como um animal selvagem ele se aproxima de mim, ainda com medo e com receio. Quando chega bem perto sei que já está mais confiante. Will estava com os cabelos úmidos, ele tinha tomado banho, será que estava no banheiro quando entrei? Não tinha ouvido nada, achei que estava sozinho, mas talvez ele estivesse lá também.  Fico olhando para ele, ele estava mais magro, tinha perdido um pouco daquela grandeza, eu parecia esta maior que ele, não parecia o Will de antes, eu realmente fiz uma merda enorme com ele e quem sofreu mais foi ele, eu sou um idiota mesmo. 

Um ceu cheio de estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora