Capítulo 4

28 2 0
                                    


Sinto vontade de fazer algo mais com Will, aquilo tinha sido uma quebra de comportamento o tênis era importante sim assim como a minha promessa.


- Caleb. Pode me soltar?

Percebo que estou apertando o colarinho de sua camiseta, logo o solto e deixo que seus pés toquem o chão, não posso levar tudo isso a sério, mas uma promessa, a promessa que fiz a ela era mais importante que qualquer coisa e zombar dela seria um insulto.


- Você me insultou. - Sussurro.


Ouço uma fungada, olho para Will, ele estava chorando, realmente sou puro gelo, uma pedra ambulante.


- Sinto muito, eu estava tentando ser seu amigo te conhecer melhor, mas você fica trancado nesse seu mundo, por isso magoa as pessoas.


- Tem razão. - Gesticulo para o alto depois bato minhas mãos nas pernas. - Eu sou uma pedra. Você tem que entender que a vida não é tão fácil assim, você não pode chegar e mudar as pessoas.


Ouço suas tentativas falhas de segurar o choro, me sinto um imbecil, mas não mudaria tão cedo, não por ele, nem por ninguém mais. Chega de promessas.

- Então é assim, prefere ficar sem amigos.- Faço que sim com a cabeça. - Posso fazer outros amigos então? - Ele levanta uma sobrancelha e cruza os braços, eu apenas concordo que sim. - Posso levá-los em casa para jogar vídeo game?


O encaro sério, começo a imaginar garotos indo na casa de Will para jogar vídeo game, jogar aquele tipo de vídeo game, o nosso vídeo game. Sinto minha cabeça fritar não queria imaginar aquilo, mas era maior do que eu, fecho os olhos com força e faço que sim com a cabeça mesmo não querendo, aquilo era torturante.


- Ótimo. Vou levar um amigo da sala hoje lá em casa.


Puta merda! Por que ele estava dizendo aquilo? Que merda eu não queria saber, aliás queria, mas não, mas sim. Aquilo estava me matando, o que ele estava fazendo?


- Pois bem, eu vou ao médico. - Vou até o armário e pego minha mochila e passo por ele, sinto sua mão segurar meu braço.


- O que houve? - Sua voz engrossa.


Engulo a seco, aquele toque me causava efeitos Will, aquele efeito que me fazia querer ficar com ele e nunca mais largar. Fico o encarando por um tempo, mas acabo me dando conta que era tempo demais e poderia terminar beijando ele, limpo minha garganta.


- Só estou com o ombro luxado. - Ele repete o mesmo jeito, nossos olhares um para o outro traziam uma energia diferente.

Tento ir, mas ele continua me segurando, de alguma maneira ele também não quer me soltar, como um ímã, uma força magnética nos mantém grudado um no outro soltando uma atração descomunal.


- Quer ajuda? Quer que eu cuide ou coloque um gelo? - Solto um sorriso e olho para o garoto de cabelos negros e cabeça baixa.


- Só se você tiver gelo naquela sua bolsinha de primeiros socorros. - Ele solta uma risada e deixa meu braço livre. - Bom, então te vejo amanhã.


Sinto o lugar onde ele tocou quente, mas já estava começando a esfriar, não queria que esfriasse, queria mais de seu toque, queria tocá-lo também, seguro um leve impulso que dou, como se eu não tivesse controle sobre mim quando estou com ele.


- Ate amanhã, espero que goste do seu novo amigo, espero que ele saiba jogar melhor que eu. - Coloco a mão em sua cabeça e bagunço seus cabelos.


- Duvido muito.


Começo a andar, eu precisava sair dali, precisava deixá-lo, aquilo foi ainda pior do que a hora do almoço, sensação de que eu nunca mais o veria. Eu iria perder ele naquele dia para um imbecil que esta indo jogar vídeo game com ele. Aperto o passo e aperto minhas mãos em forma de punho, os pensamentos passando na minha cabeça, poderia matar um de tantos horrores que imaginava.

Um ceu cheio de estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora