Capítulo 21

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Will

Tudo está escuro, ouço apenas o barulho da minha respiração e o cano das
armas encostando em minha cabeça, fecho meus olhos com mais força, mas toda a
minha concentração se esvai quando ouço um tossido de longe, volto a abrir meus
olhos, o corpo caído a nossa frente começa a se mexer, a força de todo o meu
corpo acaba ali mesmo, Matheo e os outros me soltam e correm ate Caleb, ele
estava vivo. Matheo foi o primeiro a chegar, toda aquela cena seguia em câmera
lenta, minha mente estava demorando para entender que eu havia errado o tiro,
eu deixei a droga da arma no meio da cabeça dele, enquando o ajudam a levantar há
um furo em sua cabeça, estava sangrando, mas era um machucado apenas, não um
buraco de bala, de repente a raiva me consome e me coloco de pé.


-Você me enganou! - Grito e um guarda me segura, Matheo se vira, sua
face era a do próprio demônio.


-Você ainda esta pedindo pelo meu pior Will, é bom que você fique sentado
de boca fechada ou eu mesmo vou arrancar a sua língua. - Caio no chão mais uma
vez e olho Caleb, ele não olha para mim, estava olhando para o chão com
dificuldade para respirar.


-Você me enganou Caleb! Ou você me enganou ou é um filho da mãe sortudo
pra cacete! - Falo enquanto ele passa por mim, continuo seguindo seus passos
até que chegam na porta e Caleb para, ainda apoiado em Matheo ele se vira e um
sorriso nasce em seu rosto.


-Achou mesmo que eu seria tão idiota a ponto de dar uma arma carregada na
sua mão? - Ele solta um riso de deboche. - Eu queria provar que eu estava
errado, que você poderia mudar, que você não ia atirar. - Desvio a atenção
para Matheo, ele estava me fuzilando com os olhos, aquele olhar me fez tremer.


- Mas você provou na frente de todos que se alguém entregar uma arma na sua mão
serei o primeiro em quem você vai atirar. - Ele se solta de Matheo que continua
cauteloso com seus movimentos e abre os braços e sorri, após essa insanidade
ele volta a se segurar em Matheo. - Divirtam-se crianças! - Ele grita.


-FAÇAM O QUE EU FARIA! - Matheo grita, eu sinto toda a raiva na força que
ele coloca na garganta.


E mais uma vez estava ali sozinho, abaixo minha cabeça, vejo os homens
se aproximando, eu sabia que o que tinha feito era errado, mas senti tanto peso
em minha mão que era como se eu tivesse que fazer o que eu fiz, eu tinha que
fazer, mas por que eu tinha que fazer? Carrego esse peso há cinco anos e no
momento em que a arma disparou eu senti a leveza, mas logo me veio à culpa,
culpa por tê-lo matado, não queria que aquelas fossem minhas mãos, mas a sensação de liberdade foi vaga, foi calor do momento até entender que eu estava errado a respeito de tudo e as únicas pessoas culpadas pela minha situação foram aquelas que criaram a maquina de hoje, a máquina de matar, eu mesmo, Will. Eu merecia tudo aquilo e muito mais, mas Caleb não merecia nada do que eu estava fazendo.


-Que tipo de cretino eu me tornei? - Sussurro enquanto sinto meu cabelo
ser puxado e um soco aplicado em meu queixo.


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Caleb

-Droga Caleb, que ideia foi essa? - Matheo me coloca sentando em um sofá,a minha testa estava doendo demais, mas eu não queria me entregar, estava com muita raiva daquele desgraçado.


-O filho da puta atirou! - Digo desacreditado.


-É claro que ele atirou, você deu uma arma na mão dele! - Ele puxa um kit
de primeiro socorros, pega um algodão e um remédio, despeja no algodão e coloca
direto na minha cabeça.

Um ceu cheio de estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora